" -Garota? - Anna se virou nas escadas ao ouvir a voz carregada de álcool do tio, respirou fundo o cheiro nojento da bebida e suspirou confusa. - Sabe, estou cansado disso.
-Disso? - a garota pergunta confusa com ele a estar interceptando no meio da madrugada depois de uma festa.
-Ter que conviver com sua presença na minha casa, ouvindo sua voz, sua risada, esses cabelos vermelhos. - ele se aproximou cambaleante e ela se afastou rapidamente sentindo nojo. - Tão linda...
-Acho que você está bêbado demais Tio Colin. - conseguiu falar apesar do medo que começava a sufocar sua mente e seus olhos se arregalam quando a mão dele segura seu braço.
-O que está acontecendo aqui? - a voz de Henry a salvou, ele sempre a salvava. - Seu velho nojento, tire as mãos dela.
Seu corpo foi puxado para atrás da parede que era seu primo de olhos azuis, ele encarava o pai com uma mistura de ódio e raiva no olhar.
-Quero essa vadia fora da minha casa até a semana que vem. - avisou o velho duramente antes de voltar para seu escritório.
Deixando os dois primos sozinhos e perdidos no meio da escuridão."
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A ruiva dizia a si mesma que não tinha motivos para se sentir traída, mas seu coração não aceitava aquilo de forma alguma.
O que ela mais odiava no mundo era como as pessoas tinham a facilidade de mentir umas para as outras. E por alguma razão acreditou que o primo nunca mentiria para ela, principalmente num assunto que envolvia Amélia.
Por anos Anna observou Henry se afundar em um vício que era proteger Mia até que ela o amasse, a longa espera, os dias de desespero quando a mulher foi embora. Anna acreditava que eles eram uma força inseparável da natureza.
Mas... Ela estava errada.
Agora observando o casal dançar de forma calma no jardim, Amélia com a cabeça apoiada no peito de Henry, Anna não podia evitar estar feliz pelos dois. Ambos mereciam aquele amor de uma forma tranquila e que só os dois poderiam dar um ao outro, eram almas gêmeas, ninguém negaria.
Mas e quanto a ela? Porque haviam a excluído do momento que devia ser o mais feliz da vida deles?
A ruiva não condenava a escolha de esconder os traumas de Mia, isso nunca, mas o casamento, a briga por causa do divórcio. Ela se sentia no meio de um jogo onde nunca ganharia, e aquilo doía.
Chame de egoísmo, inveja, teimosia, não faz diferença. Anna se sentia traída por eles.
Eles eram a sua família e não pensaram antes de mentir para ela durante meses.
Até o velho Colin sabia.
-Crianças... Podemos conversar? - escutou a voz dele, o homem que nunca ligou para a existência dela quando não era para reclamar dessa mesma, quem havia a expulsado de casa aos 17 anos depois de uma conversa estranha.
O casal parou de dançar e se aproximou da mesa onde a ruiva estava, Henry com uma expressão curiosa e Amélia claramente nervosa.
-Acho que eu vou fazer um café. - a morena murmurou apertando os dedos de Henry antes de se afastar beijando a bochecha da mulher mais velha na mesa. - Você me ajuda Marianne?
-Claro querida. - a loira se levanta outra vez e passa a mão no braço do filho e depois no da sobrinha antes de as duas entrarem na casa.
-O que está acontecendo? - Anna perguntou, o nervosismo de repente tomando conta de cada nervo de seu corpo.
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Dolce Pandoro - Concluída
RomanceFamília são aquelas pessoas com quem escolhemos passar nossos melhores e os piores momentos. Lar não necessariamente precisa ser um lugar. Pode ser uma pessoa, um país, cada um tem sua própria definição. Para Amélia Andrews essas duas palavras signi...