Capítulo 15

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Acordei três horas depois, mas continuava cansado. Eu não fazia ideia de como conseguiria levantar no dia seguinte para ir ao curso. Tudo o que sabia era que eu ia. A minha mãe levaria a minha cama comigo dormindo ainda e me largava no curso, mas nunca me deixaria faltar, ainda mais por estar cansado por causa de um show e não por ter virado madrugadas estudando!

Esfreguei os olhos e peguei meu celular. Mexi um pouco nas redes sociais, vi alguns vídeos e respondi às mensagens que tinha recebido desde o dia anterior. Coloquei o celular no bolso da bermuda e saí para o banheiro. Passando pelo corredor um cheiro fresco de baunilha me invadiu. Como era possível eu ainda sentir esse cheiro tão claramente, como se ainda estivesse impregnado em mim?

Me tranquei no banheiro, joguei uma água no rosto e escovei os dentes. Balançava a cabeça, confuso com tudo o que estava acontecendo. Eu já tinha ficado com muitas garotas. Elas eram legais, bonitas e cheirosas. Por que dessa vez parecia que alguma coisa era diferente?! Eu não parava de sentir o cheiro, o abraço, o beijo, o sorriso da Carla. Principalmente o último sorriso que ela me deu, aquele sorriso cúmplice, o sorriso que agradecia pela noite que tivemos, o sorriso que mostrava o quanto tinha gostado dos nossos beijos, o sorriso confiante de que tudo estava certo.

- Caio, você precisa se controlar. - Falei me olhando no espelho. - Eu não tô te entendendo! - Podia ser loucura, mas eu jurava que a minha cabeça me respondeu que também não entendia o que estava acontecendo.

Saí do banheiro, encostando a porta antes que a minha mãe brigasse por eu não ter feito isso, e congelei ao me virar. Eu tinha enlouquecido. Meus sentidos só podiam estar brincando comigo. Não bastasse sentir o cheiro de baunilha por onde eu andava, tinha acabado de ver o sorriso do qual estava lembrando. Pisquei os olhos duas vezes para confirmar que não era coisa da minha cabeça e que, quando eu abrisse a boca, eu não estaria falando com uma miragem que a minha mente criou.

Constatando que era real, eu vi tudo. Tudo o que estava a minha frente, além do sorriso. Os pés descalços, o vestido florido acima do joelho, os braços carregando três embalagens de batata frita, chocolate e duas garrafinhas de suco, o pescoço com uma gargantilha preta e um pequeno pingente de flor prateada com uma minúscula pedrinha preta no centro, o sorriso que estava ainda mais aberto do que quando a vi vindo na minha direção, o brilho nos olhos acompanhava o sorriso e a sobrancelha esquerda estava erguida.

- Eu realmente não esperava que você fosse o tipo de cara que travava a menina desse jeito depois... - Ela falou sorrindo.

- Hã?! - Perguntei atônito. Aquele não era eu. E o verdadeiro Caio tinha que voltar a assumir minhas ações. - Eu não tô travado, só fiquei surpreso em te encontrar aqui!

- É... Sobre isso, eu quero que você saiba que eu tô aqui unicamente pela sua irmã. Não tô te perseguindo! O nosso combinado está mantido. - Ela desfez o sorriso assim que começou a falar.

- Fica tranquila! Eu sei disso. - Eu sabia que realmente era a verdade. Com ela tinha sido diferente do que foi com todas as outras amigas da minha irmã.

- Eu até tentei tirar a Aline de casa de várias formas, mas ela não aceitou. Quis ficar trancada no quarto! - A Carla revirou os olhos. - Literalmente! - Ela mostrou os braços cheios das coisas que eu tinha reparado antes. – Ela não quer sair nem para pegar as coisas na cozinha... Não quer correr o risco de te encontrar. - Ela me encarou séria.

- Eu sei que ela tá bem chateada comigo...

- E não é para menos, né?!

- Adianta dizer que eu não fiz por mal?! - Ergui uma sobrancelha.

- Não pra ela. - Carla balançou a cabeça e levantou o canto da boca, em uma expressão triste.

- De verdade, eu não fiz por mal! - Passei a mão no cabelo, frustrado por mais uma vez ter decepcionado a minha irmã.

A Melhor Amiga da minha IrmãWhere stories live. Discover now