Capítulo 20 - O maior de todos os felinos

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A leoa até que era cuidadosa, considerando a forma que carregava Sahira. Dava para notar que ela tentava não machucá-la.

Começava a amanhecer quando chegaram a uma grande rocha que devia ser a toca do ligre. Vários leões e alguns tigres rondavam por ali, trazendo caça, cuidando de filhotes ou descansando.

Todos os olhares se voltaram para o grupo recém-chegado ao notarem o pequeno animal preto que uma das leoas trazia na boca.

Ela pôs Sahira no chão delicadamente enquanto Arátor anunciava sua chegada a um jovem tigre na entrada da toca. O animal listrado entrou e instantes depois saiu o que só podia ser o maior felino do mundo.

Era duas vezes maior que um leão, tinha patas grossas musculosas, o pelo amarelado tinha listras pouco mais escuras, com uma barriga branca, a cabeça grande parecida com a de um tigre, mas sem juba. Não que fosse preciso, uma vez que seu tamanho já dava toda a imponência que poderia querer.

Diante dele, Sahira se sentia pequena como um rato.

Logo atrás de Ekom vinham outros leões e alguns poucos tigres, e o coração da gata deu um pulo ao ver o irmão seguindo uma leoa com ar de gentil. Ele correu em sua direção assim que a viu, exclamando:

-- Sahi!

Sef pulou nela e os dois caíram no chão, rolando como sempre fizeram. Por cima dele, Sahira perguntou baixinho:

-- Tudo bem com você?

-- Sim, e você? Como chegou aqui?

-- Longa história – ela estava mais feliz do que nunca apenas por vê-lo.

Quando perceberam, Ekom os encarava, sorrindo com interesse. Perguntou:

-- Então são parentes?

Sahira ficou de pé e estufou o peito, tentando parecer tão respeitável quanto sua mãe.

-- Eu sou a irmã mais velha dele, herdeira do posto de feiticeira-chefe e detentora dos segredos de nosso povo.

Os olhos de Ekom brilharam e os demais leões começaram a murmurar entre si. O rei falou amigavelmente:

-- Temos muito o que conversar, senhorita feiticeira.

Sef se encolheu atrás da irmã e sussurrou:

-- Cuidado, ele é louco.

Ela seguiu Ekom para longe dos demais felinos, ainda que não gostasse de se afastar do irmão. Mas ele parecia mais confortável junto daquela leoa; talvez estivesse seguro com ela.

Ekom parou e se sentou, e Sahira fez o mesmo. Ela estava com medo, é claro, mas não podia demonstrar isso. Começou, tentando ser o mais confiante possível:

-- Senhor, o que sabe a respeito dos gatos? Sobre nossa magia?

-- Lendas, histórias. Ouvi que podem visitar o mundo dos mortos, entre outras capacidades.

Sahira resistiu ao impulso de balançar a cabeça. O rei só ouvira lendas, e a gata pensou em usar isso a seu favor.

-- Está bem, eu posso lhe contar tudo sobre o mundo dos mortos, porém, o senhor precisa me contar o que realmente planeja fazer com esse conhecimento. Pelas regras da magia, não posso revelar nossos segredos se não confiar no ouvinte.

A Feiticeira de BastWhere stories live. Discover now