Capítulo 10

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•• Alexandre Pachis ••

O dia mal começou e eu já tinha que resolver problemas. Uma das funções que o senhor André ama deixar para mim, é as cobranças pois ele sabe dos métodos que uso.

— Lembra do Romantini? — ele questionou enquanto eu colocava as munições no carregador.

— Lembro sim, ele está devendo de novo? — ele assentiu e juntou as mãos sob a mesa. — Vou ter que pegar mais pesado então!

— Precisa de reforço? — ele indagou e eu sorri.

— Não preciso! — fiz uma pequena pausa e no mesmo instante surgiu uma curiosidade. — Quanto ele está devendo desta vez?

— Dez mil! — após me responder, ele voltou sua atenção para a papelada que estava em sua frente.

Saí do escritório sem dizer mais nada e fui cumprir o que me foi dado, quanto menos eu demorar, melhor. Entrei no carro e dei partida, a adrenalina já estava começando a percorrer o meu corpo e como consequência, pisei ainda mais no acelerador. 

Nesses momentos eu preciso estar frio e sem dó de ninguém, todas as pessoas que devem para o André não prestam, são fracos ladrões, drogados, alcoólatras, aproveitadores… Não merecem piedade de ninguém.

Sobre o Romantini a única informação que eu sei, é que ele está sempre pedindo dinheiro emprestado para o André, uma quantia alta inclusive, para quê ele quer ainda é um mistério para mim, mas hoje eu vou descobrir por bem ou por mal.

O caminho até a casa dele foi um pouco longo, mas finalmente cheguei. Desci do carro e bati na porta de sua casa.

— Alex… — ele estava nervoso, era perceptível em sua expressão facial.

— Não vai me convidar para entrar? — falei com seriedade e ele abriu espaço para que eu entrasse.

A casa dele é simples, mas tem conforto e o necessário para viver uma vida tranquila. Eu não entendo como as pessoas tem uma vida sossegada e buscam pela confusão, buscam se envolver com pessoas "barra pesada".

— Eu sei o que você veio fazer aqui, mas eu já adianto que não tenho dinheiro, preciso de mais tempo… — suspirei cansado, de tanto que já ouvir isso de todas as pessoas que tenho que cobrar.

— Todos me dizem isso… — falei e ele me olhou como se estivesse suplicando. — Você nunca vai conseguir essa quantia de dinheiro, essa casa já esta hipotecada, você não tem nada de valor, que garantia eu tenho de que você vai me pagar? 

Não sou um monstro que já chega na covardia e espanca quase até a morte, primeiro eu converso e procuro outro caminho que não envolva violência, mas só sou assim com as pessoas que me transmitem bondade. Aqueles que eu sei que são bandidos, um zero à esquerda que não faz falta para ninguém, a conversa é pouca.

Romantini parece ser uma boa pessoa, mas está se metendo com quem não deve, pedindo dinheiro a quem não devia…

— Vou te dar o meu bem mais precioso… — fiquei confuso com o que ele falou e só entendi quando ele saiu e voltou com uma bebê no colo. — Minha esposa deixou ela comigo e foi embora, não quis a menina e nunca me contou que ficou grávida, o dinheiro foi justamente para montar um lugarzinho para ela aqui em casa e para comprar comida…

Um nó se formou em minha garganta e eu fiquei completamente estático. Vê-lo lutando pela filha que nem sabia que estava por vir me fez lembrar da minha mãe e de tudo que ela enfrentou para me proteger quando eu era indefeso.

— Romantini… — ele colocou a pequena em meus braços enquanto seus olhos enchiam de água. — Não posso aceita-la como garantia!

Me recuso a retirar um filho de um pai amoroso, me recuso a separar pessoas com um laço tão forte…

— Aceite! — ele insistiu e eu segurei a menininha que me olhou e logo depois sorriu. — Eu vou lutar por ela, vou fazer de tudo para conseguir o dinheiro, eu prometo. Apenas me dê um pouco mais de tempo!

