Capítulo 8

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Rodrigo suava e balbuciava palavras incompreensíveis. Levantou bruscamente, mas logo sentiu as mãos macias de Heloísa segurarem seu rosto.

— Shi, calma... Você está bem? Que cor você mais gosta?

Rodrigo estava ainda meio atordoado, mas respondeu:

— Verde.

— Então olhe aqui — pegando um copo que estava ao lado — E respire.

O mesmo não conseguia parar de olhar naquele olhar. Mal sabia ela que o efeito estava no verde de seus olhos, e não do copo.

— Está melhor?

— Estou. Acho que estou.

Agora que ele acordara, pôde perceber que além de estar em seu quarto, Heloísa estava apenas enrolada em uma toalha. Cheirava a sabonete, provavelmente nem terminara o banho.

— Eu estou bem... Como entrou aqui?

— Abrir a porta do seu quarto não é nenhum mistério. Melhor ainda quando já está aberta — sorrindo.

— Não precisava interromper o seu... Seu...

— Banho?

— Isso. Não precisava interromper o seu banho por isso.

— Fiquei preocupada. Você gritava.

— É só um pesadelo que tenho frequentemente, mas nada demais.

— Quero te contar uma novidade. (sorrindo)

— Você recuperou a sua memória?

— Rodrigo!

— Ok, desculpe — rindo.

— Eu consegui um emprego.

— Parabéns! Quem você matou para conseguir esse emprego — rindo.

Heloísa não pode rir. Mesmo sabendo que Rodrigo apenas fizera uma brincadeira, seu consciente sabia que a mesma já cometera um assassinato e ao ouvir aquilo de Rodrigo, não pode deixar de lembrar-se daquela noite fria.

— Nossa, desculpa. Foi só uma brincadeira, afinal eu estou curioso para saber em que emprego te contratariam, já que você não deixa de ser uma madame, fina, que até o meu café da manhã você coloca flores e umas dez colheres — rindo.

— Pois saiba, senhor Rodrigo, que eu tenho muitas outras qualidades.

Ao dizer isso, Heloísa aproximou-se dos lábios dele e disse sussurrando:

— E eu posso te provar.

Ele ficou visivelmente mexido com aquilo. Não poderia estar interpretando errado. Ela estava oferecendo-se para ele.

— Mas enfim — afastando-se — Eu vou trabalhar em uma pequena Doceria na Vila Fiore.

— Do outro lado da cidade? — olhando —a.

— Não é tão longe.

— Não, só dois ônibus de quase meia hora pra chegar aqui.

— Eu sei me cuidar. E vou ter um salário, que é o que realmente importa.

Ao dizer isso, Heloísa levantou-se da cama de Rodrigo e foi em direção à porta. Ele levantou e entrou em sua frente.

— Como você se cuidou naquela noite?

Memórias [Concluída]Where stories live. Discover now