XV

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Sete anos antes.

Quando o tempo estava bom, Louis fugia para os jardins enquanto Harry passava horas trancado no escritório tendo reuniões com as pessoas que administravam o dinheiro dele. Hoje o tempo estava ruim, então só restou ao pintor procurar uma janela que ficasse fora do caminho dos empregados e ficar olhando a chuva cair.

O sol já estava se pondo e Harry ainda não saíra, então Louis foi para o estúdio e continuou a trabalhar em uma tela que tinha começado aquela semana, retratando uma biblioteca com um teto de vidro e ouro. As luzes do crepúsculo se dissolveram sobre ele e sobre a tinta oleosa, até que não restou nada além das lâmpadas elétricas e o reflexo delas nas nuvens substituindo as estrelas, que nunca eram realmente visíveis em Londres. A mansão era sempre silenciosa, mas à noite ficava praticamente tétrica, e ele parou de olhar pela janela porque os jardins tinham se transformado numa massa de escuridão e o faziam se sentir só e desprotegido. Arrumou os objetos que tinha usado e estava se levantando quando a porta do cômodo se abriu, e Harry entrou.

Seu patrono estava vestido mais formalmente do que o normal para quando ficava em casa, então a primeira coisa que fez foi se jogar em um dos divãs espalhados pelo cômodo e desfazer o colarinho apertado, depois chutar os sapatos. Louis gravitou naturalmente em direção a ele, o ajudando a tirar as abotoaduras, e Harry lhe retribuiu com um beijo na bochecha.

— O que você aprontou hoje enquanto eu estava sendo torturado, baby? — ele perguntou, sorrindo de lado.

Louis riu, deitando a cabeça no colo dele.

— Andei pela casa até governanta me mandar sair do caminho. Terminei de pintar a tela da biblioteca.

— E o domo de vidro?

— Ficou bom, eu pintei o céu como se estivesse no por do sol, ao invés de azul, para destacar as vigas de ouro e ter mais luz.

— Muito bem. — Harry fechou os olhos, e Louis aproveitou para subir no divã junto com ele. — O que foi?

— Você quer uma massagem?

Styles levantou as sobrancelhas, erguendo as mãos automaticamente para envolver a cintura de Louis.

— Desde quando você sabe como fazer uma massagem?

Rindo, o pintor inclinou o pescoço e o beijou lentamente. Em momentos como aquele ele se esquecia de que Harry era o mais novo entre eles, e aproveitava o fato de, pela primeira vez na vida, experimentar uma sensação de desamparo positiva, onde ele não passava de uma pluma, uma criança feita de nuvens, um espírito dos ventos, que era mantido na terra pelo desejo de Harry.

— Tira a roupa. — disse, e recebeu uma gargalhada como resposta. — Eu 'tô, desculpa, estou falando sério!

— Eu sei, querido. — Harry desabotoou a camisa e as calças, e esperou que Louis saísse de cima dele para descartar as peças. Quando fez menção de voltar a se recostar, o pintor o puxou pela mão. — Só se você tirar também.

Louis se despiu rapidamente, mal percebendo os olhares de Harry para seu corpo, tão acostumado que estava. Puxou ele pela mão até uma parte do estúdio onde o chão era coberto por tecidos a fim de proteger o carpete da tinta. Se esticou e beijou o patrono na boca, o empurrando até que os dois estivessem deitados nos tecidos, que cheiravam a uma mistura de algodão e terebentina.

— Espera um pouco? — perguntou, fazendo seu melhor biquinho e olhando por baixo dos cílios, sabendo que era como ficava mais atraente.

Styles assentiu, e Louis correu para uma das estantes na parede oposta, de onde voltou com tintas e pincéis.

Living In Your Shadow ♦ Artist!Louis L.S. AUWhere stories live. Discover now