56_ FIM!

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Fazem 3 dias que a minha avó acordou e está bem melhor do que antes. De fato, todos dizem que foi praticamente um milagre ela ter sobrevivido.

Hoje ela teve alta do hospital e eu, Miguel e Maria a trouxemos de volta para seu apartamento.

Acreditem ou não, a primeira coisa que ela fez foi verificar se suas plantas estavam bem cuidadas. E estavam, eu não deixei de rega-las um dia sequer.

- Nossa Alice, está tudo tão limpinho. Você deve ter tido muito trabalho cuidando do meu apartamento e do seu. - Ela falou assim que entramos em seu apartamento.

- Eu fui a que mais limpei. - Maria falou convencida e eu olhei pra cara dela.

Nos ultimos dias Maria lavava um prato e a mão praticamente caía.

- É... com certeza. - Ironizei e Maria me mandou língua.

- Eu nunca vou ter como te agradecer, querida. - Minha avó falou se sentando em sua cama.

- Não tem que me agradecer, quem me acolheu foi a senhora. - Sorri para ela. - Eu é que estou agradecendo.

Nós a ajudamos a deitar na cama, mesmo contra a vontade dela, até porque a mesma não aguentava mais ficar deitada sobre uma cama. Mas o doutor me fes prometer que ela permaneceria em repouso.

- Pode pegar minhas meias pra mim, Alice? Acho que está na varanda. - Ela pediu.

- Ok. - Eu saí do quarto estranhando a existência de uma varanda ali, eu nunca tinha notado.

Andei pelo apartamento até notar uma porta na cozinha e a abri vendo que era mesmo uma varanda. Não era muito grande, mas tinha uma janela de vidro enorme com vista para o centro da cidade.

- Uau. - Falei para mim mesma. Como eu não havia notado aquilo ainda??

- Amor? - Ouvi Miguel e olhei na direção da porta onde o mesmo estava olhando pra mim.

- Por que meu apartamento não tem isso? - Ele perguntou cruzando os braços me fazendo rir.

- O meu também não tem. - Sorri olhando para a janela novamente e ele caminhou devagar até mim e me abraçou por trás tocando meu ombro com seu rosto.

- Como você ta em, minha linda? - Ele perguntou me fazendo suspirar.

- Eu não sei direito. Por um lado, estar com a minha avó, conhecer o Josef que foi alguém muito importante para minha mãe e finalmente descobrir quem eu sou de verdade me deixa muito feliz. Mas por outro... saber o quanto a minha mãe sofreu, o quanto minha avó sofreu e o quanto meu pai biológico era um babaca, meio que anula um pouco dessa felicidade.

- Não pense dessa forma, minha princesa. - Miguel me fez virar pra ele e segurou minha cintura. - Não deixe com que as coisas que aconteceram no passado afetem o seu presente. Poxa, sua vó está viva! Isso não é bom?

- É incrível. - Sorri pra ele.

- Pois então, não pense desse jeito. Aproveita o agora. - Ele me abraçou e me deu um beijo na cabeça em seguida.

- Você tem razão. Eu... eu to realizando o meu sonho de fazer psicologia, tenho a minha melhor amiga ao meu lado, tenho a minha avó, tenho o doutor Josef e tenho o melhor namorado que uma garota podia ter. O que mais eu posso pedir? - Miguel sorriu pra mim.

- Eu te amo, minha linda. E quero ter você do meu lado pro resto da minha vida.

- Eu também te amo, Miguel. E nada me faria mais feliz do que dividir minha vida com você. - Sorri pra ele e nós nos beijamos expressando através daquele beijo tudo o que sentíamos.

- Ah tinha que ser! - Nos separamos quando ouvimos Maria na porta da varanda. - Eu e a Clara estamos esperando a bendita meia e o casalzinho ta se pegando.

Ela falou nos fazendo rir e em seguida foi até um pequeno varal que tinha ali e pegou um par de meias brancas que ali estava.

Eu e Miguel rimos e a seguimos lá pra dentro onde minha vó estava deitada na cama olhando as fotos da minha mãe.

