A gata

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"..eu não sei se aguento mais está situação, eu o amo porém viver em sua sombra tem custando me caro demais..."

   Os dias foram se passando, Edgar já desposara sua esposa, Heron trouxe sua mãe para morar em sua casa no condomínio do seu Calisto, um senhor de bom coração e muito conhecido na cidade por suas barcas de mercadorias. Berenice continua na casa de sua sobrinha dando lhe dicas de como ser uma boa esposa, no entanto sua presença na casa tem sido deveras desconfortável, sempre exigindo a presença de Heron, sempre dando lhe serviços leves e pesados até os mais abusados como limpar suas unhas. Tudo caminhava da maneira perfeita para Edgar, tinha a presença do homem que ama, uma casa , um carro, um excelente emprego e boa fama na cidade, porém a vida tinha se tornado um fardo para Heron, sofria retalhações e humilhações todos os dias, comia as sobras que Berenice, Edgar e magnólia deixavam após suas refeições, dormia em um pequeno quarto que cheira a besouro é mofo, a vida de criado havia se tornado um fardo , porém Heron se mantém firme por amor a Edgar.

— passe me o mel Heron por favor. Disse Edgar sentado na cabiceira da mesa.

— sim senhor. Heron passa o pote de mel para Edgar.

— criado gostaria que arrumasse meu guarda a roupa, acho que um gato entrou lá ontem a noite caçando um rato talvez, está uma bagunça. Disse Berenice tomando seu leite.

— sim senhora Berenice. O tom de cansaço na voz de Heron e notável.

— porquê não manda Eliza fazer, ela e paga paga isso não é?. Perguntou Edgar passando mel no pão fresco.

— eu a demiti senhor meu marido,  minha mãe colocou criados demais nesta casa, Heron e sadio e forte , não precisamos dela. Magnólia fala com fervor

— ela está desaparecida senhor, sua mãe a senhora Fátima reza todos as noites na igreja para que deus dêem um sinal do paradeiro da menina. Heron fala segurando as lágrimas de seu rosto.

— sério? Meu deus o que será que lhe aconteceu?. Assustado fica Edgar.

— ouvi boatos que se alojou no mais novo bordel da cidade o "baila", após a morte de dona Heloísa sua irmã Sebastiana ficou com estabelecimento. Informou magnólia, ela degusta um pouco da sua salda de fruta.

— dona Bá é assim que a chamam minha senhora. Disse Heron corrigindo magnólia.

— pouco me importa como a chamam, e uma quenga , uma mulher de preços. Magnólia sente irá ao ser corrigida por Heron.

— eu a vi entrando no bosque senhor noites atrás, chorava muito , no dia seguinte notei que não havia rastro de quer dela no bosque. Heron informa com temor.

— o boque de nossa casa ?. Perguntou Edgar.

— sim, eu mesma a acompanhe para pegar algumas plantas para fazer chá a sua pobre mãe, ela estava acamada. Berenice olha para Heron.

— peço perdão a todos vocês por está de fora de tais assuntos, o senhor seu pai é um homem com pedras na cabeça, ele não me ouve , o café um dia foi a moeda de lucro mas agora não, agora é o cacau, o plantiu de cacau gera muitos lucros ao dono das terras e ao país, mas seu pai...seu pai. Edgar fala de maneira totalmente desgostoso do senhor Bonifácio.

— papai sempre foi difícil de lidar senhor meu marido, mas ele o ouvirá, hoje mesmo estarei eu indo a sua casa , direi a ele para ouvi-lo sabiamente. Magnólia limpa boca com o avental.

— agradeço a ajuda senhora minha esposa. Edgar estende a mão para pegar seu copo de suco. Uma boa dose para se despedir da mesa. — com sua licença, tenho que ir. Edgar se levanta da mesa e sai para fora.

— senhoras com sua licença. Heron vai atrás de Edgar com palavras presas em sua garganta.

    Edgar desce as escadaria de sua casa rumo ao seu carro que está estacionado a frente da casa. Ouve de longe Heron chamá-lo.

— Edgar, espere. Heron desce a escadaria. — assim de sair do  armazém vá ao bordel baila , diga que tem alguém para visitar que aloja se no quarto de número 33, estarei lá a sua espera. Heron não sente nenhum alívio em falar com Edgar, porém tem em seus pensamentos que está noite tudo se resolverá.

— um bordel você perdeu o juízo, as quengas saberam que irei ao quarto onde está. Edgar sente um absurdo plano o que Heron lhe disse.

— confia em mim ou não?. Heron se enfurece.

    Próximo aos dois um pouco distante está um gato preto como a noite, com olhos grandes e verdes como pedras verdes escuras.

— calma Heron, e lógico que confio em você eu... Eu o amo. Edgar olha de um lado para o outro, nota o gato porém em nada se manifesta.

— ótimo, te espero lá. Heron faz um gesto com a cabeça.

   Ambos seguem seus caminhos, Edgar segue para o armazém dos Treves na cidade enquanto Heron segue aos seus afazeres no casarão. Após dar comida aos bixos, limpas a casa e as cortinas Heron segue para o quarto de Berenice para organizar seu guarda-roupa. As roupas estavam um tanto jogadas dentro do guarda-roupa, blusas, meias etc. Após organizar todo o guarda-roupa Heron senta na beira da cama, o cansaço lhe toma por inteiro, as penas doem e as costas latejam. Procurando fôlego Heron ergue a cabeça para cima , se joga com o corpo encima da cama de olhos fechados, ao abri-los nota-se algo pregado no teto , algo que se disfarça com o foro de madeira. Ele fica pensativo e curiosa, "o que se esconde neste madeira falsa" pensou Heron. Rapidamente dirigiu se ao interior da casa para poder entrar no porão onde a escada e matérias de carpintaria são guardados. As portas do porão são pequenas e duplas , abertas para fora em um só movimento.

   Heron puxa o bastão que atravessa a porta , joga para o lado , e puxa as portas em um só movimento. Ao abrir Heron nota que a luz de velas dentro do porão, ouvi se  um miado , ele se vira para ver e é surpreendido com o pulo do gato em seu rosto. Heron cai tropeça na beirada das portas do porão caindo de costas bolando escada a baixo...um desmaiou é inevitável.

O gato mia mais uma vez , deixando a fenda de seu olhos verdes tão grande como a lua.

Em sua sombraWhere stories live. Discover now