novembro 2018

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—Feliz um ano na Itália. —Anna grita me abraçando assim que abro a porta de casa para ela.

—Um ano te aturando? —ergo uma sobrancelha quando ela se afasta recebendo um dedo do meio como resposta.

Os ultimos meses foram os mais felizes da minha vida, sem ligações ou visitas inesperadas, apenas eu e minha pequena familia.

—Vamos sair para comemorar? Ou pizza e vinho? —ela me acompanha pela rua em direção a padaria para nosso café da manhã diário.

—Alcool... Aquele bar novo, ouvi dizer que eles tem karaokê —sorrio cruzando meu braço no dela a puxando quando um carro passa louco pela gente. —Stronzo. —grito de volta mostrando o dedo do meio para ele.

—Deixa. —Anna sussurra parecendo um pouco assustada pelo quase atropelamento e logo entramos na padaria vendo tudo arrumado já.

—Bom dia minhas garotas. —Henry vem até nós duas me abraçando apertado. —Um ano eihn, quem diria?

—Você. —mostro a língua rindo manhosa.

—É, eu diria. —ele pisca se afastando e leva seu olhar até a Anna. —O que houve?

—Um babaca quase nos atropelou, nada demais. —dou de ombros e vejo ela o encarar antes de ir para trás do balcão e se enfiar na cozinha. —Pelo menos eu acho que não foi nada demais. —resmungo confusa e ele concorda apontando o balcão antes de ir atrás da prima.

Suspiro dando a volta no balcão, cantarolo uma música qualquer enquanto pego uma xícara servindo café e decido qual das guloseimas eu vou comer.

Uhn, torta de mirtilo.

Continuo cantarolando assim que puxo um banquinho até o balcão e me sento começando a comer. Era cedo demais para o clientes chegarem, então me levanto assim que escuto o sino da porta tocar.

—Seja bem vindo a Dolce, o que eu poderia oferecer...—levo os olhos em direção a porta sentindo tudo parar ao ver quem tinha entrado.

Toda a felicidade antes em meu corpo escorreu rapidamente de meu sangue, minha respiração se tornou fraca e difícil, meus dedos procuraram a primeira coisa para se agarrarem, o que foi o garfo no prato.

—Você pode me oferecer muitas coisas Amélia...— Joe caminha até o balcão e dou um passo pra trás automaticamente como se apenas a proximidade dele já me ferisse.

—O que você quer? Porque voltou? —minha voz parece sufocada, como se a mão dele ainda estivesse em volta do meu pescoço, mesmo depois de anos. —Todos esses anos, e nosso último encontro não foram suficientes para você entender que não faço mais parte da sua vida?

—Você tem algo que eu quero, você não cumpriu a sua parte no nosso contrato de casamento. —arregalo os olhos e nego com a cabeça.

—O trato acabou quando eu pedi o divórcio, não sou mais sua mulher. —falo baixo olhando em volta querendo alguma forma de fugir daquela dor.

—Você nunca foi minha mulher... Nem sei se é mulher de verdade. — franzo minha testa confusa. —mulheres de verdade servem aos maridos... Querem dar uma família a eles

Ah... Ele não seria cruel a esse ponto? Seria?

—Eu não sei do que você está falando. —falo tentando não demostrar como as palavras dele tocavam em uma ferida pesada no meu peito.

—Não sabe? Oito anos te suportando por um único motivo —sinto meus olhos encherem de água. —Você sabe porque te trai? Sabe porque eu fodi outra mulher na sua cama? —ele da mais um passo pra perto do balcão e esbarro na mesa ao me afastar de novo.

Dolce Pandoro - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora