[19] Eu sou igual a você

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[19] Eu sou igual a você


Observar o rosto sereno de Taehyung dormindo poderia facilmente se tornar uma das atividades preferidas de Seokjin. 

Poderia perder o tempo de uma vida apenas para analisar seu rosto moreno, presenteado com uma pintinha discreta na ponta de seu nariz mais avantajado que o dele, fazendo  o mais velhor ansiar sentir a textura macia a todo instante. Seus lábios rosinhas tinham o inferior maior que o superior e, nos devaneios daquela manhã na qual acordou ao lado do acastanhado, notou que o remetiam ao formato de um coração. 

Taehyung era fogo e fascínio. Taehyung era lindo. Taehyung era gentil. Taehyung era de fato sua chance. 

A noite que passaram se esquentando em frente à fogueira foi indescritível. Nunca experimentou antes sentir a paixão por meio de tocaelas e beijos.  Ele se deleitou com absolutamente tudo que Taehyung quis proporcioná-lo – beijos calmos e gentis; os apertões em sua cintura; as palavras de incentivo e louvor. Há muito não se sentia tão... mimado. Se dependesse do acastanhado, alimentaria ele mesmo a boca de Seokjin. 

E era bom, tão bom que Seokjin até mesmo se assustava com as batidas erráticas que seu coração fazia toda vez que Tae o mostrava seu sorriso mais admirado. Se as coisas continuassem daquele jeito, ficaria muito acostumado a ser tratado como uma espécie de divindade contemporânea. Aquilo não era bom para o seu ego e o garoto fazia questão de amaciá-lo o tempo inteiro. 

Remexeu-se na cama, ainda sendo inundado pelas lembranças da noite anterior. Um arrepio gostoso se espalhou pela nuca ao relembrar do ponto em que cavalgou em Taehyung numa dança lenta e sensual. Sentiu-se muito sexy como há muito tempo não se sentia, e foi tudo culpa do garoto abaixo de si, com suas mãos quentes massageando a cintura alheia e os olhos escuros que o veneravam e superestimaram. Foi uma noite mergulhada com luxúria e desejo, com muitos beijos molhados e estalados, mas também houve o carinho e a cumplicidade que tanto almejou.

Poderia ficar ali, deitado ao seu lado, observando seu corpo ser iluminado pela luz solar que escapava por entre as nuvens um tanto carregadas naquela manhã. Desejou poder ficar ali, sem emprego, sem responsabilidades e sem família. 

Apenas Kim Seokjin e Kim Taehyung.

 Uma paz avassaladora inundava seu ser apenas por assistir o peito do acastanhado subindo e descendo com calma, mergulhado em algum sonho bom. Estaria sonhando com ele? Era estranho, mas Jin desejou com forças que sim, e achou-se tão infantil por isso. Afagou a bochecha amassada com lentidão, observando meditativo a forma com que seu dedão se afundava na pele lisa e hidratada. Tete gemeu manhoso, virando-se para o lado contrário enquanto balbuciava coisas sem sentido. Seokjin riu baixinho e colou seu corpo ao dele, dando beijos castos em seu ombro nu e pescoço.

– Acorda, lindinho – sussurrou ao pé de seu ouvido ao mesmo tempo em que o abraçou cuidadosamente pela cintura.

– Hum – reclamou coçando os olhos cheios de remelas sem propriamente abri-los, bagunçando seus cílios longos e pretos. Seokjin o achou inusitadamente mais bonito ainda ao realizar aquele ato preguiçoso. – Não... – disse manhoso, virando-se para o mais velho e retribuindo o abraço, passando uma perna por cima dele. Seokjin sorriu de lado ao inalar o cheirinho de shampoo em seus cabelos. – Mais cinco minutinhos...

Jin riu baixo, deslizando os dedos nos cabelos embaraçados de sua nuca, desfazendo os nós gerados na última noite com gentileza. Decidiu dá-lo, literalmente, mais cinco minutos. Afinal de contas, seu coração estava aquecido naquela manhã de inverno, e era tudo graças àquele que jazia em seus braços. Permaneceu paradinho ali, com os olhos fechados suavemente, fazendo cafuné e sentindo a respiração quente de Taehyung bater em suas clavículas. O moreno não conseguia se lembrar quando foi a última vez que ficou assim com alguém na cama. Em suas raras transas, logo após terminarem a diversão, Seokjin abandonava a casa da pessoa ou então o quarto do motel. Detestava conversas pós sexo. Ali, entretanto, era bom o suficiente para querer ficar. Havia uma paz inédita em ter Taehyung ressonando baixinho em seu peito.

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