março de 2018

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—Anna Dalgliesh, eu já disse não. —escuto a voz de Henry assim que passo pela porta da padaria vazia pelo horário. A raiva era sentida pelo seu tom de voz. —Já atendo. —ele fala mais alto achando que sou um cliente, e mordo meu lábio olhando em direção a porta da cozinha.

—E você espera que eu fique calada? Ela está escondendo algo grave da gente... —eles estão discutindo?— Você lembra do natal? E do ano novo? De como ela se fechou?

Respiro fundo entendendo de quem eles estavam falando. De mim, dos meus problemas.

—Temos que esperar, um dia ela vai confiar na gente para contar. —Henry está confiante em suas palavras.

—Cinco meses Henry, isso devia ser tempo o suficiente para ela dizer o motivo de estar aqui! —Anna grita e engulo em seco deixando o prato delicadamente sobre a bancada.

Eu devia fugir, eles não deviam confiar em mim, só trago problemas para todos.

—As panquecas estão no balcão Henry... Deixei a receita com o prato —consigo esconder as lágrimas da minha voz antes de sair apressada da padaria.

—Mia. —escuto a voz do Henry antes da porta bater atrás de mim e nego com a cabeça enfiando as mãos dentro do meu casaco começando a caminhar apressada para minha casa. —Mia, espera.

Fecho os olhos parando de andar pensando em tudo que ouvi.

—Ela tem razão Henry. —falo alto sem me virar a fim de esconder minha expressão assustada e culpada. —Eu não sou confiável.

—O que? —ele parece claramente confuso e suspiro encolhendo meus ombros.

—Eu fujo de tudo que me assusta, eu não sou uma pessoa confiável... —imagino a expressão preocupada nos olhos azuis e me condeno mais ainda por envolver ele na minha bagunça. —Eu só trago problemas para quem está a minha volta...

—Amelia? —uma voz conhecida interrompe minhas palavras e sinto meu corpo congelar. —Eu duvidei da sua mãe quando ela disse que você estava na Itália.

Ele continua a falar caminhando em minha direção, o cabelo grisalho curto e um sorriso calmo nos lábios, abraço meu corpo dando passos para trás até sentir mãos em meus ombros.

—Quem é esse? —Henry sussurra em meu ouvido, mas não consigo falar nada.

Ele era quem? O motivo de eu estar fugindo? O motivo de eu estar quebrada?

—Quem é esse? —Joe pergunta assim que Henry abraça minha cintura me segurando.

—Sou o namorado dela. —Henry responde de maneira grossa me fazendo arregalar os olhos. — E você?

—Namorado? —Joe ri nos encarando com aquele sorriso debochado dele. Aquele sorriso que ele usou quando quebrou meu coração. — Esther não falou nada sobre um namorado.

—É mesmo? E o que mais Esther não contou? —os braços saem da minha cintura e meu amigo para na minha frente agora. —Escute aqui, eu não sei quem você é, e pra ser sincero não faz a mínima diferença. O que me importa é o fato de Amélia não querer você aqui, eu consigo ver no rosto dela isso, então é melhor você sumir.

—Henry...— sussurro antes que ele acerte o outro com um soco ou sei lá o que e sinto as mãos segurarem meu rosto me roubando um selinho.

O QUE?

—Está tudo bem meu amor, vamos para casa. —ele me da um sorriso de lado segurando minha mão começando a me puxar a caminho da minha casa, e eu apenas deixo ele me levar.

Dolce Pandoro - ConcluídaWhere stories live. Discover now