Capítulo 5

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Os primeiros raios de sol começavam a atravessar a grande janela do novo quarto de Julienne, o relógio marcava 5:20 da manhã. O clima frio estaria delicioso se não fosse pelo fato de que ela estava casada com um canalha. Olhou para o lado, a cama estava vazia.  Não percebeu quando Andrea saiu da cama, tinha adormecido, cansada de tanto choramingar.

Esfregou os olhos, se acostumando com a claridade, avistou Andrea na cadeira, a lareira estava em brasa, ele dormia mas seu rosto estava duro. Parecia não estar sonhando coisas boas.

Lembrou do beijo duro que lhe derá e das palavras sujas que jogou ao vento na noite anterior.

" Você já pode ter sido fodida"
"Você acha que eu vou foder uma cachorrinha medrosa como você?"

- Que se foda! - falou entre os dentes. Antes que Andrea acordasse e desse mais um show de explosão, Julienne retirou um par de roupas que levou na mala no dia do casamento. Com uma blusa do Batman, uma calça rasgada na parte dos joelhos, seu All Star surrado e a sua câmera pendurada no pescoço, Julienne saiu pelos portões da mansão Ufagazzi rumo a cidade. Andaria sem rumo, iria fotografar a cidade. Pelo menos teria um bom portifólio para quando voltasse à faculdade.

Pensou o que Betty pensaria. Ela iria surtar!
Casar sem a presença de Betty seria um dos crimes mais terríveis que cometerá nos seus 20 anos.

Andando sem rumo, ela parou em uma igreja. Ela nunca se casaria em uma igreja, se casou nos fundos da mansão, como se Andrea fosse um criminoso foragido.
                     
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Quando Andrea acordou, percebeu que estava sozinho. Olhou os quatro cantos do quarto, nada de Julienne.

- Porra! - praguejou. Se levantou com dificuldade, a briga com os capangas russos tinha esgotado o seu limite. o relógio marcava 8 horas, fez a sua higiene matinal e trocou de roupa, desceu as escadas do primeiro andar e foi em direção á cozinha, onde o seu pai estava tomando café.

- Papá. - chamou. - Pensei que tinha sido claro. Após as 7 todos os convidados sairiam da minha casa. - asbertiu.

- Buongiorno, Andrea. Eu vim dar uma checada na minha nora. Você sabe, ver se está cumprindo com os deveres de marido. Me contaram que você entrou na boate muito cedo ontem. - Olhou para o filho em reprovação.

- E o que você queria, Papá? Que eu trepasse com uma criança? - O velho engasgou com o café morno.

- Eu não quero saber, mio figlio. O que eu quero saber é quantos netos você me dará enquanto eu viver. Netos de um avô morto não servem de nada.

Canalha.

- E onde está Julienne? - Perguntou Andrea para Sofia, a governanta.

- Ela saiu faz um tempo, senhor. Bastante, na verdade.

- Ela o quê?
                 
- Ela não deve ter ido muito longe, Andrea! - exclamou Alfonso.

- Stronzzo! Claro que não foi! Ela não conhece nada a um palma da sua frente. Ela nem sequer fala italiano!

Pestinha. Essa menina era uma peste. Só causava problemas.

- Calma, fofinho! Olhando assim, eu até diria que você está louquinho por ela!

- Louquinho eu estou para não perder a porra da minha cabeça. Ou você se esqueceu, Han???

- Mulheres e crianças podem ser descuidadas,mas homens não. Eu sei, eu sei.

- Coloque Parrija atrás dela. Quero homens em todas as esquinas. Me ligue assim que encontrar a garota.

                   
Pelas ruas da cidade, Andrea entrava estabelecimento por estabelecimento, rua após rua. Sentiu o celular vibrar no bolso da calça.

- Hm? - falou sem muita expressão.

- Ela está passando no Pomodore! - exclamou Parrija

Andrea deu graças a Deus por estar a um quarteirão da rua em que Julienne se encontrava. Ao chegar na esquina, observou a garota de longe. Céus! Ela parecia realmente uma criança! Se vestia até como uma!

Ela fotografava tudo. Parecia uma turista abobada. Já fazia um tempo desde que a cidade não o deixava tão extasiado desse jeito.

Ao vê-la entrando na padaria, observou que ela estava sendo seguida. Uma dúzia de homens engravatados surgiram na porta e adrentaram na loja.

Puta que pariu,  gritou para sim mesmo.

Entrou na padaria o mais rápido que pôde, por sorte conseguiu pegar Julienne pelos braços e joga-lá em baixo da mesa mais próxima.

- Mas o que... - ela gritou assustada.

- Julienne, fique abaixada, não saia debaixo dessa mesa. Por nada.

Por nada.

Atordoada com o que estava acontecendo, Julienne só precisou escutar o primeiro tiro para saber que não era nada bom.

Andrea sacou duas pistolas que estavam escondidas em seu paletó, acertando 3 homens de uma vez. O quarto homem partiu pra cima onde se engalfinharam em uma luta corporal.

Como Andrea tem uma arma? Duas. Armas, Ela se perguntou.

Os minutos que se seguiram foram de tiros e mais tiros, e em algum momento, Julienne se levantou para observar o que estava acontecendo. Péssima ideia.

- Eu disse fica abaixada porra! - gritou Andrea, empurrando ela para debaixo da mesa onde a mesma parei a cabeça no pé da cadeira.

A cavalaria tinha chegado.  O reforço de Andrea chegará na hora certa.

Quando os tiros cessaram, Julienne se levantou do chão e uma dor pulsante atingiu a sua perna.

- Andrea...- chamou.

- Puta merda. - Falou o homem entre os dentes

Com Julienne nos braços, Andrea entrou no carro de Alfonso. Tudo era um zumbido, ele ainda não processará tudo o que tinha acabado de acontecer.

- Andrea, está doendo! - gritava Julianne que também estava atordoada.

Ela tinha sido baleada.

- O que você tá esperando porra? Vai! Vai! Vai! - gritou para Alfonso batendo no banco do motorista.

- O que caralho você tem na cabeça, sua tonta? - gritou para Julienne.

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Ao chegarem na boate, Andrea subiu com Julienne nós braços para o seu escritório, atrás deles, Alfonso carregava um kit de primeiros socorros.

Dor. Julienne só conseguia pensar na dor. Ela precisava de um médico.

Andrea a colocou deitada no sofá de seu escritório, ela reconheceu o local.

- Andrea, você tem que me levar para o hospital.

- Não posso te levar ao hospital.

- Mas o quê... - Enquanto Alfonso rasgava a sua calça com a tesoura, quase deixando a calcinha a mostra, Andrea segurou firme na mão do primo e afirmou:

- Eu assumo daqui. Pegue os materiais.

- Porra, você não consegue passar uma hora sem se meter em merda?

- Por que você não pode me levar para o hospital?.-  perguntava ela entre soluços.

- Você não sabe?

- Aqui estão as cosias. - falou Alfonso.

- Ok. Julienne. Eu preciso que se concentre agora. Precisamos tirar essa bala daí. No 3...

- O quê? Não!

- 1... - Andrea já tinha enfiado o alicate cirúrgico na sua perna e retirado a bala.
                 

A esposa de um mafioso | 1Where stories live. Discover now