III

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A primeira festa que Louis foi depois de se mudar para a casa — mansão, na verdade — de Harry Styles tinha sido dentro da mesma, nos maiores salões do térreo, enfeitados em dourado e azul, feita especialmente para apresentar ele ao mundo.

Louis William, a nova maravilhosa descoberta do jovem herdeiro dos Styles, herdeiro este que tinha sido criado entre colégios internos e tutores apenas para se declarar livre aos dezesseis anos e começar uma maratona de artes, festas e drogas lícitas e ilícitas ao lado do elegante, sofisticado e completamente sem noção de perigo Zayn Malik, com Liam Payne se juntando a eles logo depois.

Foi a primeira vez que Louis tomou champanhe, e ele se lembrava de rir e chamar a bebida de fraca.

— Como assim fraca? — perguntara Harry, com os olhos brilhando.

— Está na cara que isso não foi inventado para te deixar bêbado! Eu venho de um mundo onde a coisa menos alcoólica te deixa tonto em um gole, mas definitivamente não tem um gosto tão bom quanto isso.

Também foi a primeira vez que ele recebeu tanta atenção na vida, e a primeira que usou cocaína, uma droga que era exclusiva dos ricos e que o deixou um pouco sem controle, falando mais alto que o normal e rindo demais.

Harry pareceu gostar. Quando a festa finalmente acabou os dois se encontraram no corredor, as pupilas dilatadas ao máximo e as respirações descompassadas, e o mais novo o prensou contra a parede, percorrendo seu pescoço com os lábios e a língua, fazendo-o arfar e gemer alto.

Quando acordou no dia seguinte, nu e exausto ao lado de seu jovem patrono, percebeu que a partir de então, aquela seria sua vida.

Agora eles estavam na milionésima festa, mais uma vez no enorme salão térreo da mansão Styles em Londres, com Louis bebendo champanhe ainda como se fosse água, mas para engolir o segundo comprimido de ecstasy da noite, já que o primeiro perdera efeito há mais de uma hora. Estava deprimido e com raiva, além de entediado, como sempre, e não sentia a menor excitação pela foda que Harry lhe daria mais tarde.

— Louis, cara, você está bem? — disse a voz de Liam em algum lugar à sua direita.

— Uhum. — respondeu, automaticamente. Mas Zayn surgiu à sua frente, como sempre vendo além do óbvio.

— Não, você não está. Harry disse que você surtou essa semana, aconteceu alguma coisa?

Ele sabia que podia contar o motivo de finalmente ter perdido o controle, mas sentia como se a morte da mãe — cujo funeral ele não tinha ido, sem coragem de ver o rosto de suas quatro irmãs mais novas que não tinham notícia dele há anos. — fosse uma coisa pessoal demais, que não deveria ser conhecida no mundo fantástico e falso que ele frequentava agora. A morte da única pessoa que ele "amava" era real demais para aquelas diáfanas pessoas ricas.

Escolheu massagear as têmporas e beber mais, ao invés disso.

— Eu estou cansado. Muito cansado, na verdade. Dele. Disso tudo. Pedi umas férias, um tempo fora do ar, mas ele quase me bateu e disse que não.

— Harry quase te bateu? O que diabos você fez? Ou disse? Ele estava sóbrio?

— Sim, ele estava. Eu disse exatamente isso, que estava cansado dele, queria um pouco de liberdade, pelo menos por um tempo.

— Will, você precisa de ajuda? Hazz estava lívido quando falou comigo, daquele jeito que ele fica quando está com muita raiva, mas não quer demonstrar.

Louis passou a mão pelos cabelos, sentindo a animação artificial da droga começar a fazer efeito.

— Não, eu vou me resolver com ele. Eu sempre resolvo, não é? — se puxou para fora do sofá e com um último sorriso deslizou para as mesas, pensando que o gosto suave e cremoso dos canapés poderia espantar o amargor em sua boca.

