46• Let Me Go

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Prophecy - | Draco Malfoy |

Recolhi meu braço ao o sentir em contato com o pequeno pedaço de flanela molhado

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Recolhi meu braço ao o sentir em contato com o pequeno pedaço de flanela molhado. Draco o puxou de volta para si, repousando-o sobre seu colo com cuidado e voltando a limpar todo aquele sangue, mas sem dizer nenhuma palavra.

Eu não sabia onde estava, mas ter a brisa vinda do mar colidindo com meu rosto me acalmava. Era um final de tarde, o sol estava se pondo e o contraste das cores era maravilhoso.

Os dedos dele, tão desajeitados e desacostumados a fazer carinho, se esforçaram timidamente para me passar amor. Eu pude sentir pelo seu toque lento o quanto ele queria me dizer alguma coisa, e um arrepio percorre pelo meu corpo.

— Onde estamos?

— Foi o primeiro lugar em que eu pensei, talvez pelas lembranças que criamos aqui... Achei que você iria se lembrar. - riu fraco. — Estamos no Hawaii, a mesma praia em que eu disse que te amava pela primeira vez.

Um sorriso brincou em minha boca ao lembrar-me daquela noite de ano novo. A queima de fogos, enquanto eu estava presa aos braços do Malfoy e ele sussurrava em meu ouvido que eu era a mulher de sua vida, prometendo que nunca iria me deixar sozinha outra vez...

Eu gostaria de saber que aquele seria o momento antes de tudo chegar ao fim e ter dado um abraço de despedida. Hoje, quase estranhos que somos, sinto tanta falta do que um dia chegamos a ser.

— A pior parte de um rompimento acontece quando uma das partes continua amando, Draco. Mesmo diante do rompimento ou apesar da perda... - suspirei. — A cada dia você sente como se estivesse em uma guerra constante entre o esquecimento e a lembrança.

Fitei todo o seu o rosto com cuidado. Os traços finos e bem marcados, a pele branca e as olheiras roxas sob os olhos esbugalhados... Ele estava exausto, a expressão chorosa me partiu o coração em milhões de pedaços.

Draco se arrependia do lado que fôra obrigado a escolher, ele não precisava me dizer para eu saber que essa era a verdade, a dor em cada pequeno detalhe dele me entregava tudo... Foi o que despertou meu coração, assim como o que mais o machucou.

Seus dedos deslizaram por cima dos cortes abertos, ele os dedilhou suavemente como se completasse um pequeno desenho. Os mesmos movimentos se repetiram muitas vezes, quase como se o Malfoy estivesse preso em um transe de auto-tortura... Eu vi seus olhos marejarem e seu maxilar travar, ele estava lutando contra si mesmo.

— Eu sinto muito... Eu sinto tanto que isso tenha acontecido com você... Eu... Se eu soubesse, Makayla... - abaixou o olhar para a areia fina, engolindo em seco. — Se eu soubesse que isso aconteceria, eu nunca...

— Por que? - indaguei, recolhendo meu braço de seu aperto. — Por que me entregou para o seu pai, Malfoy?

O loiro se calou, ainda mantendo seus olhos distantes dos meus. O silêncio que se instalou era escandaloso, ele fere como uma navalha perfurando a garganta... Era agonizante.

— Eu.. Eu não sei... - murmurou, talvez mais para si do que para mim. — Estou devendo ao seu pai... Digo, ao Lorde das Trevas... Desde que, bem... Desde que eu não consegui...

— Desde que você não conseguiu assassinar o Albus... - completei, relaxando meus ombros. — Pretendia me usar para quitar um acordo com o meu pai... - ri baixo, negando com a cabeça. — Ele mentiu para você e para o seu pai, Malfoy. Voldemort não precisa de ajuda, especialmente para poder falar com a filha... Sempre que ele desejar, sabe aonde me encontrar.

A muitos anos, lembro-me vagamente de estar em casa com o meu avô, quando ele me desafiava para uma partida de xadrez nas noites frias e chuvosas do inverno. Era boa a sensação de aconchego e afeto que momentos como aquele me passava, a paz que me trazia e a sensação de felicidade que me surgia.

Sinto falta desses dias, mas me lembro especificamente de uma dessas nossas noites... As coisas não tinham ocorrido como era de costume. Em meio a uma nevasca de domingo, cerca de dois anos antes deu ingressar em Hogwarts, papai veio ao meu encontro.

Desde que recuperou seus poderes, longos anos depois de sua derrota, ele se mantinha em contato. O Lorde não se comunicava comigo, e eu muito menos me atreveria de ir ao encontro dele, mas sabia que ele estava sempre ali... Ali, escondido entre as sombras e se protegendo do inverno, em meu quarto em Godric's Hollow.

Eu não entendia o porque, mas a verdade logo veio a tona quando descobri que ele apenas estava protegendo um dos pedaços de sua alma... Apenas mais uma de suas Horcruxes. Ele não me queria como recompensa para perdoar aos Malfoy, apenas estava os usando para sua diversão particular.

— Makayla, eu não...

— Você não precisa se justificar para mim, Malfoy. - afirmei com a voz fria, desviando meu olhar do dele e fitando o horizonte. — Eu...

— Eu não posso! - gritou ele. Me assustei com o tom de sua voz, fazendo com que meu corpo recuasse num extinto de proteção. — Eu... Eu não posso te amar, Makayla... Amar você têm sido tão cansativo, têm machucado tanto... - disse lentamente, enquanto movia suas mãos em direção ao meu pescoço e minha bochecha. — Ele sempre vai te usar contra mim, ele sempre vai tentar ferir você... Eu não posso mais amar você, Makayla, não enquanto isso significar colocar a sua vida em risco.

Malfoy deixou sua cabeça descansar contra a minha enquanto eu fechava meus olhos que passaram a marejar. Meu corpo tremeu sob o dele, enquanto ele lentamente se ajoelhava e as mãos deslisavam por meus braços feridos... O soluço doloroso que saiu de sua garganta foi tudo que se podia ouvir naquela praia.

Eu me deixei afundar para ficar a altura dele, logo puxando seu rosto em direção ao meu. O beijo dele foi como uma pontada no meu coração, uma dor ardente e tempestuosa, mas ainda assim uma dor que eu adorava sentir.

Nos separamos a contragosto, mas ainda podendo sentir a respiração um do outro. Eu me sinto em um abismo quando estou com ele, e de alguma maneira isso era bom, porquê eu me sinto viva, mesmo que mal consiga respirar.

Algo dentro de mim doeu ao nos abraçarmos, como se eu estivesse quebrando, porque eu sei que a qualquer momento vai acabar e teremos de nos soltarmos. Mas, desta vez, quando eu soltar vai ser para sempre...

— Então me permita partir, Malfoy.

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