O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)

Prologo

— 10 Anos antes.

Há muito tempo atrás, uma batalha nos céus primordiais liderada pela tríade divina; Izanagi (A terra), Izanami (O céu) e Maatsu Okhami, filha dos gêmeos (O trovão), contra os Shaofeng — deuses terríveis — abalou as terras sagradas de Oyashima. Durante eras, a luz e as trevas se digladiariam na tentativa de começar ou impedir a existência da vida como conhecemos.

Hordas de Escuros escorriam do Yomi, o submundo, como as aguas numa cascata, mas nenhum divino se prestava a derrocada e a desonra. A batalha contra os mais impiedosos inimigos durou 1000 dias e 1 noite. Eram 10 milhares contra apenas 3, e a vitória fora decidida pelos divinos, tendo como recompensa o princípio da vida e da morte.

Izanami e seu amado, Izanagi, voltaram a Ponte Flutuante do Céu onde despejaram suas bênçãos e fizeram florescer sobre a terra do sol nascente, enquanto que Maatsu Ohkami havia retornado ao seu lar onde se encontrava o seu marido, o velho general Erário (O fruto do poder), acamado e exausto pelas batalhas intermináveis.

Em seu leito de morte eles profetizaram o futuro na forma de uma escrita sagrada: "Sempre haverá disputa entre a luz e as trevas, mas na vida e após a morte eu serei a ponte para a paz e o equilíbrio entre os dois. A partir de mim se farão milhares, eles que carregarão o meu credo, minha força e meus ensinamentos". E a deusa do trovão complementou alegremente: "E de mim herdarão o poder dos raios sagrados, do céu e da luz para que protejam o fruto do amor de meus pais; a natureza. Eis que um dia haverá paz e equilíbrio entre todas as nações, e eu serei o nome que todos citarão como A Senhora da Paz Vindoura".

O credo do general dos céus nunca fora esquecido através dos séculos. Desde o princípio a palavra do homem foi passada para o homem, e hoje são sábios quem propagam as palavras aos jovens.

Muito se diz que o destino de Maatsu Ohkami era incerto — não se sabe se morreu, se retornou ao ventre de sua mãe ou se simplesmente uniu-se a natureza —, entretanto, muitos acreditam que ela veio a terra dos homens em um relâmpago para que pudesse ser com eles o seu eterno guardião, e que depois de sua morte, sua essência divina fosse espalhada sobre as terras, dando origem aos Herdeiros do Trovão, os guardiões que tinham por responsabilidade preservar o Yomi e mantê-lo para sempre selado, evitando assim que os Escuros e os Shaofeng mais uma vez ressurgissem e trouxessem calamidades sobre a Terra do Sol Nascente.

A paz na terra havia sido estabelecida, mas os homens e os herdeiros dos divinos ainda precisavam se organizar, por isso as tribos foram divididas por atribuições e a alguns lhe foram dadas a terra e aos outros, o céu. As primeiras nações rumaram para o norte através das ilhas magicas até reencontrarem a morada dos antigos senhores, que era chamada de Terracota por suas suntuosas torres construídas em barro vermelho.

Lá, as tribos do céu e da terra haviam se dividido em grandes clãs segundo seu credo e o poder que haviam herdando dos seus ancestrais; Outros-deuses, criando assim a primeira grande nação.

A Tribo do Céu recebeu os Adoradores do Sol, aqueles que todos os dias traziam a luz e renovavam a vida, e também os Eremitas e Guardiões do Trovão Sagrado, que tinham por dever trazer as tempestades e os ventos sobre as ilhas magicas e férteis e toda a terra dos homens.

Enquanto que a Tribo da Terra recebeu por herança os Akhans e os Chikyū. Os Akhans eram descendentes de Izanagi, uma raça de nascidos da terra, homens opulentos e mulheres férteis como a terra a qual seriam responsáveis por semear e colher entre as estações. Enquanto que os Chikyū detinham o poder da magia, eram sábios, sacerdotes e líderes espirituais que cuidavam da paz e da felicidade da nação.

Entretanto, em meio a paz, também haviam conflitos internos, diferenças sobretudo de raças e uma infindável busca tanto para saber quem seria superior quanto para determinar quem era responsável pelos homens das outras terras. Muitos acreditavam que a paz só poderia ser estabelecida daquela forma, mas para os Chikyū, a única forma de ter paz era havendo equilíbrio. Por isso, um artefato sacro usado nas guerras anteriores foi posto entre as nações por Maatsu Ohkami, que era mãe gentil e guardiã da paz.