Prólogo

1.3K 58 17
                                    

•• Cristina Megalos ••

Já faz uma semana que estou ansiosa e ando correndo pela casa enquanto perturbo o papai para me dizer quem é o meu novo amigo, finalmente vou ter alguém para brincar comigo. Eu nunca tive amigos pois meus pais não me deixam sair de casa, sempre quis ir a escola mas eles contrataram uma velha para me dar aulas particulares desde quando eu tinha apenas três anos. Hoje em dia eu tenho 10 anos, já passou muito tempo né?

Meus papais vivem trabalhando e minhas únicas companhias é as bonecas e as empregadas que são sempre rabugentas, não são legais e mal falam comigo.

Deixei minha bagunça de lado e fui procurar o papai, quero meu amigo logo. Achei ele perto do início da escada conversando com a mamãe.

- Papai, quando é que meu amigo vai chegar? - pulei em seus braços e segurei seu rosto com minhas mãos.

- Cris, deixe de euforia! - disse enquanto sorria e fez cócegas em minha barriga. - Ele chega daqui a pouco tá bom meu amor?

- Tá bom papai! - dei um beijo nele e desci dos seus braços.

Subi as escadas correndo enquanto escutava a mamãe brigando comigo por estar correndo, achei graça e continuei até chegar em meu quarto.

- Nina, eu vou ter um amigo de verdade! - me joguei em minha cama enquanto falava com a minha boneca e a erguia sob meus olhos. - Papai me disse que era um menino, será que ele vai ser legal comigo?

Comecei a brincar com todos os meus brinquedos e tenho certeza que a mamãe vai brigar comigo por causa da bagunça, eu sou igual o papai, só faz bagunça, e a mamãe fica no nosso pé.

Deixei minhas bonecas de lado e fui sentar perto da janela, acho muito linda a vista da janela. Aqui em Corinto é tudo muito lindo e encantador, existe uma história por trás de cada parede e eu adoro ouvi-las. Meu lugar favorito para passear é a ponte, mas só saio com o papai e com a mamãe e isso as vezes é chato porquê eles ficam falando coisas de adultos.

- Cristina!!! - escutei o grito da mamãe e acabei levando um susto.

- Já vou! - gritei de volta e saí correndo do quarto.

Tenho certeza que meu amigo chegou, ele vai brincar comigo de cavalinho, de corrida...

- Esse é seu amigo meu amor! - papai falou e apontou para um moço bonito assim que fiquei ao seu lado.

- Não papai! - cruzei os braços e o olhei com raiva. - Esse moço é velho, eu quero um amigo para brincar comigo!

- Eu posso brincar com você! - o moço falou e eu fiquei atrás da mamãe.

- Você não sabe brincar! - falei baixinho.

- Sei sim, sei até fazer trança no seu cabelo! - o moço estava todo convencido e eu duvidava disso.

Não acredito que o papai mentiu para mim e que não vou ter um amigo para brincar, mas se o moço diz que sabe fazer trança, já é alguma coisa.

- Quero só vê, me acompanhe! - comecei a subir as escadas, sem correr desta vez, parei na metade do caminho. - Ele passará por uma avaliação, se ele não passar, ele vai embora!

Falei bem séria para os meus pais e eles balançaram a cabeça afirmativamente enquanto sorriam.

- Seu nome é Cristina né? - o moço questionou quando entramos no meu quarto.

- Sim e o seu? - questionei e me sentei na minha cadeirinha rosa. - Pode começar a fazer uma trança no meu cabelo!

- Meu nome é Alexandre, mas pode me chamar de Alex! - ele começou a mexer no meu cabelo e em pouco tempo a trança já estava pronta.

- Amei! - falei assim que vi a trança pelo espelho.

- Então eu passei no teste? - o olhei e ele sorriu.

- Sim! - falei. - Você será meu amigo também?

- Se for isso que você deseja... - ele ficou com a mesma postura dos soldados dos filmes e deu um sorrisinho. - Serei seu amigo!

- Que bom, eu posso lhe visitar? Meus pais saem muito e eu não tenho ninguém para conversar! - comecei a ajeitar minhas bonecas e ele se sentou no sofá que tem aqui no meu quarto.

- Eu vou morar aqui com vocês! - o olhei meio confusa e ele voltou a falar. - Vou ficar no quarto ao lado do seu!

Comecei a fazer várias perguntas ao Alexandre pois eu não estava entendo nada.

A gente conversou por alguns minutos e ele me falou que tem vinte e três anos, que os pais dele morreram à algum tempo e ele não tem irmãos, não tem ninguém e eu gosto de pensar que meus pais o adotaram.

- Posso dizer que você é meu irmão? - juntei minhas mãos e o olhei suplicando.

- Acho que pode sim! - dei um grito animada e ele começou a rir. - Vai ser muito bom ter uma irmãzinha elétrica como você!

- Posso te dar um abraço? - pedi.

- Claro! - pulei em seus braços após sua resposta e o abracei pelo pescoço.

No começo fiquei triste por ele já ser adulto, pensei que ele fosse chato como os outros e que eu continuaria sozinha enquanto meus pais não estão, mas ele é divertido e agora eu tenho alguém para conversar e provavelmente brincar.

Agora eu vou pedir para o papai deixar eu ir a escola, não aguento ficar todos os dias presa em casa igual a rapunzel.

- Alex? - o chamei após solta-lo.

- Oi? - ele falou e me olhou.

- Você acha que o papai deixa eu ir a escola? - me sentei ao lado dele e olhei em seus olhos.

- Que tal conversarmos sobre isso com ele? - saí do sofá e comecei a dar pulinhos de tão animada que fiquei.

- Vamos logo! - peguei em sua mão e saí correndo enquanto puxava ele. - Papaaaai!!!

- Oi meu amor?! - escutei seu grito vindo do escritório e fui até lá.

- Eu posso ir pra escola? Não aguento mais aquela velha chata! - comecei a falar assim que abri a porta e o papai olhou para o Alex e depois olhou para mim.

- Pode, mas o Alexandre vai te levar e buscar!

●●●

Para Sempre Seu ProtetorWhere stories live. Discover now