dezembro 2019

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Respiro fundo pela quarta vez no último minuto e encaro meu irmão mais velho que ria como se estivesse no circo.

—Qual é a graça? —pergunto sem encontrar o humor que vinha dele. Fazia uma hora que eu tinha voltado ao hospital, e Mary não me deixou entrar no quarto de Amélia, apenas agarrou a mochila com as coisas da baixinha e se trancou lá dentro com ela.

—Você vai casar em segredo. Você, o Henry, o mais romântico de todos nós vai se casar sem amor. — faço uma careta para a escolha das palavras dele. —Espere... Henry, você está apaixonado por essa mulher?

Ele ainda tinha dúvidas? Tudo aquilo não era prova o suficiente?

—Fale baixo. —murmuro agitado me afastando um pouco da porta do quarto. —Sim, estou. Qual o problema?

—Você não está forçando aquele doce de pessoa a se casar com você só porque a deseja? Está? —eu entendo meu irmão, nosso maior medo foi um dia estarmos agindo como nosso pai. — Não te criei para isso...

—Simon... Eu a amar como amiga ou não, a desejar, ou qualquer outra coisa não vem ao caso agora okay. —murmuro olhando para a porta daquele quarto. —Um dia, quando ela estiver pronta para receber o meu amor, na intensidade que ela quiser, eu direi a verdade. Enquanto isso, sou um amigo salvando ela. Pode manter esse segredo por mim?

—Sempre irmãozinho, sempre. — ele abraça meus ombros e suspiro. —Mamãe vai ficar louca quando descobrir que você casou sem avisar a ela.

—Eu peço desculpas depois para ela, com um belo bolo de chocolate. —ele ri com mais vontade e é nessa hora que a porta do quarto se abre.

Os cabelos dela estavam presos em um coque no alto da cabeça, as mãos escondidas atrás das costas, o meu moletom vestia seu corpo como um vestido cobrindo até os joelhos, e então, para minha grande surpresa, ela vestia o par de meias que eu tinha resgatado.

Com certeza os anjos no paraíso se parecem com aquela mulher, ou melhor, nem os anjos seriam tão lindos.

—Eu não preciso colocar saltos neh? —ela pergunta com um bico e solto uma risada indo até Mia abraçando ela com carinho. — Mary disse que é para a gente usar a capela do hospital, se não ela não deixa o casamento falso acontecer.

Mulher inteligente.

—Concordo com ela, é bom para as fotos. —Simon concorda e continuo olhando minha "noiva".

—Você está bem para andar até lá? —passo o polegar por sua bochecha recebendo um sorriso manhoso de volta.

—Na verdade minhas pernas doem um pouco, será que conse... Henry. -— Mia parece assustada quando a pego nos meus braços com facilidade. — Eu devia ter imaginado que você faria isso.

—Devia mesmo. —concordo começando a seguir os outros em direção a capela deixando que ela deite a cabeça no meu ombro.

— Vamos contar a Anna sobre nosso casamento falso? — Mia volta a usar aquelas palavras e mordo meu lábio pensando.

—Bom, apenas se for necessário contar a ela, quando voltarmos para a Itália já terá se passado um bom tempo. — murmuro pensativo olhando os detalhes do rosto dela novamente. —Você precisa parar de chamar isso de um casamento falso... Não é falso.

—Eu sei... —Mia encolhe os ombros parecendo assustada e me pergunto pela primeira vez se aquilo é mesmo uma boa idéia. —Só... Sinto que de alguma forma isso que você está fazendo por mim, isso tudo vai marcar nossas vidas e eu não quero que seja de um jeito ruim. Se um dia você se arrepender...

Dolce Pandoro - ConcluídaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora