Natal de 2017

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—Cheguei... —Anna invade minha nova casa carregando um prato gigante nos braços. —Trouxe comida... Henry avisou que você não tem um fogão ainda.

Eu só não tinha conseguido comprar antes do feriado chegar.

—Obrigada Anna, vocês são demais. —agradeço terminando de montar minha primeira árvore de natal. —Você acha que ta bonita?

Um braço envolve minha cintura e viro o rosto a olhando nervosa com aquilo.

—Está perfeito Mia, você se esforçou bastante. — franzo a testa envergonhada e animada com tudo mudando na minha vida.

—Obrigada. —agradeço novamente a ela sorrindo ao ver o homem gigante passar pela porta puxando o meu sofá para dentro. —Henry eu avisei que os homens da loja iam trazer. —vou até ele tentando ajudar, mas ele nem parecia cansado.

—Eles vão trazer as outras coisas. —ele me olha e aponta o outro lado do sofá. —pule por cima e empurre.

Ergo uma sobrancelha para a neve lá fora mordendo meu lábio, reviro os olhos e passo debaixo do braço dele subindo no sofá passando para o lado de fora.

—Ta frio. — grito recebendo uma risada vinda de dentro da casa e dou um empurrão no sofá ouvindo um "au" terminando a risada. —Você mereceu.

—Você amassou meu dedo Andrews, vai ter que dar beijo pra sarar agora. —ele murmura enquanto trabalhamos juntos pra levar o sofá para dentro, não que minha força realmente ajude em algo.

—Infelizmente para você, meus beijos só curam pessoas boas. — coloco as mãos na cintura quando terminamos e respiro ofegante. —Deus, to morta.

—Eu cansei só de olhar vocês. —viro o rosto vendo a ruiva no balcão da cozinha tomando vinho e comendo.

—Você é uma preguiçosa . — Henry murmura indo até ela roubando o garfo de sua mão e escuto meu celular tocando em alguma das caixas.

Continuo rindo até achar o aparelho debaixo da caixa com almofadas, mas meu sorriso morre ao ver o nome na tela. Ela tinha parado de ligar quando parei de atender ao decidir ficar aqui, talvez ela precise de algo, talvez ela precise de mim.

—Mamãe? —atendo indo para o quarto não querendo que os dois escutassem.

—Amelia finalmente —a voz soa superior como sempre, sem amor, sem carinho. — Pensei que tivesse sido morta por algum italiano e logo iriam me ligar pra avisar!

Respiro fundo esfregando minha testa me condenando rapidamente por ter atendido a chamada.

—O que você precisa? —luto para não demonstrar como estava frustada agora.

—Joe esteve aqui... —minha respiração fica presa na garganta, o quarto parece menor do que era.

—O que? —minha voz sai quase nula e aperto minhas unhas no meu braço rapidamente.

—Não se faça de burra, ele disse que quer conversar. —ela não fez isso, ela não...— passei seu número novo para ele.

Preciso me apoiar na parede quando meu corpo fraqueja. Isso não está acontecendo.

—Você o que? —luto para ter escutado errado, que aquilo fosse um pesadelo.

—Os dias como uma selvagem te deixaram surda? — pergunta irritada e engulo em seco. —Se você tivesse me dito seu endereço eu tinha dito a ele e vocês conversavam pessoalmente... Ou talvez você volte para casa.

—Eu não vou voltar Esther. —falo com raiva agora segurando meu choro. —Espero que um dia você entenda porque... Nunca mais me ligue, está me entendendo? Você não é mais minha mãe.

Desligo a chamada com as mãos tremendo e fecho meus olhos tentando controlar o pânico no meu corpo.

Eles não podem te machucar, eles não podem te machucar.

—Mia? —a voz de Anna me chama e logo sinto uma mão em meus cabelos. —Oh, querida vem aqui. —braços me envolvem e sinto meu corpo desabar enquanto soluço com a dor no meu peito. —Tudo bem... Tudo bem, estamos aqui. Você não está sozinha.

Levou alguns minutos até eu conseguir me acalmar, me afasto um pouco envergonhada esfregando meu rosto e encaro os olhos azuis dela.

—Desculpe por isso... Minha mãe... Complicado. —murmuro rouca recebendo um sorriso carinhoso.

—Vamos tomar um vinho, nos empanturrar de vinho e abrir aquelas caixas... Nós vamos te escutar. —ela sorri apertando meu braço.

—Só preciso de alguns minutos sozinha. —peço arrumando meu cabelo e Anna concorda caminhando pra fora do quarto.

Vou até meu banheiro me encarando no espelho lembrando do motivo de eu estar na Itália, o motivo de eu ter passado os últimos anos viajando.

Eu finalmente tinha encontrado minha casa, e era ali com aqueles dois estranhos gentis, eu não deixaria meus demônios estragarem aquilo.

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Dia 3

—Vamos montar a árvore de natal? —grito quase pulando em cima de um Henry irritado.

—Você me fez acordar as quatro da manhã de um sábado pra comprar essa árvore Amélia... —ele me encara mostrando a frustração, mas eu sabia que se não quisesse estar aqui ele não estaria.

—Só porque você me enrolou até hoje para ir comprar ela, eu queria ter montado no mês passado. —faço uma carinha fofa, juntando minhas sobrancelhas e ele desmonta em menos de dois segundos.

Sempre funciona.

—Eu te odeio. —Henry resmunga desamarrando a árvore da parte traseira da caminhonete dele e logo começa a carregar ela para dentro da minha casa como se fosse de plástico e não um pinheiro de verdade.

—Você me ama. —corrijo o seguindo enquanto ligo as luzes da casa ainda quentinha pela lareira que acendi a noite.

—Nos seus sonhos. —ele deixa a árvore no lugar arrumado pra ela e o ajudo a manter ela em pé sorrindo largo. —Você parece uma criança nessa época

—Você parece um velho. —murmuro mostrando a língua indo até os enfeites e sorrio. —É natal Henry, você adora o Natal.

Ele me encara sério por uns minutos antes de dar aquele sorriso que me desmonta e vir até mim puxando meu gorro de meus cabelos.

—Vamos montar essa árvore logo, quero dormir o resto do dia, no seu sofá. —ele avisa tirando a jaqueta enquanto vai até uma das caixas de enfeites.

—Eu poderia montar outra coisa. —falo antes que me dê conta e respiro fundo arregalando os olhos.

Essa tinha sido sem querer

—O que? —ele me encara como se não tivesse escutado direito e dou graças a Deus.

—Eu quis dizer que você pode dormir na cama, tem espaço suficiente para nós dois.

—Se você não se importar. —ele me olha desconfiado ainda.

—Ah claro que não, se você não se importar de eu talvez subir em cima de você.

Jogo aquela de propósito agora, recebendo um resmungo dele quando derruba a caixa das luzes.

Dolce Pandoro - ConcluídaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