Capítulo 2

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Assim que a Aline abriu a porta do quarto, me viu sentado na cadeira da escrivaninha. Olhei para ela e sorri.

- Então quer dizer que você e o Pedro estão juntos? – Eu estava mexendo no porta lápis dela. Coloquei de volta na escrivaninha e sorri novamente para ela.

- Eu ia te contar no sábado que a gente tinha acabado de se beijar! Só que ele falou aquilo para ver se você parava de agir que nem um surtado e aí eu não falei nada...

- Obrigado!

- Pelo quê? – Ela perguntou curiosa.

- Por querer me contar a verdade mesmo quando eu estava agindo que nem um surtado... – Ela sorriu. – Olha, antes de qualquer coisa, eu só quero que você saiba que eu não sei o que acontece, mas eu me preocupo demais com você! Então eu quero te proteger sempre! Não quero te ver sofrendo nunca! Eu ando com esses caras e eu sei que eles só querem saber de ficar cada final de semana com uma garota diferente, por isso eu não gosto que eles fiquem perto de você... Mas o Pedro é diferente... Ele não é assim! Ele só ficou com uma menina no dia que a gente quase o forçou a fazer isso... E mesmo assim eu chamei a atenção dele hoje! Se ele gostava de você ele não podia ter ficado com ela! Mesmo que isso significasse entrar numa briga comigo... – Ela me olhou com uma expressão curiosa e eu completei. – Se ele não ficasse com ninguém eu ia saber que era por causa de você... Não que eu já não soubesse lá no fundo! – Eu ri.

- Caio, eu entendo isso tudo e agradeço por ter um irmão que se preocupa e que cuida de mim! Mas eu já sou bem grandinha, eu tenho que errar pra poder aprender! Você não pode me proteger pra sempre e em qualquer situação!

- Eu sei... E você, apesar de ser mais nova, me colocou no meu lugar no sábado quando me disse aquelas coisas!

- De nada! – Ela pegou no meu pé e eu ri.

- Eu só quero que você saiba que pode contar sempre comigo! Eu quero que você saiba que pode contar tudo pra mim, ok? – A encarei sério.

- Ok!

- E se o Pedro te magoar você me avisa que eu dou um jeito nele!

- Pode deixar!

- E tenha juízo!

- Nossa mãe já falou sobre isso comigo...

- Acho que é tudo, então, né? – Me levantei da cadeira.

- Não. – Ela se aproximou de mim. – Tá faltando um abraço!

- Claro! – Nós dois sorrimos e nos abraçamos.

Fui para o meu quarto e me joguei na cama. A conversa que eu tinha tido com o Pedro ainda martelava na minha cabeça. Eu sabia que eu era muito chato quando qualquer garoto se aproximava da minha irmã, mas não tinha noção do quanto ela se sentia incomodada com isso.

A verdade é que eu nunca fui sincero quando dizia que eu não sabia porque eu exagerava com ela. Eu sabia qual era o verdadeiro motivo. Sabia muito bem. Era uma daquelas coisas que seria melhor se a gente não soubesse, mas que, no final das contas, mesmo te assombrando para o resto da vida, é melhor você saber antes para ter a chance de poder defender quem você ama.

Nem sempre eu fui assim. No início, eu não via problema em brincar junto com a Aline e misturar os meus amigos com os dela. Tínhamos os colegas do nosso prédio, os vizinhos dos nossos avós com quem brincávamos nas férias e depois os colegas do colégio. A gente sempre conseguiu conciliar. Até o aniversário de um colega meu quando eu estava no sétimo ano e a Aline no quinto.

Lembro que naquele dia, nós saímos de casa atrasados para a festa e ainda tivemos que passar no shopping para comprar o presente do Luiz. Quando os nossos pais nos deixaram no play do condomínio dele, já tinha passado mais de uma hora de festa. Entrei no play com a Aline ao meu lado e, assim que entregamos os presentes à mãe do Luiz, deixei a Aline sentada em uma mesa conversando com duas meninas da sala dela e fui em busca do aniversariante e dos meus amigos. Não demorou muito para vê-los sentados em uma roda, conversando baixo e rindo. Me aproximei em silêncio com a intenção de dar um susto neles, especialmente no aniversariante. Só que, ao me aproximar, quem tomou o susto fui eu. O assunto que os garotos estavam conversando era a Aline! A minha irmã! Eles estavam rindo e apostando quem conseguia dar um beijo nela! Estávamos em uma fase em que todos nós, na grande maioria os garotos, queríamos perder o BV (boca virgem). Eu mesmo achava que estava apaixonado por uma menina da minha sala e também sonhava com esse momento. Só nunca pensei que os meus amigos, que brincavam comigo e com a Aline, iam fazer uma aposta para tirar o BV da minha irmã.

A Melhor Amiga da minha IrmãWhere stories live. Discover now