Capítulo 13

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Heloísa não fora trabalhar aquele dia, mas isso era desconhecido por Rodrigo. A mesma passou a tarde inteira na casa de Julia. Precisava desabafar. Mas mais do que isso, precisava de um conselho, e isso... O seu pequeno caderno não teria como lhe dar.

Ela aproximou-se da casa e logo viu a moto dele ali. Algo deveria ter acontecido, afinal, embora a noite já viesse dando o ar de sua graça, ainda não era para que Rodrigo estivesse em casa. Assim que ela fechou a porta da sala e virou-se para ao interior da mesma, não queria e nem podia acreditar em seus olhos: A casa estava destruída. As luzes piscavam, provavelmente foram atingidas também. O que poderia ter acontecido? Um roubo? Um assalto? Meu Deus, Rodrigo!

O pior passava dentro de sua cabeça. Ela atravessou a sala quase que correndo, mas antes que saísse do cômodo, ela o viu ali, sentado em sua poltrona. E em suas mãos, o caderno que guardava a sua vida.

— Rodrigo, você... — aproximando-se.

— Não chega perto de mim.

Os olhos dele estavam vermelhos. Estava chorando e não conseguia esconder.

Heloísa sentia um aperto forte em seu peito, estava... Doendo.

— Rodrigo, me deixa explicar.

— O que você quer explicar?! — gritando e levantando-se.

Ele ficou de frente para ela e segurou seus ombros. A chacoalhava com força e repetia a frase:

— O que você quer me explicar?! Quer me explicar como foi que matou o meu irmão?

Ele a soltou e segurou forte seu queixo.

— Fica longe. Fica bem longe de mim, porque eu não estou bem e a última coisa que eu quero é te machucar. E sabe por quê? Porque te amo... Amo o assassino que eu tanto procurei.

Ele a soltou novamente e afastou-se. Foi até a parede e deu um forte murro na mesma. Iria quebrar o que ainda restava naquela casa.

— Rodrigo, era a minha filha... O meu bebê! Um bebê! — gritando — Que ele matou sem sequer ter um motivo decente! É fácil me julgar. Você não é pai. Você nunca saberá o que eu senti. Nem um enterro eu pude dar para ela! Não existe corpo! O seu querido irmão matou um bebê de três anos e sumiu com o corpo. E mesmo te amando, te amando com todo o meu coração, isso eu nunca vou perdoar.

Ela arriscou aproximar-se um pouco mais e ele pode ver que os olhos dela estavam cheios, carregados de lagrimas. Pela primeira vez, está vendo lágrimas dos olhos dela.

— Confesso que essa é a primeira vez que eu me arrependo do que fiz. E faria tudo diferente só pra não ver esse teu olhar para mim. Só por isso.

Rodrigo não conseguia falar. Tinha mil palavras para gritar e acalmar seu peito, mas nenhuma delas ele conseguia deixar que saísse através de seus lábios.

— Não espero que me perdoe, Rodrigo. Porque acho que só cabe a Deus me julgar e me perdoar. Mas espero que me entenda, que eu só fiz justiça.

— Sabia que aceitou fácil demais viver comigo. Todos os nossos sonhos de recomeçar juntos, tudo, absolutamente tudo foi mentira! Mentiu quando disse que me amava. Mentiu quando disse que estava feliz. Provavelmente mentiu durante nossas noites de amor...

— Nunca duvide do meu amor, Rodrigo. Por você eu desisti de ser Heloísa McGarden. Me acostumei a uma vida completamente diferente. Porque eu amei e fui amada. Porque ainda amo, Rodrigo.

Memórias [Concluída]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora