[Cap.20] Estou indo para buscar meus sonhos.

7 5 4
                                    

Naquela tardezinha quando o sol já se ia ao longe pelasmontanhas, Idára voltava para o circo Lileu em passos tãodevagarzinho que uma tartaruga a passaria. Que foi isto quea esgotou por completo? Não queria pensar, entraria no acampamento e arranjaria qualquer espaço para dormir.Nisto seguiu para o amontoado de pequenas barracas, oambiente era distraído com o fim da tarde, todosdescansavam do lado de fora ou mesmo dentro. Descobriusua barraca quando encontrou seu baú a frente dela com ovestido roxo que emprestou Acácia. Tinha até pensado emagradecer quem teria montado o lugar para ela dormir,porém obteve ideia quando sua avó apareceu acompanhadade algumas outras mulheres e a olhou aliviada. Estivera forapor bastante tempo, mesmo assim não prosseguiu paraaveriguar nada e Idára entrou. 

Adormeceu rápido e acordou exausta, ficou um temporolando no lençol. Teve pensamentos de que deveria teragido mais, falado tudo e até mesmo extravasado. Selevantava e voltava para o mesmo lugar quando o desejo devoltar a cafeteria e a falta de coragem a cobria. A mente agiabem, a lembrando o jeito que a mãe a olhou quando ia saindoda cafeteria, a voz parecia doce a perguntar se ela voltaria,pareceria tão propício, um jeito que sua mãe poderia estarpedindo para resolver as mágoas. No entanto o lado racionalria e zombava, o lado Idára que ignorava sentimentos usavadesta tática para dizer que foi um erro sair da linha.Mostrou posturas e a feriu ao ditar que aquele semblante nãodesejava que ela aparecesse na cafeteria novamente, foramditos de caridade, de pena e porque não os dizer seriaestranho. Idára desejava muito confiar no primeiro, de queos sentimentos eram sinceros. Estava toda desalinhada e suavoz soou dentro de si que poderia suportar mais um pouco,nada a ganhar e perder que já não fosse seu antes. Voltaria lánovamente, a escutaria com o ruído, com seu preconceito, adaria chance de se explicar, mas agora tendo em mente adesconfiança e amargura. 

Pegou a estrada que levava ao centro de Suriname e seguiuaté a cafeteria de sua mãe. Encontrou Amália varrendo afrente, assim que a viu parou a tarefa e ela se aproximou, umdos figurantes em seu ombro esquerdo disse que os seus olhos se esgueiraram para ela sem qualquer ânimo, o outro figurante disse que isto estava contido naface dela, poderia ver as linhas de um sorriso pelo canto doslábios. Não quis se estabelecer nas cadeiras de dentro, sesentou do lado de fora, Amália trouxe duas xícaras. Não deumuito tempo em servi-la quando a primeira pergunta lheveio. 

— O meu pai é mesmo o Kaíke ou eu poderia a vir ser filhado Cisco? — Amália sentou-se primeiro, ainda adoçoucalmamente o café da filha antes de se pronunciar.— Naquela época que me casei com Kaíke nunca me vieraa mente me casar com outrem, era muito nova e nãoestava pronta para isso, na verdade não era o que eu queria.Você tem o nariz do seu pai. — apontou com o dedo a suaobservação — Sobre o casamento, Idára, eu aprendi a gostarmuito do seu pai ele... 

— Você sabe que ele te ama, não é? E mesmo assimescolheu uma vida sozinha, abandonando a nós dois! —esbravejou ela. 

— Eu respeito muito seu pai, ele foi muito compreensívelcom minha situação. É certo, iniciamos isto sem nenhumapreposição para o romance, mas passei a vê-lo com outrasmedidas e ele é um homem muito agradável a maneira dele.Veja Idára, cada um tem sua própria maneira... 

— Nada a prende. — balançou a cabeça em negação —Queria que ele fosse como você, é porque ele não é que você odeixou. Cisco era então mais parecido? 

— Cisco foi apenas um amor de adolescência e um grandeamigo, depois de um pouco mais amadurecida eu reconhecique não valia muito a pena apostar num relacionamento comele. Saberia que ele não levaria a sério o amor, talvez assimcomo eu, ainda não estaria pronto para isso. Idára, pôderetomar o fôlego? Se ficar deste jeito não poderei dizer muitacoisa, se acalme. — levou um copo de água a ela. 

— Por que você sumiu? 

— Eu não sumi, eu-só não estava lá.

Teve de rir com a resposta, como Amália não tinha ondefugir permaneceu em silêncio até aparecer um assunto. 

Em todos os cafésWhere stories live. Discover now