A leoa até que era cuidadosa, considerando a forma que carregava Sahira. Dava para notar que ela tentava não machucá-la.
Começava a amanhecer quando chegaram a uma grande rocha que devia ser a toca do ligre. Vários leões e alguns tigres rondavam por ali, trazendo caça, cuidando de filhotes ou descansando.
Todos os olhares se voltaram para o grupo recém-chegado ao notarem o pequeno animal preto que uma das leoas trazia na boca.
Ela pôs Sahira no chão delicadamente enquanto Arátor anunciava sua chegada a um jovem tigre na entrada da toca. O animal listrado entrou e instantes depois saiu o que só podia ser o maior felino do mundo.
Era duas vezes maior que um leão, tinha patas grossas musculosas, o pelo amarelado tinha listras pouco mais escuras, com uma barriga branca, a cabeça grande parecida com a de um tigre, mas sem juba. Não que fosse preciso, uma vez que seu tamanho já dava toda a imponência que poderia querer.
Diante dele, Sahira se sentia pequena como um rato.
Logo atrás de Ekom vinham outros leões e alguns poucos tigres, e o coração da gata deu um pulo ao ver o irmão seguindo uma leoa com ar de gentil. Ele correu em sua direção assim que a viu, exclamando:
-- Sahi!
Sef pulou nela e os dois caíram no chão, rolando como sempre fizeram. Por cima dele, Sahira perguntou baixinho:
-- Tudo bem com você?
-- Sim, e você? Como chegou aqui?
-- Longa história – ela estava mais feliz do que nunca apenas por vê-lo.
Quando perceberam, Ekom os encarava, sorrindo com interesse. Perguntou:
-- Então são parentes?
Sahira ficou de pé e estufou o peito, tentando parecer tão respeitável quanto sua mãe.
-- Eu sou a irmã mais velha dele, herdeira do posto de feiticeira-chefe e detentora dos segredos de nosso povo.
Os olhos de Ekom brilharam e os demais leões começaram a murmurar entre si. O rei falou amigavelmente:
-- Temos muito o que conversar, senhorita feiticeira.
Sef se encolheu atrás da irmã e sussurrou:
-- Cuidado, ele é louco.
Ela seguiu Ekom para longe dos demais felinos, ainda que não gostasse de se afastar do irmão. Mas ele parecia mais confortável junto daquela leoa; talvez estivesse seguro com ela.
Ekom parou e se sentou, e Sahira fez o mesmo. Ela estava com medo, é claro, mas não podia demonstrar isso. Começou, tentando ser o mais confiante possível:
-- Senhor, o que sabe a respeito dos gatos? Sobre nossa magia?
-- Lendas, histórias. Ouvi que podem visitar o mundo dos mortos, entre outras capacidades.
Sahira resistiu ao impulso de balançar a cabeça. O rei só ouvira lendas, e a gata pensou em usar isso a seu favor.
-- Está bem, eu posso lhe contar tudo sobre o mundo dos mortos, porém, o senhor precisa me contar o que realmente planeja fazer com esse conhecimento. Pelas regras da magia, não posso revelar nossos segredos se não confiar no ouvinte.
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A Feiticeira de Bast
Teen FictionSahira é uma gata da terra de Bast, um oásis no deserto, povoado por gatos. Sendo uma gata negra, ela é dotada de magia e está em treinamento para se tornar uma maga. Um dia tigres e leões invadem sua casa em nome de um rei ligre tirano, e Sahira pr...