A Melhor Amiga da minha Irmã

Bônus

Durante a semana, a Aline contou para a Carla que no sábado à noite o Pedro iria à comemoração do aniversário de um dos colegas do curso em uma boate. A Carla se sentiu incomodada com a notícia, mas não entendeu o porquê, afinal, ela não tinha motivos para isso. Na sexta-feira, a Carla teve a ideia de fazer uma noite de pijamas na casa dela, depois que a amiga já tivesse se encontrado com o Pedro. Aline topou na hora e as duas começaram a combinar quais filmes assistiriam no dia seguinte.

Quando a Carla recebeu a mensagem da Aline avisando que já ia sair de casa, o incômodo voltou. Se a Aline já estava a caminho, significava que o Pedro já tinha ido para a boate, e, se ele já tinha ido, era provável que o Caio já tivesse ido também. Carla sentou no sofá da sala enquanto esperava a amiga, mas se alguém perguntasse o que estava passando na televisão, ela não saberia responder. Na verdade, seus olhos nem olhavam para a televisão, eles estavam focados na quina inferior do rack branco onde ficava apoiada a televisão. Seus olhos olhavam para isso, mas, em sua cabeça, ela apenas via o rosto do Caio, lembrando de como tinha sido o encontro deles no sábado anterior. Por vários desencontros, eles mal conseguiram se falar durante a semana, mas ela percebeu que ele tentou puxar assunto com ela. Se ele tinha tentado puxar assunto, então era porque ele gostou de conversar com ela...

Carla suspirou, ainda focando na quina do rack. Ela sempre foi segura de quem era e do queria. Insegurança era a marca da sua melhor amiga. A Aline sempre foi extremamente insegura, principalmente por ter um jeito bem diferente do irmão e ter que ficar aguentando as comparações no colégio justamente por causa dessas diferenças. Só que na última semana, a Carla vinha se sentindo insegura. Ela queria entender o que estava acontecendo. Ela não sabia explicar o motivo, mas sabia que ela não estava gostando de saber que o Caio estava em uma boate naquele momento.

O interfone tocou e ela se assustou. Ouviu um riso e olhou para o lado. Seu pai tinha sentado ao seu lado no sofá, mas ela não tinha reparado.

- Tinha alguém dormindo aí? – Ele perguntou ainda rindo.

- Não. – Ela respondeu um pouco sem graça e foi para a cozinha.

- Acho que estava, sim. Fiquei falando com você, mas você não respondia.

- Tava desligada. – Ela deu de ombros e atendeu ao interfone, liberando a entrada da amiga.

Antes de abrir a porta, ela bebeu um pouco de água e tentou esquecer do incômodo que sentia. A melhor amiga estava chegando para aproveitarem a noite e era isso o que elas iam fazer. O que o Caio estava ou não fazendo não era da conta dela e ela não ia deixar a insegurança tomar conta dela pela primeira vez por causa de um garoto.

- Oi! – A Aline falou feliz assim que encontrou a amiga com a porta aberta. Ela deu um abraço apertado e entregou uma sacola de mercado quando se separaram. - Trouxe umas coisinhas para comer durante os filmes!

- Você come tanto assim quando fica assistindo as suas séries? – Ela pegou no pé da amiga.

- Não. As séries que eu gosto são tensas o suficiente para não dar tempo de pensar em comer! – Ela riu e entrou, cumprimentando o pai da Carla que tinha levantado do sofá.

- Vamos lá? – Carla puxou a mão da amiga para o quarto e encostou um pouco a porta. Aline colocou a mochila no canto do quarto, onde ela já estava acostumada a deixar, e olhou para a televisão na parede em frente à cama, que já estava com a imagem do primeiro filme que elas tinham escolhido assistir.

- Ah, como eu queria ter uma televisão no meu quarto! – Aline fez uma expressão de sofrimento, arrancando uma gargalhada da amiga.

- Amiga, desculpa, mas se você tivesse uma televisão no seu quarto, acho que você não saía lá de dentro!