47_ Eu não sei quem é Roseta!

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Naquele momento eu sorri feito boba.

Eu não só estava feliz, como também estava grata. Miguel de fato me completava e eu não podia ter alguém melhor do meu lado.

Eu peguei a vassoura e voltei ao quarto da dona Clara para tirar a teia de aranha que tanto a irritava.

- Alice? - A mesma me chamou num tom sério. - Senta aqui, quero falar com você.

Eu estranhei o modo como ela mudou de expressão rápido e caminhei até sua cama, depois de tirar a teia.

Me sentei em sua cama e a mesma me encarou. 

- Alice, você não precisa ficar aqui comigo sempre. Eu posso me cuidar. Você é uma garota que está sempre estudando, poderia estar com o namorado.  Não quero que perca tempo aqui comigo. Eu estou bem.

- Não é nenhuma perda de tempo cuidar da senhora, dona Clara. - Sorri. - A senhora já fez tanto por mim, nada mais justo do que retribuir.

- Você é muito preciosa, Roseta. - Ela falou com um sorriso e eu a olhei confusa.

Roseta??

Dona Clara parou de sorrir quando percebeu o que havia dito e olhou de um lado para o outro.

- Quem é Roseta? - Deixei a pergunta escapar e ela olhou pra mim parecendo meio assustada.

- Eu não... eu não sei. - Ela falou confusa. - Eu não sei! - A mesma se alterou.

- Ei, tudo bem, tudo bem. - Segurei suas mãos tentando fazê-la se acalmar.

- Eu não sei quem é Roseta, Alice. - Ela falou e sua voz começou a falhar. - Eu não me lembro. - Seus olhos marejaram e eu a olhei preocupada.

- Se acalma. Ta tudo bem. - Tentei acalma-la e a pedi para que respirasse fundo.

Eu fiquei extremamente confusa com aquela situação. Ela havia me chamado de Roseta e depois se alterou. Ficou assustada e quase chorou.

Minha curiosidade foi maior do que eu quando eu olhei para o chão. Aquela caixa que estava com o nome Roseta escrito não me saía da cabeça.

Mas eu não seria capaz de algo assim. Por mais que eu estivesse preocupada e querendo muito descobrir quem ou o que era Roseta, eu não podia invadir a privacidade da dona Clara desse jeito.

Eu decidi que continuaria cuidando dela durante o dia e amanhã iria falar com o Dr. Josef sobre isso. Talvez ele saiba de algo.

- A senhora precisa de algo? - Perguntei quando vi que a mesma estava mais calma.

- Não, querida. Acho que só vou descansar um pouco. - Ela se deitou.

Eu sai de seu quarto ainda morrendo de curiosidade e preocupação ao mesmo tempo. Eu queria poder ajuda-la, mas não poderia fazer nada sem antes saber ou entender algo.

Eu arrumei sua cozinha e passei o resto do dia com a mesma.

Quando a noite chegou, eu fiz o jantar e deixei tudo pronto pra ela para que a mesma não precisasse fazer esforço algum.

Antes de sair de lá, ela me fez prometer que molharia suas plantinhas na portaria.

Eu assenti e sai de lá indo para meu apartamento.

Assim que coloquei os pés no meu apartamento,e encostei na porta e respirei fundo. Eu estava me sentindo cansada, mas o que me abalava mais naquele momento era a curiosidade.

O nome Roseta não saía da minha cabeça e eu sentia que iria morrer antes que chegasse amanhã.

Uma mensagem no meu celular me fez voltar a mim.

Miguel- Amor? Ainda está com a dona Clara? Eu fiz o jantar.

Eu sorri com aquela mensagem e percebi como Miguel conseguia me fazer esquecer, nem que fosse por uns segundos, todos os problemas que me rodeavam.

Tudo com uma simples mensagem.

Alice- Já estou indo, acabei de deixar a dona Clara, ela acabou de ir dormir.

Miguel- Ok, vou ver se está passando algum filme legal.

Alice- Ta bom amor.

Eu apaguei a tela do meu celular e sai de perto da porta.

Como havia feito ontem, eu tomei um banho colocando uma roupa mais confortável, peguei todo o material que eu precisaria para a faculdade e antes de sair, me lembrei daquele pote de Nutella com Ovomaltine que até hoje eu não havia terminado de comer.

Ele não estaria estragado, faz só alguns dias e estava fechado na geladeira.

Eu o peguei na cozinha e coloquei dentro da minha mochila junto com uma garrafinha de água. Fechei o apartamento e e desci as escadas.

Antes de ir para o apartamento do Miguel, como eu havia prometido a dona Clara, reguei as plantinhas dela com a água daquela garrafa e logo depois fui para o prédio de Miguel.

Eu subi até seu apartamento e bati na porta algumas vezes. Miguel logo a abriu vestindo apenas uma bermuda e me puxou para dentro. Sim, ele nem ao menos disse nada, ele só puxou o meu braço para dentro e assim que entrei ele me beijou.

Eu soltei a mochila que estava segurando e direcionei meus braços para seus ombros, assim rodeando seu pescoço com minhas mãos.

Quando nos separamos Miguel sorriu pra mim.

- Eu estava com saudades. - Ele falou e me deu mais um selinho depois.

- Eu também. - Sorri mostrando os dentes. - O que você estava fazendo?

Me separei dele e peguei minha mochila novamente.

- Procurando um filme. Mas só achei um, não sei se gosta. - Ele se sentou no sofá e começou a mexer no controle da televisão.

- Qual? - Coloquei minha mochila na beirada do sofá e me sentei ao lado dele.

- Tal de Moana. - Ele falou me fazendo sorrir no mesmo instante.

- Ta brincando? Eu amo Moana! Não consigo assistir sem lembrar da Any. - Sorri empolgada.

- Então você gosta de filmes de animação? - Ele sorriu encostando as costas no sofá.

- Eu adoro! Acho que os meus favoritos, tirando Barbie, são A era do gelo, Shrek e Enrolados.

- Ah eu gosto bastante também. Aprendi a gostar com a Duda, já que eu queria ver televisão mas ela não deixava porque queria ver esses filmes. - Ele revirou os olhos e eu o olhei sorrindo. - O que foi?

- Eu estava pesando em você enquanto estava lá, sabia? Pensando no quanto você é incrível pra mim e no quanto eu quero te ter do meu lado pro resto da minha vida. - Eu sorri feito boba e Miguel aproximou-se de mim segurando o meu rosto.

- Eu te amo, Alice. Mais do que posso contar. - Ele falou calmamente e em seguida me beijou. Um beijo que nos conectou e que me fez ter mais certeza ainda de que o queria para a vida toda.

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Continua...

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