(四十七) O Homem Chamado Tesauro

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Tesauro ergueu-se em adoração ao grande obelisco dedicado a aqueles que haviam sido eternizados. Sua alma estava obscurecida pela vingança, mas seus olhos viam ali, o motivo dos sábios cultuarem esse monumento milhares de eras afinco. Poder, devoção, honra, tudo aquilo estava inscrito em granito. Acreditava ele que o respeito e até mesmo o temor imposto a todos nesses últimos dias lhe conferiam autoridade para ser dono e decidir pelo destino de não apenas um, mas de todos naquele mundo. Pois quando seus grandes olhos vislumbraram o topo do obelisco, ele só acreditava que enfim findaria seu ciclo de vingança, culminando com a extinção da vida.

Ele olhou para trás no exato momento em que ouviu as passadas cavalgando pelos pisos milenares que revestiam o complexo lar daqueles que ascenderam.

Os jovens guerreiros prontamente se envolveram num manto de poder condensado, sensações aguçadas, olhos determinados e fixos sobre aquele terrível vingador que por dez anos o nome foi considerado poder, e poder era.

Uma vez cercado, lhe bastava apenas virar-se e olhara para o seu passado com carinho, com temor e com ódio. Ele abriu e fechou os punhos, cercando-se de poder, aumentando suas habilidades, tornando branca a sua energia explosiva.

Ele havia descoberto o que a doutrina da feiticeira queria dizer.

— As ervas daninhas macularam a beleza das minhas roseiras cheias de espinhos. Por começo de discurso, eu devo dizer que estou surpreso que tenham se unido depois de tudo o que aconteceu.

— Mestre Tesauro... você desonrou nosso laço — julgou Izanagi, à frente das garotas que na hora tinham o mesmo olhar de determinação para encerrar ali aquela batalha. — Sabe o que significa isso?

— Sei, pequeno príncipe. Em teoria, seria o momento em que o discípulo subjugaria seu desonrado mestre, mas isso... isso não vai acontecer, e vocês três sabem muito bem o motivo. Eu tentei — ele expressou desdém sobre as faces rígidas, balançou os dedos. —, eu tentei ser um bom mestre e um bom homem. Sacrifiquei minha honra para que vocês, jovens, tivessem um futuro melhor, longe do jugo daqueles malditos conselheiros que acerca de conselhos não sabiam nada. Mas o que ganhei foi a desonra e uma morte encomendada. Certamente eles iriam matá-la também, Zu'rien, fruto da minha juventude.

— Isso não te afasta das escolhas que fez, pai — rebateu placidamente Zu'rien, apática às explicações e longe de seus sentimentos paternais. — Não te exime de ter cometido crimes e traido toda a ordem dos herdeiros do trovão em prol de uma ideia.

— Uma ideia cujo desfecho não deveria ter sido esse — ele apontou para si mesmo. — A batalha que estou prestes a travar contra vocês não seria necessária se eles cooperassem!

— Mestre Tesauro, seus desafetos estão mortos! — gritou Izanami. — Você entristeceu a todos e a si mesmo por mergulhar seu coração nessa terrível vingança.

— A vingança faz forte quem a detém, pequena princesa. Eles acreditavam que estariam protegendo a frágil paz se mantivessem ocultas as minhas ideologias. Mas eu nunca estive errado... ou estive, querida?

Izanami abaixou a cabeça.

— Um rei não é um ditador.

Ele deu os ombros.

— Um ditador não pode ser contestado ou chamado de louco. Quem diria, o jovem mestre visionário era um lunático por desafiar um mundo onde o destino desses homens e dos homens que moram em outras terras, depende de doze metidos à divinos.

Izanagi engoliu em seco.

— Eu enxerguei a luz quando sua própria filha me mostrou que o caminho não estava em acreditar no que apenas um homem diz, mas no que a grande verdade infere; todos são um só. Todos pensam uns nos outros. Todos os guerreiros lutam pela sua honra e a da sua família — então, o jovem prodígio tocou no ventre de Zu'rien, provando a todos que ele estava disposto a lutar pelo futuro dos jovens, da forma que Tesauro não o fez.

O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt