Capítulo 23

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A semana passou correndo. Talvez por eu ter finalmente assumido qual faculdade eu queria fazer. A conversa com a Carla tinha sido essencial para eu perceber que, na verdade, eu já tinha uma decisão formada, só estava evitando por ter medo de me arrepender.

Quando contei para os meus pais, na segunda-feira à noite, não imaginava que a reação deles seria tão boa! No ano anterior eu tinha tentado entrar em Direito. Eu sabia que não ia conseguir e sabia que não tinha nada a ver comigo. Inclusive eles sabiam disso, já que chegaram a me questionar se era o que eu realmente gostaria de fazer no futuro. Talvez eles soubessem desde aquele momento que eu ainda não estava preparado para esse grande passo na minha vida. Lembro que minha mãe ficou me encarando por um tempo, como se quisesse descobrir algum segredo, mas, no final da análise, ela apenas disse que no ano seguinte eu conseguiria e que eu teria que ser mais responsável. Provavelmente ela percebeu que eu estava escondendo alguma coisa. Ainda assim, não imaginei que eles fossem agir com tanta naturalidade quando eu avisasse que não só escolhi outra faculdade, mas outra área. O importante foi que eles aceitaram, me apoiaram e se mostraram confiantes com a minha decisão.

Durante a semana eu não conversei muito com a Carla, parecia que não era para a gente se falar. Mandei uma mensagem para ela na terça a tarde, mas ela só respondeu quarta de manhã. A irmã dela não estava se sentindo bem e a Carla ficou cuidando. Como eu acordei atrasado, só pude responder a tarde, depois que cheguei do curso e ela só respondeu à noite, quando o meu celular estava desligado porque acabou a bateria. Respondi na quinta de manhã, assim que acordei. Pela primeira vez ela conseguiu me responder rápido, mas só desejou que eu tivesse um bom dia e mandou uma carinha feliz. Pensei várias vezes no que poderia mandar, fiquei olhando para o celular até o ouvir o professor chamando a minha atenção para guardar o aparelho. Depois disso, eu continuei sem saber o que falar e o porquê de eu continuar querendo falar com ela... Nem que fosse para desejar e receber um simples "bom dia!".

O sábado chegou e era o aniversário do Erick. Ele colocou uma lista em uma boate que tinha inaugurado recentemente e nós combinamos de nos encontrar às dez na porta. Como eu só sairia mais tarde de casa, resolvi passar um tempo com a minha irmã, só que ela já estava acompanhada.

- Não vai no aniversário do Erick, não? – Perguntei ao Pedro. Os dois estavam sentados no sofá e eu me sentei ao lado deles.

- Vou.

- Cara, vocês dois são muito chicletes! – Brinquei com eles, mas, no fundo, eu realmente achava que os dois eram grudados demais! Nem mesmo no dia que ia sair ele conseguia ficar longe da minha irmã?!

- Somos mesmo! – A Aline respondeu. – E um dia você vai descobrir que ter isso é muito melhor do que o que você está acostumado a ter.

Ela não falou brigando comigo e também não foi irônica. Ela deu a opinião dela. E eu fiquei calado. Eu não sabia o que responder. Na verdade, eu não tinha o que responder! Eu podia ainda não saber o que estava acontecendo comigo, mas eu sabia que ela estava certa.

Continuamos na sala assistindo a um filme na televisão e quando acabou fui ao meu quarto para trocar de roupa. Escolhi uma t-shirt e uma calça jeans, como eu sempre costumava sair, passei um pouco de perfume e voltei para a sala.

- Tá indo agora também? – Perguntei ao Pedro.

- Sim. Bora juntos! – Ele se inclinou para dar um beijo na minha irmã e eu me virei de costas. Eu podia estar bem com relação a eles, mas eu continuava sem vontade nenhuma de ver um cara beijando a minha irmã!

- Já pode olhar, chatonildo! – A Aline falou debochada e eu me virei para eles quando, de propósito, ela puxou o rosto do Pedro para ela e deu um selinho nele. Os dois riram.

A Melhor Amiga da minha IrmãWhere stories live. Discover now