(二十九) Aventura Fantástica

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Nós descemos por uma ladeira curva que ficava ao lado direito da escadaria, próximo à entrada da floresta por onde saímos naquele dia. Ali encontramos uma nova escada que nos deixa mais abaixo, em uma encosta. Lá em baixo há um grande e movimentado centro e algo como uma forma circular de pedra com kanjis talhados que brilhavam numa cor vermelha.

— O que é aquele círculo gigante lá embaixo?

— É uma das entradas seladas do Yomi — respondeu Akemi, apoiando-se sobre meu ombro amistosamente.

Nós levamos vários minutos para descer a encosta por uma escada estreita de madeira apodrecida pelas chuvas, olhamos pelo clima, olhamos pelas nuvens estáticas enquanto descíamos e pela praia onde havia alguns barcos atracados.

Quando chegamos aos pés da encosta, nos deparamos com três soldados de Tesauro, mas bastou que eles acenassem, pressionando duas vezes os dedos indicador e do meio contra o peito, para que ficássemos confusas. Hisashi acenou de volta e nós fizemos igual, isso nos permitiu prosseguir até uma casa encrustada na rocha. Na parte de trás dessa casa havia um quintal e o que procurávamos; uma forja. Dois cavalos negros comiam feno, um som característico de marteladas no metal tomou nossos ouvidos, além de faíscas brilhantes lá dentro.

— O que nós fizemos lá atrás?

— É uma saudação Akhan. Uma indagação do meu estado de humor. Corresponder da mesma forma significa que estamos bem.

— Bem... meu humor diz que quero bater neles até meus dedos sangrarem.

— Certamente me equivoquei ao pensar que fossem tão plácida quanto uma cascata.

Dei de ombros para Akemi. Hisashi caminhou à nossa frente.

— Conviver com Zu'rien vertendo ódio e ira me causou isso.

— Velho Baki! — se aproximou Hisashi da porta retangular, olhando no interior de uma casa redonda, o formato da rocha esculpida.

De lá, uma pessoa enfim surgiu.

Um velho magricela e alto, com cabelos brancos que arrastavam no chão e uma barba tão igualmente longa que ele precisava enrolar duas vezes ao redor do pescoço. Seus olhos eram diminutos, escuros, mal conseguíamos vê-los.

— Em que servir, meus jovens?

— Velho Baki — Hisashi presta uma respeitosa reverência. — Sou Hisashi, filho de Yen e Hiita, último nativo da Casa da Chuva, do clã dos Akhans. Essas são Akemi e Izanami, filha da casa de Makal e herdeira da Tribo do Céu.

— Aquela que derrotou um Shaofeng com uma flecha — o velho pontua. Eu sorrio, contente pelo reconhecimento. — Achei que o fim de minha casa chegaria antes que eu visse esses cabelos prateados novamente. O que querem?

— Não sei se já está a par da situação...

— Estou... os pássaros me contaram. Adiante, garoto.

— Er... — Hisashi gaguejou. Se antes pensava que Akemi era boa em "ouvir os pássaros falarem", fiquei impressionada com o velho que parecia realmente ter anos de conhecimentos e informações guardadas naqueles cabelos brancos. — Vou ser direto então. O que o senhor sabe sobre as quatro relíquias sacras?

O velho suspirou, caminhou fracamente até um banco de madeira, mas, desconfortável, entrou para dentro de sua casa e nós a seguimos. O lugar tinha de tudo. Parecia tão maior do lado de dentro do que era lá fora! Três portas de madeira estavam à nossa frente, todas fechadas. Por todo lugar havia instrumentos de metal, um imenso forno a carvão e instrumentos que usaríamos lá em cima para os cultos, para os cavalos e para as armas.

O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)Where stories live. Discover now