Capítulo 16

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Heloísa estava fora de si. Já não pensava mais com a cabeça. Era como se toda a dor que ela sentiu naquele dia, estivesse mais forte e intensa do que antes, e a única coisa que a faria bem era fazê-los sofrer. Sofrer sob seu olhar. Por quanto tempo? Talvez para sempre... Ninguém precisa saber.

Rodrigo, Helena e João Felipe estavam a caminho da tal casa de praia. A equipe de Helena estava logo atrás.

— Se estiver mentindo, eu...

— Eu preciso pagar pelo que eu fiz. E por favor... Eu não estou em condições de mentir.

Rodrigo olhou para Helena que continuava concentrada na direção.

— Só espero que esteja tudo bem.

— Vai estar tudo bem, afinal... Estamos falando de Heloísa McGarden.

Helena sorriu para ele e continuaram o caminho até a casa de praia.

Algumas horas se passaram então. Heloísa estava sentada em frente à Julia e apreciava um cheiroso jantar, que inclusive era o que Julia havia comprado.

— Nossa! Esse camarão está divino. Sente só o cheirinho — aproximando o prato.

Julia mesmo sentindo a barriga urrar, virou o rosto e disse:

— Não estou com fome.

— Sério? Poderia jurar que depois de todo esse tempo você iria estar com uma fome de leão.

— Eu te odeio McGarden.

Heloísa aproximou-se dela após deixar o prato onde estava.

— O que foi que disse?

— Eu te odeio! — gritando.

— Ah é? Me odeia por quê? Hein? Me odeia por eu ter o que você não tem?

— Te odeio por você ter o que é meu! Meu pai deixou isso tudo para mim!

— Seu? Não tem nada seu. Sua mãe não foi nenhuma santa pura igual a novelas que foi seduzida pelo patrão e depois abandonada. Ela aceitou a condição de amante. O meu pai me contou tudo antes de morrer. E mesmo aos 10 anos eu me lembro muito bem dela se esfregando nele como uma cadela no cio!

Heloísa andava de um lado para o outro, ela não percebia, mas parecia Rodrigo à beira de um acesso.

— Não ouse chamar a minha mãe de cadela, Heloísa!

Heloísa aproximou-se dele e deu um forte tapa em seu rosto.

— Não ouse você, a chamar o meu pai de seu...

Senhora McGarden tinha a voz baixa. Estava perdendo o controle e não queria. Enquanto ainda estava em frente à Julia, ela completou:

— Eu dividiria tudo com você. Tudo! Mas pela sua ganância um inocente foi morto, e isso... Eu nunca vou perdoar, Julia. Se depender de mim você terá uma vida longa e desgraçada.

Ela levantou-se e andou em frente à ela. O barulho do salto irritava Julia de uma maneira engraçada.

— Antônio deve estar morto. Tire-o daqui. Logo começará a feder.

Heloísa aproximou-se dele e mediu sua pulsação. Ainda tinha, mas a ferida estava feia. Com certa dificuldade, Heloísa o puxou para perto do sofá, e depois de algumas tentativas, conseguiu colocá-lo no mesmo.

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