Capítulo 20

581 27 0
                                    

Alguns dias se passaram desde o dia em que Andrea se declarou para Julienne, ela mal acreditou naquilo. Seu corpo ardeu em chamas ao ouvir ele dizer todas as palavras "Eu amo você", aquilo deixou Julienne surpresa ela nunca esperaria que ele dissesse a mesma coisa para ela.

Afinal ele era da Máfia um lugar onde o amor era uma fraqueza para eles mas ainda assim Andrea se entregou a esse sentimento, ele pôs toda essa crença de lado por ela. Ele não sabia como mas Julienne conseguiu mostrar a ele o outro lado do amor, um sentimento único que o fazia se sentir mais vivo do que nunca.

Julienne estava passeando no jardim pela manhã quando o mordomo apareceu e lhe disse que os avós dela a esperava.

- Diga a eles que já estou indo - fala Julienne docemente.

O mordomo a saldou e desapareceu dentro da mansão indo para a sala de visitas anunciar que Julienne já estava a caminho.

Quando Julienne pôs os pés na sala seus olhos ameaçaram derramar lágrimas, por tudo o que havia acontecido. De inicio ela relutou não era o que ela esperava para seu futuro planejado e arquitetado. Julienne tinha uma vida para trilhar mas isso desmoronou como uma avalanche em cima dela, e a sensação de ser traída ainda permanecia ali, o fato de ela ter se apaixonado por Andrea não muda o fato de que ela foi vendida. E recaiu sobre ela um fato: seus avós não lhe relataram o motivo de seu casamento, afinal porque ela foi entregue a Andrea?

- Filha, senti tanta saudade - disse Mônica indo de encontro a ela para um abraço, Julienne deixou ser abraçada mas também não retribuiu.

- Vó... Vô - os saudou - Sentem-se - disse apontando para o sofá.

- Estamos aqui para saber se está bem, estávamos com muita saudade, pequenina - falou seu avô sentado ao lado dela acariciando seus cabelos.

Aquilo fez sua mente viajar para quando ela era pequena, seus avós brincando com ela no jardim dos fundos, os bolos que faziam e no final queimavam porque Julienne se esquecia de vigiar o forno.

Ela se lembrou de todas às vezes em que eles foram seu porto seguro, seus seguranças fiéis que a protegiam e sempre queriam o seu bem independente das circunstâncias.

Seus olhos já estavam cheios d'água e quando ela se lembrou do dia em que a avó deixou de comer o seu cupcake para dar a ela porque já não havia mais. Aquilo a fez se lembrar da mulher que estava na frente dela e parecia que toda aquela fúria e raiva havia se dissipado então ela começou a chorar descontroladamente.

Mãos gentis e caridosas foram para suas costas e a acariciou confortando-a, tentando dizer a Julienne que estava tudo bem e que ela entendia o que estava sentindo. Seu avô apoiou a mão enrugada em seu ombro em um aperto cúmplice.

- Eu só preciso saber de uma coisa - falou Julienne levantando o rosto para seus avós -... Por que vocês me venderam para a Máfia? O que eu fiz?

- Você não fez nada, a culpa não foi sua - disse seu avô com delicadeza.

- O que é que aconteceu então? - indagou tremendo por causa do choro.

- Filha, sua mãe fez isso para te salvar - declarou Mônica.

- Explica melhor - pediu ela.

- Quando você nasceu os médicos acharam que poderia morrer se não fosse atendida com uma especialização de maior qualidade, sua mãe não tinha o recurso necessário para isso e então ela pediu ajuda ao pai. Ele não aceitou de primeira, claro, ele era difícil e indiferente com as pessoas - constatou Mônica - Em troca de te ajudar ele disse que você teria que se casar com quem ele quisesse, e mais uma vez ele fazendo as coisas ser sobre ele... Então ele achou conveniente você se casar com o Capo da Camorra e foi isso que ocorreu - explicou ela.

Julienne mal podia acreditar que o avô era um cretino estúpido, como ele poderia ter feito isso com a vida dela? Com o futuro dela? Isso ainda era importante para Julienne?

Depois de tantas mudanças na sua vida ela já estava preparada para o que viesse dali em diante, afinal era a esposa do Capo, deveria estar preparada para qualquer coisa.

- Mas como minha mãe não tinha recursos? Ela não havia se casado com um mafioso? - questionou Julienne.

- Sim, mas quando ela descobriu estar grávida de você ela decidiu fugir, fugir desse mundo sombrio e perigoso, ela queria que você tivesse uma vida simples e normal. Mas tudo fugiu do controle quando você nasceu com problema no coração e ela precisou de ajuda - explicou a ela.

- Eu não sei o que dizer, isso tudo é tão...

- Desconcertante - completou seu avô - Nós sabemos, por isso estamos aqui para dar todo o nosso apoio a você, nós te amamos...

-... Muito - disse Mônica.

E pela primeira desde que viu os avós pela última vez Julienne pôde sorrir, ela estava em casa novamente, com a família dela. Julienne achou que nunca mais poderia se sentir tão feliz como tava agora, talvez sua vida não tenha sido tão desastrosa assim, afinal ela tinha um marido gato e que a amava. Dava para acreditar? Ele amava Julienne.

- Será que um dia vai conseguir nos perdoar? - perguntou Mônica.

- Como eu não perdoaria os dois amores da minha vida? - disse Julienne com um sorriso doce no rosto e abraçou seus avós calorosamente.

Ela estava em casa novamente, enfim ela se sentia completa. Sua vida poderia melhorar, afinal já estava meio caminho andado. Certo?

A esposa de um mafioso | 1Where stories live. Discover now