[8] Sorrisos indiscretos

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[8] Sorrisos indiscretos


Foi um choque para Taehyung quando mais de uma semana se passou e Namjoon sequer deu sinal de vida. Ignorou todas as mensagens enviadas tanto por ele, quanto pela genitora. Sra. Kim, nos primeiros dias, entrou num estado enfurecido, reclamava completamente indignada com o abandono. No decorrer da semana, entretanto, ficou extremamente triste. Era uma mulher pequena e, diante dos problemas com o primogênito, sua postura mudou tanto – os ombros caídos e inclinados para frente, num sinal de derrota – que pareceu diminuir mais ainda em sua estatura. 

Apesar de não demonstrar abertamente para o filho mais novo, talvez não querendo preocupá-lo, Tete flagrou sua mãe chorando baixinho enquanto cuidava da pequena horta que cultivava na pequena área externa, aos fundos da casa. Arrancava as ervas daninhas ao mesmo tempo que seu nariz escorria, fazendo-a fungar repetidas vezes. Foi uma cena terrível, principalmente porque o acastanhado congelou no lugar, sem saber exatamente o que fazer. Com o coração apertado, os olhos ardendo e a garganta dolorida, se sentiu culpado pela partida de Namjoon. 

Mas ele não negaria, no começo ficou contente com a ausência do irmão na casa. Isso significava mais liberdade para fazer quanto barulho desejasse sem ter de se preocupar, e também realizar suas tarefas domésticas no horário que entendesse ser apropriado. Sem ninguém para encher o seu saco e fazer a questão de dizer o quão inútil era, até mesmo o sol parecia brilhar mais bonito para si. 

Mas após flagar sua omma chorando... passou a sentir a mais crua e horrorosa responsabilidade pelo sofrimento alheio. Apesar de saber que Namjoon estava no "bem-bom" por ter buscado refúgio na casa de seu pai – Minjae vivia com muito luxo nas redondezas de Gangnam-gu – era unicamente com sua mãe que se preocupava. Sabia que nunca antes houvera uma grande discussão entre os outros dois e, apesar de tentar manter a calma, estava claro que a cada dia estava mais desesperada pela falta de contato do filho mais velho.

"Talvez eu não devesse ter chamado o pai de Namjoon de frouxo". Pegava-se pensando de tempos em tempos.

– Fofinha, eu tenho certeza que ele vai voltar – era o que dizia todo dia. 

Apesar de não ter tanta certeza disso, repetia a frase toda vez que a encontrava cabisbaixa, tentando convencer ela e também a si mesmo. No fundo sabia que ele e Namjoon eram dois teimosos, então aquela situação desagradável iria se estender por um tempo indeterminado. Detestava a ideia de ser o primeiro a correr atrás do prejuízo, até porque tinha certeza que seu irmão jamais faria aquilo.

O que mais o aborrecia em toda aquela confusão dramática era o fato de seu irmão ter colocado Sra. Kim sob a mira de sua fúria desacerbada. Logo ela, que apesar de uma condição financeira restrita, sempre deu seu jeito de não permitir que nada faltasse para os dois. Sem nenhuma ajuda monetária dos pais de ambos – por opção própria, diga-se de passagem –, proveu sempre todo o necessário: Comida, roupas e atividades de lazer.

Antes que se desse conta era sexta-feira novamente e, depois de inúmeras tentativas de comunicação com Namjoon frustradas, Taehyung decidiu convencer Sra. Kim a ir se distrair com o namorado.

Desta forma, no fim da tarde estava com Jimin em seu domicílio, ambos sentados na sala enquanto assistiam o noticiário das seis horas. Minnie estava deitado no chão, encarava o teto entediado, vez ou outra bufandoa sonoramente, na intenção de chamar a atenção do acastanhado.

– Não consigo acreditar que elegeram o Trump – reclamou Tae do sofá enquanto jogava o controle remoto para cima, rodopiando-o sem tirar os olhos da tela, concentrado na narrativa da repórter.

BELISÁRIO Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon