Abril de 2018

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Anna passa o braço no meu assim que saio da minha sala de aula ao liberar o último aluno.

—Eu, você, uma garrafa de vinho e bombas de chocolate.— ela parece animada como sempre enquanto caminhamos para fora da escola.

—O que estamos comemorando? —ergo uma sobrancelha confusa.

Fazia um mês que ela nem olhava na minha cara direito e agora aquilo?

—Nada, noite de garotas. — ela olha em volta e faço o mesmo prendendo minha respiração.

Ele tinha voltado.

—Henry contou sobre Joe não é? —resmungo sem querer parecer irritada ou incomodada.

Mas era meu segredo!

—Ele foi a padaria ontem a noite, falou algumas coisas para o Henry... —meu peito se aperta e sinto o pânico encher meu corpo.

—Que tipo de coisas?— sussurro com a voz sufocada enquanto ele se aproxima de nós duas com passos rápidos.

—Amelia. —meu estômago treme ao ouvir a voz dele, como se eu fosse vomitar. Ali na frente de todos meus conhecidos era mais difícil do que só com meu amigo, porque eu sabia que Henry não falaria pelas minhas costas. —Não tive o prazer de conhecer sua amiga.

O nojo me toma quando ele usa aquele tom de voz ao falar sobre Anna, o tom que usava com todas as mulheres durante nosso relacionamento, mas só agora eu notava a diferença.

—Não costumo ser apresentada a lixo. —Anna murmura ficando na minha frente, o nariz fino empinado, a postura na defensiva.

—Acho que deve estar havendo um engano aqui... —ele da um sorriso torto e arregalo os olhos quando a ruiva acerta o rosto dele com um soco.

—O unico engano aqui é o meu primo não ter quebrado tua cara ontem. —ela fala baixo e calma antes de começar a me puxar para longe dele.

Ela tinha feito aquilo mesmo?

Encaro o rosto delicado da minha melhor amiga, descendo para a mão agarrada no meu braço e começo a rir de maneira escandalosa.

—Você...bateu...nele— falo entre as golfadas de ar por causa das gargalhadas parando de andar e tento me controlar. —Deu um soco nele....

—Mia. —o rosto dela está tenso e logo ela está me abraçando com força.

—Ele não vai me deixar em paz? —sussurro parando de rir rapidamente agora.

Ele nunca vai embora.

—Ele vai. Nem que eu tenha que colocar fogo nele. —ela fala olhando meu rosto. —Ninguém vai te machucar minha garota, ninguém nunca mais vai te quebrar.

Respiro fundo encarando os olhos azuis e carinhosos dela e a abraço com força de uma maneira mais íntima do que nunca.

—Obrigada Anna, por tudo, de verdade, eu estaria perdida se não fosse você e Henry.

—Deixe disso. —ela se afasta, mas vejo que está emocionada também. —Henry já deve ter levado nossos doces pro nosso apartamento. —ela joga os cabelos pra trás começando a andar pela calçada.

Eu amo essa mulher.

[...]

O apartamento dos dois primos ficava em cima da padaria, então a cor laranja ainda era predominante dentro das paredes. Com um espaço aberto que englobava a sala de estar e a de jantar, cozinha separada e maior que metade da minha casa, e uma varanda linda cheia de flores.

Dolce Pandoro - ConcluídaWhere stories live. Discover now