Capítulo XXXIII

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Capitulo XXXIII


Max

-Meninos acho que está na hora de voltarmos pra casa.

O dois vieram correndo na minha direção. Estavam brincando na beira do mar, ainda bem que não inventaram de entrar. A água estava gelada. Eu fiquei sentado na areia olhando os meninos correndo, em nenhum momento do feriado eu vi o Rafael triste e isso me fazia bem. Durante o fim de semana eu fiquei observando ele com mais atenção. Ele era um menino extremamente educado. Mas por que eu não gostava disso? Não era nada errado na verdade, era a forma dele ser educado que me deixava com uma pulga atrás da orelha.

Estava tudo muito certo...tudo certo demais. As crianças não eram assim. Parecia que aquele menino tão novo interpretava um papel. Acho que era isso que me incomodava, ele parecia um ator mostrando o que a plateia queria ver. Aos poucos ele foi se soltando, mas mesmo assim quando ele notava que tinha falado demais ou que fugia de alguma regra ele parava novamente de ser espontâneo e voltava ao papel. Durante todo o primeiro dia foi assim. Eu forcei ele a fugir desse papel. Eu desarrumava o cabelo dele, fazia ele usar as roupas de uma forma bagunçada, andar de pés descalços na areia. Num primeiro momento ele sempre falava.

A mãe não quer, ou a mãe não gosta....

Eu sabia que ele era muito educado e sabia que não podia desrespeitar as regras e normas da mãe. Mas que merda ele não era um robô, ele era uma criança. Eles se atiraram do meu lado na areia. Fiquei conversando com os dois sentados ao meu lado enquanto o sol desaparecia.

-Então meninos amanha voltamos cedo pra casa o feriado esta acabando. -o Bruno segurou meu braço. -

-Pai Max não dá pra gente ir mais tarde. Podíamos aproveitar mais um dia. - Eu imaginava que ele ia pedir pra ficarmos mais. Os dias estavam lindos e os dois se davam muito bem. -

-Não sei Bruno. Teu pai quer voltar logo. Disse que a semana ia ser corrida, e eu falei pra mãe do Rafael que levava ele cedo da tarde.

-A mãe não se importa seu Max. -O Rafael falou e eu fiquei olhando pra ele.

-Tem certeza??

-Sim seu Max. Hoje é domingo, ela vai sair com as amigas e volta tarde. Amanha vai dormir até a hora do almoço e provavelmente nem vai notar que eu não to e...

O menino continuou a falar sobre as coisas que ele fazia as tardes quando não tinha aula. Sempre sozinho. Sem perceber ele me dava muitas informações sobre a vida dele e eu não estava gostando nada do que eu estava ouvindo. Eu precisava me controlar. Pensei no vô. O que ele faria nessa situação?

"Max a primeira coisa é entender o que esta acontecendo, pensar no que fazer, e depois fazer. Ver algo errado e não fazer nada é concordar com o erro. E eu não te criei pra isso Max."

Deus que saudade senti as lagrimas chegando nos meus olhos. Respirei fundo. Mesmo depois de tanto tempo ele ainda me aconselhava, as coisas que ele falava e eu não entendia na época voltavam a minha cabeça e hoje me orientavam. Vô obrigado por tudo.

-Então que sabe fazemos assim. Quando chegarmos em casa eu ligo pra tua mãe Rafael e combino de irmos mais tarde para vocês aproveitarem um pouco mais o dia.

- Obrigado pai. -O Bruno se atirou no meu pescoço e para minha alegria o Rafael fez o mesmo.–

-Então estão se divertindo?? Está esfriando trouxe uns agasalhos. -ouvi a voz do Nicolas atrás de nós. Os meninos olharam pra ele. -O Nicolas se abaixou e colocou uma manta em cima de mim e entregou uma para cada menino. -eles se enrolaram e só se enxergava os rosto dos dois. -

Antes de tudo.Where stories live. Discover now