- Podemos pendura-las? A senhora tem tantos porta retratos vazios. - Perguntei me aproximando dela e ela sorriu.

- É claro, querida. - Ela me estendeu as fotos e eu as olhei com um sorriso.

- Me ajudam? - Perguntei olhando para Miguel e Maria que assentiram.

Eles me ajudaram a colocar as fotos de minha mão nas molduras e a pendura-las pelo apartamento da minha avó.

Uma delas eu guardei pra mim. A mesma foto em preto branco que eu havia visto assim que abri aquela caixa. Eu precisava te-la comigo.

- Coloque umas suas também querida. - Minha vó falou me fazendo olha-la. - Seria bom se fosse uma de vocês três juntos.

- Ah... - Maria saiu correndo do quarto e voltou uns segundos depois segurando sua mochila. De dentro dela ela tirou uma câmera polaroid. - Eu usei para um trabalho. Vai ser uma foto pequena mas já é melhor do que nada.

Maria posicionou a câmera em cima de uma mesinha e todos nós nos sentamos na cama da minha avó para que ela também saísse na foto.

Batemos a foto e Miguel a pendurou perto de uma da minha mãe.

Estávamos conversando ali no quarto quando eu parei, olhei pra eles e por um momento me senti grata por cada um. Sem eles, minha vida não seria a mesma coisa.

[...]

Eram mais ou menos 18h da tarde agora.

Estava prestes a anoitecer e eu estava no cemitério.

Era a primeira vez que eu me colocava a frente do túmulo da minha mãe onde tinha uma pequena foto dela.

Ela era tão linda. Eu não consegui segurar uma lágrima quando toquei em sua foto.

No portão do cemitério estava Miguel e Josef. Josef havia me trago e Miguel quis me acompanhar. Mas ambos sabiam que eu precisava daquele momento a sós.

- Mãe... eu... eu não pude te conhecer. Te tocar. Abraçar. Beijar. Acariciar. Mas... eu nunca irei me esquecer da senhora. Minha vida inteira eu sonhei em te conhecer, saber o seu nome, saber o que havia acontecido, como a senhora era, do que gostava, do que não gostava. E... graças à suas cartas, eu meio que sei um pouco. É difícil pra mim estar aqui e ter que dizer essas coisas, mas eu te amo mesmo nunca tendo te conhecido e sempre vou te guardar no meu coração. Cuidarei da vovó e prometo ser a melhor versão de mim. Nunca vou desistir dos meus sonhos e vou batalhar para ajudar crianças e jovens que passaram ou passam pelo mesmo que eu. - Olhei para o portão vendo Josef olhando pro céu encostado na parede e Miguel olhando pra mim com as mãos no bolso da calça. - A vida me tirou você, mas me deu pessoas mais que especiais. E eu prometo ama-las e cuidar bem delas. Eu te amo, mãe.

Deixei as flores que eu segurava ali e corri para onde eles estavam pulando nos braços de Miguel.

Eu precisava falar aquelas coisas, e falar tudo aquilo me fez um bem incrível.

- Você ta bem? - Miguel segurou meu rosto secando minhas lágrimas.

- Estou. - Sorri pra ele ainda com o rosto meio molhado. - Eu estou muito bem e grande parte disso é por sua causa.

- Se soubesse o quanto VOCÊ me faz bem. - Ele sorriu apertando o meu nariz.

- Podemos ir? - Josef perguntou com um sorriso.

Eu assenti e logo entramos no carro dele.

Eu e Miguel nos sentamos no banco de trás e eu olhei pela janela com um sorriso sentindo uma enorme paz dentro de mim.

Acho que... se eu pudesse passar apenas uma mensagem para todas as pessoas do mundo, seria:

Nunca desistam, vocês tem um grande potencial e não são os problemas que vão te impedir de serem as melhores versões de vocês mesmos.
- Alice Dias

FIM!!!

O Garoto Das MensagensOnde as histórias ganham vida. Descobre agora