18_ Deixa a Alice em paz.

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Eu li as primeiras mensagens e me surpreendi por Sara me conhecer tão bem. Ela de fato conversou com Alice do jeito que eu falaria.

Alice não falava muito no começo, Sara quem puxou a maioria dos assuntos.

- Miguel? Miguel! - Ouvi o professor me chamar e rapidamente me levantei. Não sabia ao certo quantas vezes ele havia me chamado, mas eu não havia o escutado,  estava ocupado demais com as mensagens.

- Sim senhor. - Respondi me pondo de pé.

- O que ta fazendo aqui dentro ainda?? Ta todo mundo no campo, garoto! - Ele falou nervoso.

- Desculpa, eu... - Ele me apontou la pra fora. Eu rapidamente entendi o recado, guardei o celular no meu armário junto com a minha mochila e sai do vestiário já vestido.

Durante o jogo eu não consegui me concentrar. Eu nunca tive problema com isso, geralmente era no campo que eu esquecia dos meus problemas... mas naquele dia não foi assim.

Eu errei praticamente tudo. Fui tirado de campo na metade do primeiro tempo pelo professor e passei todo o resto do jogo no banco. 

Nada conseguia tirar Alice da minha cabeça. Eu me perguntava se era apenas pena o que eu sentia.

Quando o jogo acabou, a maioria dos caras  ficaram me perguntando e até me zuando por eu estar distraído. Chegaram a dizer que eu estava apaixonado. Coisa que estava fora de questão.

Eu teria mais uma aula teórica naquele dia. Aula que eu também não consegui me concentrar. Eu tentei, mas quando vi, já estava com o celular de Sara nas mãos lendo as mensagens novamente.

Através daquilo eu senti que estava conhecendo Alice. Como eu imaginei, ela era meiga. Era doce. Tinha uma visão das coisas que me encantava.

Eu jamais imaginaria que Alice fosse sozinha no mundo. Não imagino o quanto ela sofreu, mas a mesma estava sempre com um sorriso simpático no rosto.

Eu olhei pela janela da sala vendo a quadra que eu costumo jogar bola depois da aula e só ai me lembrei que Alice costumava estar sentada na arquibancada assistindo.

Será que ela ficava ali pra me ver? Ta, eu não preciso me fazer de lerdo. Tem 90% de chances de ser por isso.

Eu só queria... poder ter impedido isso.

[...]

  Estava saindo do ônibus para ir para meu apartamento quando Maria me alcançou.

- Miguel? Miguel, posso falar com você? - Ela chamou minha atenção me fazendo parar de andar.

- Oi. Pode. - Assenti tirando um lado de meu fone e dando pause na música.

- É com relação a Alice. - Ela falou seriamente. - Como você ta se sentindo com relação a isso?

- Péssimo. - A encarei.

- Eu não sei se o melhor a fazer agora é se aproximar da Alice. - Fiquei confuso com sua fala. - Eu sei que você deve estar confuso com o que está sentindo, mas você está apenas com pena dela. Deve estar se sentindo culpado. Mas Alice gosta de você. Se você demonstrar algum afeto que não vai poder devolver como sentimento, apenas vai iludi-la mais. E eu não quero que ela sofra mais.

- O que eu devo fazer então?

- Deixa ela ter o tempo dela. Em outras palavras... deixe-a em paz. - Maria falou num tom triste e depois foi andando em direção ao apartamento de Alice.

Eu entendia. Entendia que Alice havia sofrido e que minha presença só causaria ainda mais. Eu não posso corresponder os seus sentimentos, então o melhor a fazer é a deixar em paz.

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