04. Memórias

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Wells Jaha — Wells? — gritou uma menina. Ele se virou, piscando na escuridão enquanto estava de guarda:— Priya? É você?— Não... Sou eu. Kendall.— Desculpe. O que houve? Está tudo bem?— Oh, sim, está tudo ótimo! — disse ela, repentinamente animada. Muito animada para o meio da madrugada. Por sorte estava escuro demais para ela ver Wells contrair o rosto — Só achei que você gostaria de um pouco de companhia. — Estou bem. Já vou trocar de lugar com Eric — mentiu. Mesmo sem ver o rosto de Kendall, podia sentir a decepção emanando dela — Agora volte para a cama antes que alguém roube o seu lugar.

Com um suspiro praticamente inaudível, Kendall se virou e voltou para a cabana. Quando ouviu a porta fechar depois de ela entrar, Wells voltou sua concentração à linha de árvores. Ele estava tão cansado que teve que usar toda a força para impedir que suas pálpebras cada vez mais pesadas caíssem.

Algum tempo mais tarde - poderiam ter sido minutos, poderia ter sido mais uma hora - um vulto emergiu das sombras. Wells piscou, esperando que desaparecesse, mas ele só ficava maior. Wells ficou alerta, ergueu a lança e abriu a boca para gritar uma advertência - mas então a forma entrou em foco, e as palavras morreram em seus lábios.

Era Bellamy.

Ele estava vindo na sua direção, um vulto desfalecido em seus braços trêmulos.

Wells saiu em disparada e os alcançou exatamente quando Bellamy caiu sobre seus joelhos. Seu rosto estava vermelho brilhante e sua respiração vinha em arfadas entrecortadas, mas ele segurou Oliver tempo suficiente para passa- lá aos braços esticados de Wells.

— Ela... ela... — disse Bellamy, pressionando a mão contra a grama para se equilibrar, enquanto se esforçava para falar — Ela foi mordida por uma cobra.

Well segura Oliver com força contra seu peito, seguindo até a cabana de enfermaria que improvisaram. O espaço minúsculo estava lotado de pessoas que dormiam - meia dúzia estava encolhida nos cobertores e nas camas restantes.

— Saiam — berro sem se importar com os murmúrios indignados e os protestos sonolentos— Agora! — coloco a mão em seu cotovelo sacudindo delicadamente — Oliver?

Me ajoelho e aproximo meu rosto do dela. Oliver estava respirando, mas com muita dificuldade.Vejo rapidamente Bellamy entrar. Agora com menos falta de ar. Ele grita com os outros que ainda estão na tenda.

— Todos para fora — disse ele a voz rouca por causa da exaustão — O que posso fazer? Cadê a Clarke? — perguntou ansioso.

— Apenas fique de olho nela. Clarke não está no acampamento.

Jogo ataduras e frascos por cima do ombro, rezando para terem soro antiofídico, rezando para conseguir reconhecê-lo. Me amaldiçoou por não estudar mais nas aulas de biologia. Me amaldiçoou por não prestar mais atenção a Clarke quando falava casualmente sobre seu treinamento médico.

— É melhor você se apressar — A voz de Bellamy veio do leito. Wells se virou para vê-lo agachado ao lado de Oliver, tirando o cabelo de seu rosto pálido.

— Não toque nela — me encolho com o tom agudo da minha própria voz — Apenas... lhe dê um pouco de espaço para respirar.

Bellamy olhou para os olhos de Wells — Ela não vai respirar por muito mais tempo a não ser que encontremos uma forma de ajudá-la.

Wells rangeu os dentes enquanto acoplava a seringa ao frasco e a posicionava sobre uma veia azul no braço de Oliver. Ele ficou imóvel enquanto seu coração batia forte numa advertência. E se ele estivesse errado em relação ao medicamento? E se ele errasse e injetasse uma bolha de ar fatal em seu sangue?

Still Us ~ Bellamy BlakeWhere stories live. Discover now