Olhei em seus olhos e vi que estava sendo sincero como nunca foi, parte de mim pede para não ter dó e outra parte luta para que eu entenda essa situação.

— Vamos fazer o seguinte, levarei ela comigo e cuidarei como se fosse minha. Mas para a sua segurança e para a segurança dela, não conte nada para ninguém, pois se o Sebastian souber, você e ela morrem! — fiz uma pausa para que essa parte ficasse clara e logo em seguida continuei. — Te darei quinze dias. Sua dívida não vai ser mais com Sebastian, será comigo. Mas se você não me pagar, eu não devolvo a menina!

Ele não conteve as lágrimas e chorou como uma criança, Romantini caiu ajoelhado e chorou…

— Muito obrigado Alex! — ele pegou em minha mão e a beijou. — Mas como o Sebastian não ficará sabendo?

— Não se preocupe! — sorri sem mostrar os dentes e ele levantou. — Você tem cadeirinha para que eu possa leva-la?

— Tenho! — ele saiu correndo e voltou com cadeira da menina. — Comprei ela porquê queria sumir daqui assim que pagasse a minha dívida…

— Certo! — peguei a cadeira e comecei a ajeitar a menina. — Qual é o nome dela?

— Luz! — ele falou e sorriu. — Vou pegar as roupas dela!

Romantini saiu e eu continuei olhando para a pequena Luz, tão pequenininha e já envolvida em uma confusão dessa. Seus cabelos finos e loiros fazia com que ela parecesse ainda mais como um anjinho, sua pele branca e rozeada a deixava como uma boneca. Ela é muito encantadora.

— Aqui está, e a documentação dela por precaução! — ele me entregou uma bolsa enorme rosa e deu um beijo na testa da Luz. — Ela tem apenas cinco meses, cuida bem dela!

— Cuidarei! — peguei tudo e saí dali o mais rápido possível antes que eu desistisse.

Agora eu estava dentro do meu carro, com um bebê no banco de trás e totalmente perdido, suspirei e comecei a pensar no tanto de coisas que preciso fazer. 

Primeiramente preciso pagar a dívida do Romantini e para isso eu preciso sacar dez mil. Depois preciso comprar comida pra Luz e arrumar um lugar para ficar com ela. Também preciso buscar a Cristina na faculdade e lidar com a frieza que ela está me dando, tinha até esquecido desse detalhe.

Finalmente dei partida no carro e fui ao banco, dessa vez não corri. Ainda bem que tenho um amigo e ele agilizou tudo para mim, em poucos minutos eu já estava com a quantia em mãos.

— Agora vamos comprar comida pra você bonequinha! — ela fez um barulho de neném e eu sorri ao ouvir.

Em pouco tempo já estavamos no mercado e depois fomos direto na farmácia para comprar algumas coisas de bebê.

— Precisa de mais alguma coisa? — questionei para a recepcionista da farmácia.

— Primeiro dia sem a mãe da neném? — ela questionou e sorriu amigavelmente para a Luz.

— Pode se dizer que sim! — respondi e ela voltou a atenção para as compras.

— Com essas coisas dá pra passar bom tempo! — ela falou, sorriu novamente, eu paguei pelas coisas e fui embora.

Ainda tenho algum tempo sobrando, vou aproveitar para alugar um apartamento qualquer que fique perto da casa da Cristina e logo depois vou busca-la.

(...)

Após uma dor de cabeça terrível para providenciar tudo que era preciso pra Luz em tempo recorde, eu finalmente tive alguns minutos de paz antes que ela começasse a chorar.

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Oiiiiie ❤

Voltei mais rápido do que eu imaginei! Kkkk

E por essa ninguém esperava ne? Confesso que nem eu esperava, o capítulo simplesmente fluiu e vai render muito viu? 😉

Aguardem... ❤

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