Capítulo 6

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Ele estava esperando-a. Vanessa há semanas mostrava-lhe certo interesse, e hoje seria o dia. Rodrigo vestia uma camisa que deixava um pouco a mostra o seu peitoral. A calça não tão larga deixavam as curvas de sua coxa bem delineadas. O cabelo levemente molhado pelo gel e o perfume amadeirado dando o toque final.

A casa estava bem arrumada. A sua nova vida lhe exigiu novos hábitos, um deles era pagar uma faxineira para dois dias da semana. Abriu a taça de vinho e colocou um pouco para si. Apreciou o mesmo como se fosse o último; era o seu preferido.

Ao descer do carro, Heloísa logo simpatizou com um casarão em frente à casa que fora indicada como a de Rodrigo. Se não estivesse naquela situação, não iria pensar duas vezes antes de compra-la.

A rua era quieta. Barulho de crianças e nem nada do tipo se ouvia. Se não fossem as luzes acesas nas casas, julgaria que todas estariam abandonadas e que aquilo seria alguma cilada daquele velho nojento. Admirou um pouco mais a casa, quando resolveu então, encontrar Rodrigo.

Quando ele em colocar alguma coisa no aparelho de som, a campainha tocou. Ajeitou pela segunda vez o cabelo e foi abrir a porta. Não foi possível disfarçar a expressão de surpresa em que foi tomado o rosto de Rodrigo.

— Você...

Algum tempo em silêncio. Rodrigo assimilando aquela visita e Heloísa pensando em como iria pedir para ficar ali.

— Eu posso entrar? — já entrando.

— Na verdade não, mas já que entrou... Será que poderia ser rápida?

— É que de onde eu venho, as pessoas chamam o ato de convidar a outra para entrar de educação.

— Ah claro, aparecer na casa de uma pessoa e entrar na mesma sem ser autorizada me parece realmente muito educado.

Heloísa ficou em silêncio, procurando não dar ouvidos a aquilo.

— Eu vou direto ao assunto.

— Eu agradeceria.

— Preciso ficar aqui na sua casa.

— O quê? — assustado.

— Eu não conheço ninguém, não tenho dinheiro e...

— Você só pode estar brincando.

— Você é a única pessoa que pode me ajudar.

— É impossível que não tenha mais ninguém que possa te ajudar. Você não é do Brasil. Por que não volta para o seu país?

— Eu não sei se você me ouviu dizer que estou sem nada. Preciso da sua ajuda.

— Pra quem iria me pagar dez mil reais por uma corrida de táxi, você ficou pobre rápido demais, na minha opinião. E como foi que me encontrou?

Ela não deu ouvidos a última pergunta que ele fizera. O fato de ele dizer que a mesma estava mentindo, a tirou do sério.

— Está insinuando que eu menti para você?

— Não, imagina... Impressão sua — irônico.

Heloísa estava ficando cada vez mais sem paciência. Em seu raciocínio, Rodrigo é que era o culpado de tudo aquilo.

— Quer saber? Você tem a obrigação de me deixar ficar aqui e eu vou ficar!

— Mas eu não posso acreditar que ouvi uma coisa dessas — rindo.

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