Capítulo 7

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Os dias passaram...

Minha doce Victoria. Hoje faz três semanas que vivo sobre o mesmo teto que esse homem que nunca havia visto na minha vida.

Sabe que o que estou fazendo é por você, não sabe?

A cada dia em que lembro que o homem que fez isso com você está aí, livre... Impune... Eu sinto um ódio tão grande, mas tão grande, que às vezes chega a sair de mim.

Preciso desse homem, Rodrigo. Ele é policial da mesma delegacia daquele desgraçado. E quanto mais eu ficar com ele, mais encontrarei uma maneira de saber sobre tudo o que souberem do João Felipe. Mas não posso fingir essa amnésia por mais tempo. Acho que posso conseguir o que eu quero de outra maneira.

Mamãe Helô

Era noite daquela quinta feira abafada. Heloísa vestia uma roupa folgada, porém muito elegante. Não tinha outras e era daquela maneira que ficaria dentro de casa. Olhou que na estante de Rodrigo, havia alguns livros soltos. Alguns infantis, um tanto sujos e danificados, outros, tramas policiais. Pegou um de gênero policial e sentou-se em uma poltrona a fim de conseguir matar aquele tempo ocioso. Abriu o mesmo para ler, logo na contracapa leu uma linda dedicatória. Mas para a sua surpresa, não era para Rodrigo e as iniciais no livro não lhe deram nenhuma pista de quem fosse.

O barulho na porta anunciou a chegada dele. Era estranho encontra-la ali. Era como se não estivesse em sua casa. Provavelmente Heloísa nem se arriscara a fazer algo para comer, afinal, a casa não tinha nenhum cheiro de que algo havia queimado.

— Chegou cedo hoje — levantando-se e indo em sua direção.

— É...

— Mas por que alguns dias você chega tão tarde? — ajudando-o com o colete que ele tirava.

— Não é sempre que você tem um parceiro nas rondas ou nas chamadas?

— Não, sempre tenho alguém comigo.

— Isso é ótimo, não te sobrecarrega, não é?

— É...

— Como é o nome do policial que te ajuda?

— Henrique...

— Hum — voltando para o início de sua leitura.

— Por que está tão interessada em saber isso? — indo atrás dela.

— Curiosidade.

A conversa se estendeu e Heloísa nem se lembra de como foi que acabaram chegando naquele assunto. Mas discutiam e ela jamais achou que pudesse discutir com ele, afinal, ela estava precisando dele.

— Isso não é problema meu!

— Claro que é!

— Você é maluca! Maldita a hora em que você entrou no meu táxi.

— É, maldita mesmo!

— Nem somos casados, eu não tenho porque te sustentar. Eu não tenho porque cuidar de você!

Heloísa sabia que o mesmo tinha razão, mas isso pouco importava agora.

— Você tem razão. Eu virei um peso para você. Desculpe ter entrado de forma tão intempestiva na sua vida. Fique tranquilo, da mesma maneira em que eu entrei, eu irei sair dela.

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