Capítulo 9

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No domingo acordei cedo. Para mim, acordar antes das dez no final de semana, era cedo. Tomei meu café e aproveitei que a casa estava vazia para procurar algum programa para assistir na tv. Me joguei no sofá e fiquei assim até meus pais e minha irmã chegarem próximo à hora do almoço.

- Boa tarde, filho! – Minha mãe falou alto entrando na cozinha.

- Boa tarde! – Respondi ainda deitado. Na televisão estava passando a reprise de um jogo de futebol que tinha acontecido durante a semana.

- Oi, maninho! – A Aline me cumprimentou quando passava em direção ao corredor.

- Oi. – Respondi desanimado.

- Por que não foi encontrar com a gente? – Minha mãe tinha se aproximado do sofá em silêncio e eu acabei tomando um susto. – O que você está aprontando? – O carinho na voz dela já tinha sido substituído pelo tom de acusação.

- Nada! – Respondi revoltado. – Por que eu sempre tenho que estar aprontando alguma coisa?

- Será que é porque você sempre apronta alguma coisa? – Ela fingiu pensar.

- Eu nem apronto tanto assim! – Me defendi.

- Você que acha! Quero ver quando tiver um filho se vai continuar com esses pensamentos.

- Para isso acontecer ainda vai demorar muito tempo...

- Assim espero! – Ela me fuzilou com o olhar.

- Ei, tá me olhando assim por quê? Eu já disse que não fiz nada!

- "Ei"?! – Ela falou um pouco mais alto. – Com quem você pensa que está falando?

- Foi mal, mãe! É modo de falar! Não tava te desrespeitando!

- Pois já passou da hora de você tomar mais cuidado com as coisas e com a forma como você fala! – Ela chamou a minha atenção.

- Desculpa, mãe! Não vai acontecer mais! – Olhei para ela, mas ela apenas ficou me encarando de volta.

- Você ainda não respondeu porque não quis encontrar com a gente. A praia estava muito boa!

- O Paulo chamou a galera pra assistir o jogo na casa dele. Tô saindo daqui a pouco.

- Que pena! Teria sido bom nós quatro juntos! Há tanto tempo que não fazemos mais um programa assim. – Minha mãe sorriu um pouco triste.

- Mãe, não fica assim! A gente tá crescendo! – Sentei no sofá para olhar melhor para ela.

- Ainda assim sinto falta de vocês! Principalmente de você, que quase nunca está por perto.

- Não precisa chorar, mãe! – Me levantei e falei desesperado antes que ela começasse a chorar. Eu realmente não sabia e nem gostava de lidar com mulheres chorando. – Eu fico em casa! Se é o que você quer, eu fico! Mas não chora, por favor! - Eu não sabia o que dizer.

- Ah, filho! – Ela me puxou para um abraço e não pude conter uma careta por sentir todo o sal da água do mar que ainda estava no corpo dela. – Não precisa disso! Você já combinou com seus amigos. Vai se divertir! Outro dia você reserva um final de semana para ficar com a sua família, combinado? – Ela se afastou e me olhou.

- Combinado! – Tentei sorrir, mas ainda estava com receio de que ela chorasse.

- Vou tomar um banho para terminar de preparar o almoço. – Ela se afastou e eu me joguei no sofá, vendo ela se afastar.

- Mulheres! – Murmurei assim que ela sumiu no corredor.

Cerca de uma hora depois, meu pai já tinha colocado a mesa e estava sentado ao meu lado assistindo ao final do jogo e minha mãe e irmã estavam na cozinha preparando o almoço. Olhei a hora no celular e, como já passava de uma da tarde, achei melhor tomar banho e me vestir para sair logo de casa. Vesti uma bermuda de tactel preta, uma camisa do Flamengo, calcei meu chinelo e em trinta minutos já estava pronto. Fui em direção à cozinha onde eles já se preparavam para almoçar, torcendo para que o drama da minha mãe já tivesse passado.

A Melhor Amiga da minha IrmãWhere stories live. Discover now