| c a p i t u l o 4 |

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                 PRIMEIRO PASSO

As águas estavam calmas, quase não dava pra sentir o balançar abaixo de nós. Em cada quarto que Luna nos colocou pra passar essa noite havia uma janela e sentada ao lado dela eu ainda podia me lembrar da Arca.

De como eu desejava está do lado de fora, flutuando, sendo a pessoa mais perto da terra, do que qualquer um de dentro da nave.E então eu fui pra terra, respirei fundo e havia ar suficiente pra encher meus pulmões, bebi toda agua que desejei e não a quantidade permitida, andei sobre o chão lameado e vi pela primeira vez uma árvore.

Mas então as guerras começaram, as mortes, e a sobrevivência, matavamos quem nos matava, destruiamos quem nos destruía, atiravamos uns contras os outros. Coloco a mão na perna e encaro o apoio de metal. Talvez Luna esteja certa de não trazer guerra ao seu clã, porque eles nunca mais seriam o mesmo depois dela.

Levanto a cabeça,depois de escutar uma leve batida na minha porta, a comandante dos Flokru surge logo em seguida e eu sorrio permitindo que ela entre.

- É lindo, não é mesmo. - Sigo seus olhos, e ela se senta ao meu lado olhando a janela. - O oceano.

- É uma das coisas mais lindas que já vi. - Sou sincera em responder e Luna parece perceber isso já que quando seus olhos castanhos param nos meus, eu sinto que ela sabe tudo que estou pensando.

- Está se sentindo bem Raven Reyes ? - Seus olhos seguem pra minha mão e eu a retiro do apoio metálico.

- Eu estaria melhor se a comandante dos Flokru fosse uma aliada de Pólis. - Encaro seus olhos de volta, e Luna sorri olhando novamente pro oceano. - E pode chamar só de Raven é como todos me chamam. - Sorrio de volta.

- Raven. - Ela sussura meu nome, um pequeno sorriso sai de sua boca. - Raven então. Eu trouxe isso pra você. - Suas mãos movimentam rapidamente por trás de uma das voltas do pano que abraça seu corpo e um pequeno pote aparece.

- O que é isso?

- É bom pra dor. - Seus olhos caem pra minha perna e eu arquejo desconfortável. - Toma, eu estou te dando. - Afasto suas mãos.

- Obrigado comandante, mas estou me sentindo bem.

- Não, você tá sentindo dor. - Franzo a sobrancelha. Como ela sabia que a minha perna estava latejando. - E isso pode ajudar.

- Meu povo precisa da sua ajuda, precisa do seu exército, minha perna está bem. Agora se- Antes que eu me levante e caminhe até a porta os olhos de Luna filtram os meus, seu rosto calmo me sonda e um sorriso surge assim que ela começa a falar.

- Foi difícil se adaptar ao oceano sabia? Eu e meu povo demoramos muito até fazer parte desse lugar. Há alguns anos atrás nós ainda descobriamos como morar sob as águas, e tínhamos muito a aprender. - Luna se levanta e começa a caminhar pelo quarto.

- Quais peixes comer, como fazer anzois, redes, roupas e tudo aquilo que com os pés na terra parece tão fácil. - Ela morde o cantinho da boca e sorri se sentando sob minha cama. - Há um tempo atrás uma doença surgiu, começou nos mais velhos. Vomito, dor de cabeça, coceira, e então grandes bolhas escuras pelo corpo, ninguém duraria mais de dois dias antes que o corpo todo virasse bolhas duras e pretas como pedra.

- Depois os médicos, e então os jovens, de pouco em pouco varios de nós morria, todo dia mais um. Eu não sabia o que fazer eu era a líder deles mas não podia parar aquilo. - Os olhos de Luna começavam a marejar e sua mente parecia viajar em uma lembrança antiga. - Então em uma manhã, eu me levantei visitei os doentes, ensinei as crianças, e quando fui treinar com os soldados. Minha irmã, minha pequenina Glimmer surgiu na minha frente com metade do rosto ferido pela doença.

Entre as EstrelasWhere stories live. Discover now