Horas mais tarde, quando foi praticamente arrastado por um sempre bem controlado Harry em direção ao quarto, ainda estava pensado se deveria fazer isso ou não. Podia ser como sempre, se desligar e aproveitar superficialmente aquele prazer vazio, ou fazer o que realmente queria, que era chutar Styles até que ele virasse um bolo de carne, e então atirá-lo pela janela.

Foi só quando sentiu suas calças serem deslizadas para fora que chegou à conclusão que não podia escolher nenhum dos dois caminhos, mas havia uma alternativa.

Empurrou o outro de cima de si e levantou da cama, ouvindo um resmungo irritado atrás de si.

— O que você está fazendo, querido?

— Já disse para não me chamar de querido. E eu estou dando o fora, não estou a fim.

— De onde veio essa palhaçada agora?

— Não é palhaçada nenhuma, não faça escândalo.

Harry se levantou atrás dele, o alcançando a passos rápidos e prensando suas costas contra a parede.

Isso trouxe memórias de três anos antes, da primeira vez que isso tinha acontecido, e de como ele tinha amado aquilo. Como ele tinha amado Harry. Como ainda amava. E lágrimas de raiva e profunda tristeza borbulharam no fundo de seus olhos azuis.

— Pare. Só, pare. — sussurrou, sem ar. O mais novo pareceu nem ouvi-lo, como sempre. — Harry! — soluçou. — Me deixe ir, agora!

— De novo isso? — rosnou, em resposta. — O que deu em você, hein? Eu fiz tudo o que você queria!

— Você está me matando! Eu estou aqui há três anos, e isso, — soluçou novamente — você, está m- me matando. Me deixe ir. — sussurrou, por fim.

Harry o apertou novamente, os dedos envolvendo a carne macia e dourada dos braços de Louis, mas sem tanta força.

— Você é meu, Louis, e eu pensei que sempre seria. — seu tom era obscuro, com notas de algo que poderia ser tristeza ou decepção.

— Não se pode ser dono dos outros, Harry. Você me fez te odiar, e odiar minha vida e odiar a mim mesmo, e se eu não parar vou acabar morto, porque já faz tempo que eu morri por dentro e eu preciso ir embora, eu não... não aguento mais. Você me transformou num boneco quebrado.

— Eu só quis te proteger, você sabe que mundo lá fora não foi feito para pessoas como você.

— Eu não sou de cristal, eu tenho um passado, eu sei me virar. — sentiu as mãos de Harry finalmente deslizarem para longe de si, deixando-o encostado à parede fria.

— Você realmente quer arriscar tudo por uma suposição cheia de orgulho e que está errada, Louis?

— Eu prefiro estar errado a viver para sempre à sua sombra, Harry.

Os olhos verdes de seu patrono queimaram os seus uma última vez antes de ele dar as costas e se dirigir à porta do quarto.

— Leve tudo o que quiser, não quero ser tachado de mesquinho depois. Mas deixe os quadros, quero me lembrar deles, não quero pensar que você foi um fantasma. Você foi importante, Louis, e essa decisão é sua, eu nunca deixaria você ir.

Quando a porta bateu fechada, Louis se deixou deslizar até o chão, abraçando seus joelhos enquanto encarava o chão com seus olhos secos.

Não tinha mais o que chorar, há muito tempo tinha derramado suas últimas lágrimas por Harry Styles.

♦♦♦
Notas: AI COMO EU AMO ESSE DIÁLOGO, aham, desculpa, me empolguei.
Esse capítulo foi escrito com White Rabbit na versão de Grace Potter & The Nocturnals, é uma música altamente foda, recomendo.
Obrigada pelos votos e comentários, amei saber que essa história já está legal mesmo com tão pouco postado.
Não esqueçam de votar e comentar mais ;)

xxx
Lua

Living In Your Shadow ♦ Artist!Louis L.S. AUWhere stories live. Discover now