1937

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''...Chuva, doce chuva tão esperada, porque não viestes antes para me deleitar do teu esplendor...''

Deitado na cama de olhos fechados Edgar se concentra no som da chuva, no som das gotas caindo no telhado e no vento adentrado anunciando ele que sua partida não é imediata. é de costume Edgar enaltecer uma tempestade sua Elza sempre o adverte que tal costume é feio pois a tempestade é temor dos os homens para com deus. Batidas na porta ecoa no quarto.

- Edgar meu filho? Eugenio abre a porta do quarto do filho vestindo um roupão e segurando uma lamparina.

- Senhor? Edgar desperta de sua utopia e percebesse a imensa escuridão ao redor da lamparina.

- Tá tudo bem por aí? Se quiser pode dormir comigo e sua mãe. Eugenio sorri ao lembrar de seu pequeno filho com medo das tempestades, dormindo ao seu lado.

- Está sim meu pai, se me perdoe gostaria de ficar aqui em meu quarto. Edgar enfatiza que a tempestade já não o assusta, mas o agrada.

- Não de vangloria a tempestade se não jamais passara!!, boa noite meu filho. Eugenio adverte com um lindo sorriso em seu rosto.

- Boa noite, benção meu pai? Edgar puxa seu coberto para se cobrir, olha para seu pai que ainda está segurando a maçaneta da porta.

- Deus lhe abençoe. Eugenio fecha a porta e volta para o seu quarto.

Horas mais tarde ainda com as sombras da noite dominando os céus a lua estendida como rainha delas Edgar desperta ao som do trovão, a chuva ainda cai com força sobrea cidade mostrando que ainda tem muito por vir. Usando um pijama branco de mangas compridas listrado com um verde bebê Edgar levanta da sua cama para tomar um pouco de água, ainda sonolento Edgar abre a porta do quarto, entretanto ele ouve batidas na janela, confuso com o que ouviu Edgar se vira de costas para a porta e de frente para a janela que fica ao lado de sua cama. Ele espera ver algo ou não para que sua tese de que foi fruto de sua imaginação seja confirmada, pois para sua surpresa não é fruto da sua imaginação, uma mãozinha esticada surge no batendo varias vezes no vidro deixando Edgar assustado.

- Por favor abre aqui, deixa eu entrar por favor? A voz doce e melancólica se mistura com a chuva e os raios.

Edgar ao ouvir o pedido de ajuda logo se locomove se, sobe na cama se aproxima da janela com muita cautela para ver quem lhe pedi ajuda, ao olhar vê um menino todo aflito e tremendo de frio. Sua reação foi imediata, ele abre a janela e tenta puxar o menino para dentro do seu quarto exercendo força nos pequenos e magros braços Edgar fala ao ouvido do menino que lhe ajude fazendo escalada com os pés. Rapidamente o pequeno menino entrou caindo sentado em cima da cama, Edgar em questão de segundos tranca a janela.

- porque você estava na chuva? Edgar pergunta de uma maneira ingênua de acordo com que sua idade permite.

- E meu pai, ele me dá medo. Disse o menino da chuva

- Medo? Como pode ter medo do seu próprio pai? Edgar tinha sete anos, porém seu intelecto ainda e de uma criança inocente que não conhece as crueldades da vida, diferente do menino da chuva.

- Tenho medo dele porque ele e ruim, ele bate na gente toda vez que vem tarde da rua. O menino não consegue conter as lagrimas, ele põe a mãozinha nos olhos tentando esconder seu rosto. Soluça...respira.

Edgar ao ver o menino em pranto fica se saber o que fazer, ele cruza todos os dedos tentando tomar coragem de dizer algo para o menino. Ele aproxima e coloca seu braço esquerdo em volta do menino.

- Veja, a tempestade e forte, não é? Parece que vai destruir tudo e que não vai acabar nunca porem ela tem seu fim, sempre tem e ela sempre volta para nos lembrar que precisamos dela para florir. Edgar e um menino muito silencioso, mas observador, observar a chuva fez com que ele perde se o medo dela pois só com a chuva pode florir. O menino da chuva tira a mãozinha do rosto e olha nos olhos coloridos de Edgar.

- Nossa seus olhos são diferentes. Disse o menino surpreso ao ver uma pessoa com olhos de duas cores

- Sim hehe! E um verde e outro azul, meu pai disse que será o cativo de meninas. Edgar faz uma cara de nojo ao dizer o que seu pai pensa dos seus olhos.

- Hehe! Desculpa por aparecer assim, meu nome e Heron e o seu?. O menino enxuga as lagrimas e abre um lindo sorriso.

Os dois se apresentam e passam vários minutos rindo muito, eles fazem uma cabana com os lençóis de Edgar e contam piadas um para o outro arrancando sorrisos e gargalhos da mais pura alegria. O dia amanhece e o galo canta anunciando a chegada do sol, a chegada da grande luz do mundo mostrando se vitorioso contra as sombras da noite a lua sua rainha.

- EDGAR FRANCO! Elza grita ao ver os meninos deitado na cama, sua ira não tinha total força ao ver os meninos, mas ao ver os cobertores e lençóis sujos de lama. Edgar e Heron acordam assustados com o grito.

- Senhora mãezinha, o que foi?. Disse Edgar meio com os olhos abertos buscando despertar da sonolência.

- Que foi digo eu, quem é esse menino? Como ele entrou dentro do seu quarto, meu deus Edgar olha cor desses lençóis eu os troquei ontem à tarde. Elza se pronuncia com a voz de ira e melancolia catando os lençóis do chão do quarto, Eugenio aparece na porta usando um lindo palito preto.

- O que foi mulher pra que esse berreiro a essa hora da manhã, me ajuda aqui com a gravata. Eugenio sai pisando nos lençóis até chegar em Elza para que ela possa ajustar sua gravata.

- Eugenio olha onde pisa por favor, está deixando os lençóis piores. Elza da uma leve bronca em Eugenio. Ela ajusta sua gravata.

- Amor deixa de coisa sabão e o que mais tem aqui em casa e temos condições de comprar mais se precisar. Eugenio olha para o Heron que está sentado ao lado de Edgar na beira da cama. - Quem o menino Elza?

- Eu não o conheço, cheguei agora pouco no quarto do Edgar e vi os dois dormindo como ovelhas no inverno. Elza termina de ajustar a gravata de Eugenio.

-Edgar sabe que precisa nos dizer quando tiver visitas, você menino mora aonde? Eugenio se aproxima das crianças.

- Subindo a rua próximo ao bar da dona Heloise. Heron fala de cabeça baixa.

- Sei onde é, venha comigo vou deixar você em casa, seus pais devem estar preocupados e Edgar....quando eu chegar vamos conversar. 

Em sua sombraWhere stories live. Discover now