— Zu'rien, filha de Tesauro.
A noite e a cama rica e confortavel me dão a vaga sensação de conforto após tanta exaustão durante o começo e o meio do dia. Enfim, quando coloquei os pés para fora daqueles calçados de salto que Izanami comumente usava, apenas queria me recompor, deitar sobre a cama e olhar para um teto pálido e sem graça.
Sinto falta do meu lar, da minha cama, da minha cozinha e da presença de Hisashi. Sinto que se Hakiti não os alcança-los, estarei fadada a loucura.
Não. Hisashi não me abandonaria sabendo que espero seu retorno e que a Izanami cobrei sua segurança. A tal ponto, provavelmente ela já deve de ter fofocado sobre minha gravidez e mergulhado-o numa espiral de necessidade em me proteger enquanto cumpro com a minha missão.
Essas paredes não conversam comigo. As pessoas de fora evitam contato porque odeiam Izanami pelo o que Hishal se propôs a fazer para mantê-la viva, mesmo sabendo que era para evitar a maldição da chuva ininterrupta novamente. As servas veneram a minha presença — coisa que não me faz mal, gosto de ser bem servida e apreciada por massagens longas e relaxantes. Mas, à medida em que os minutos passam, a tensão aumenta, a ira arde sobre meu peito e eu quero apenas enfiar uma faca no coração do meu pai.
E eu quase pude sentir que tive a oportunidade naquele momento tão longo tive uma sensação de que seria atacada.
Por ele.
Por alguém.
Por quem quer que fosse do outro lado da porta.
E reagi por instinto; segurei uma lança feita de raio que eu apontei para a porta e ela atravessou a madeira, então tudo o que eu ouvi foi um grunhido feminino e só tive tempo para sustentar a lança e pegar a minha peruca.
Foi quando sai da penumbra que a vi, com os dois braços atravessados pela lança e ela fazendo força para resistir.
— Tsuna? — disse com a minha voz, afetada. Então pigarrei e desenergizei a lança.
Ela estava com duas servas que imediatamente a acolheram, enquanto que eu apenas ajeitei a peruca.
— Menina. Sagrados divinos. Como você ataca antes de perguntar? Está tudo bem! — ela gritou para quem quer que fosse no corredor, que se aproximava.
— Não estava mirando no coração — olhei-a de cima. — O que quer? — rudeza não combinava com Izanami, então amenizei. — É bem tarde para a senhora perambular pelo Templo.
Tsuna se arrasta para dentro de casa, balançando os braços que espalhavam sangue escuro até, de repente, começar a se curar sem usar nenhum tipo de magia. Eu nunca a vi fazer isso, apenas que ela entra, é mais alta e corpulenta do que eu, me força a dar três passos para trás até me sentar na cama de volta. Ao erguer a minha mão, nota em todos os ferimentos e calosidades, resultado das seguidas batalhas contra todo tipo de mulher e homem; incluindo o irmão mais novo do general supremo Hishal, o capitão Kizan, um dos melhores Guardiões de todos os tempos... empatamos.
— Vim ver como você está. Notavelmente suas energias parecem não ter fim, mesmo tendo enfrentado três fortes oponentes hoje.
Dobrei minhas pernas doloridas.
— Tesauro tem colocado oponentes bem fortes para eu enfrentar, não? Temo que ele queira me expor, fazer com que as pessoas deixem de acreditar em mim.
— Você não acredita em si mesma? Seu ar de esperança parece abalado — ela disse, ao arrumar os cabelos sobre as orelhas finas e pontudas. — Mas admiro sua força e perseverança. Seu pai ficaria orgulhoso do quão forte você está se tornando... Izanami-sama.
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O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)
Fantasy[VENCEDOR DO PRÊMIO #THEWATTYS2021 EM FANTASIA!]Izanami é, assim como todos no Santuário do Céu, descendente dos deuses japoneses que governam as forças naturais desse mundo; tempestades, neve, estações, chuvas, florações, o nascimento e por do sol...