25_ Te pego as 20h.

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- O que você disse? - Vitor me encarou.

- Acho que você entendeu bem. - O olhei. Eu conhecia Vitor. Ele não estava gostando da Alice, só queria ter mais uma pra dizer que " pegou ". Eu não deixaria que ele fizesse isso com a Alice.

O mesmo não disse nada, apenas me ignorou e quando o ônibus chegou, ele caminhou até ele.

- Eu perdi alguma coisa? - Maria olhou para mim e para Alice.

- Miguel me disse ontem que Vitor apenas se aproximou de mim porque apostou com os amigos dele. - Alice respondeu e Maria arregalou os olhos.

- Aquele... - Ela mordeu a língua. - Filho da mãe! - Maria demonstrou ficar super irritada com aquilo. - Foi por isso que ele chegou do nada em cima da Alice essa semana.

- Esse é um dos motivos por eu ter dito a você que não queria ir na festa dele hoje. - Alice a olhou.

- Eu entendo. - Eu percebia o quanto Maria queria que Alice fosse a uma festa com ela. Ela sempre falava da Alice nas festas que ia e agora parecia extremamente chateada. - Eu contei pra todo mundo lá em casa que finalmente tinha te convencido a ir numa festa comigo.

- Não fica assim, Maria. - Alice segurou o braço dela com um sorriso.

- Ta, mas vou almoçar na sua casa hoje. - Maria sorriu também e as duas acabaram rindo.

O pessoal estava entrando no ônibus, então eu entrei também. Sentei em um dos bancos perto da janela e coloquei a mochila em meu colo.

Tirei meus fones de dentro dela e os coloquei. Estava escolhendo uma música quando Alice e Maria entraram no ônibus.

Minha atenção foi totalmente direcionada em Alice que parecia tirar algo de seu cabelo.

Quando elas passaram por mim, Maria empurrou Alice a fazendo cair sobre o banco ao meu lado.

A mesma acabou tropeçando, o que a fez parar com o rosto bem, bem, beeem perto do meu.

Na hora eu não soube o que fazer. Não sabia se ria pra amenizar a situação, se apenas sorria pra ela ou se a beijava. E acredite, a terceira opção era o que eu mais queria.

Alice estava tão perto que eu podia sentir o seu cheiro. O seu cheiro doce e inconfundível que eu havia sentido no dia em que te abracei no apartamento dela.

O seu rosto começou a corar quando meu olhar se dirigiu para sua boca. Aquilo me fez sorrir automaticamente, o que a fez tomar uma atitude e sair de cima de mim.

Ela se sentou direito na poltrona ao meu lado e olhou de cara feia para Maria que apenas sorriu debochada e seguiu para o fundo do ônibus.

- Isso foi... constrangedor. - Alice falou sorrindo sem jeito.

- Eu gostei. - Dei de ombros com um sorriso e a mesma corou mais. Eu amava quando ela corava, mas nem sabia porquê.

O ônibus deu partida e eu voltei a procurar a música no meu celular.

- Miguel? - Alice me chamou me fazendo olhar pra ela. - Posso fazer uma pergunta?

- Claro. - Assenti.

- Como... como soube que a Sara tinha... me iludido? - Ela perguntou parecendo não gostar muito de falar sobre aquilo, mas a mesma parecia muito querer saber.

Eu olhei pra frente pensando na melhor forma de dizer, e olhei pra ela que me encarava esperando uma resposta.

- A Sara me contou. - Alice olhou pra frente não parecendo acreditar muito.

- Ela, simplesmente, te contou? - Alice voltou a olhar pra mim.

- Sim. Sara pensou que eu ia achar graça no que ela fez. - Revirei meus olhos.

- E não achou?

- Não. - Neguei a encarando. - Eu jamais acharia graça em algo assim. Muito menos se tratando de você.

- Sério?

- Sério. - Sorri para a mesma. - Eu realmente sinto pelo que a Sara fez.

- Tudo bem... isso já passou. - Ela sorriu. - Eu só não queria ter caído no papo dela. Se eu não gostasse tanto de você, eu... - Ela começou a falar, mas parou quando percebeu que havia falado demais. - Desculpa.

- Desculpa pelo que?

- Eu sei que não sente o mesmo por mim, não quero parecer uma perseguidora. - Ouvir aquilo da mesma fez peito apertar.

Eu sentia o mesmo. Gostava dela. Era apaixonado por ela e sentia que faria qualquer coisa por ela. Mas por que diabos eu não conseguia contar pra ela?

Eu formulei toda a frase, eu queria dizer que ela estava errada e que eu era louco por ela, mas eu travei. Eu travei!

Eu nunca tive dificuldade de falar sobre meus sentimentos, mas com a Alice... eu simplesmente não consegui.

Eu fiquei o caminho inteiro me culpando e me sentindo um completo idiota por não ter contado pra ela o que eu sentia.

Ela teve coragem de me falar sobre seus sentimentos, mas eu não tive.

Quando chegamos na faculdade, Alice se levantou primeiro e saiu do ônibus junto de Maria.

Eu sai logo depois, mas não vi elas, provavelmente já tinham estrado. Como eu não tinha mais o que fazer, fui pra minha sala.

[...]

Agora eram mais ou menos 17h da tarde.

A faculdade hoje tinha sido um saco, apenas aulas de matérias e professores chatos. Eu fiquei o tempo inteiro louco para ir pra casa.

Como eu sai mais cedo, eu tive que vir de ônibus de linha, o que não me permitiu ver Alice de novo.

Eu estava sentado no chão do quarto com um dos livros da faculdade em mãos quando meu celular apitou e sua tela se acendeu.

Eu o peguei esperando que fosse um dos garotos perguntando se eu ia na festa, mas era Alice. O que foi bem melhor do que eu esperava.

Alice- Oi Miguel. Maria almoçou aqui em casa e me encheu tanto o saco que eu decidi ir a tal festa.

Miguel- Oi Alice. Ah, legal! Mas tem certeza que quer ir?

Alice- Tenho sim. Maria já fez tanto por mim, não custa nada ir nessa festa por ela. E eu prometi que não ficaria mais que 1 hora kkk.

Miguel- Ah entendo kkk tudo bem então. Ainda vai comigo?

Alice- Sim. Me sinto mais a vontade com você do que com o Vitor.

Não vou mentir, eu realmente sorri feito um convencido quando li o que ela disse.

Miguel- Ainda bem. Eu também não curto muito ver você com ele.

Alice demorou um pouco pra responder, o que me fez perguntar a mim mesmo se eu havia exagerado.

Miguel- Te pego as 20h?

Alice- Pode ser.

Eu não estava muito certo daquilo. Não sei se vai ser uma boa ideia Alice ir nessa festa do Vitor, mas eu não a impediria. E se o Vitor tentasse algo com ela, eu estaria do lado dela para impedir.

●●●
Continua...

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