• Capítulo 23: Coragem •

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05.05

Elisa

O sol acalentou minha pele por minutos, me aquecendo de dentro para fora, como não fazia há um bom tempo. Não estava muito quente, e sim o bastante para ser agradável ficar exposta à luz direta. Logo um sopro fresco vindo da minha esquerda, me alcançou e abraçou com cuidado, como um pai embala a filha querida.

É primavera, a melhor época do ano. Eu estava sentada na calçada atrás do restaurante, observando minha mãe que admirava algo também, as flores vermelhas de uma árvore distante. Elas naquele instante adornavam aquele ser de um modo majestoso, criando cachos e mais cachos formados por amontoados de pétalas cor sangue que se misturavam com as folhas, de um verde vivo e escuro. Estas serviam para criar um belo contraste com a vermelhidão natural da planta, assim como seu tronco rugoso e grosso que se prolonga pelo que parece ser mais de dez metros. O flamboyant localizado na praça próxima a nós, é representação fiel do significado de seu nome, pois parece realmente estar em chamas.

Em breve a primavera terminará e o verão irá esquentar de vez a cidade. Eu não gosto muito do frio, parece que ele deixa tudo sem vida, basta o tempo esfriar e tudo fica automaticamente sem graça. No início do inverno, quando neva o suficiente para cobrir árvores e transformar estradas em tapetes esbranquiçados, eu nem ouso sair de casa, é deprimente e até perigoso.

Já quando a neve começa a derreter, me torno a pessoa mais bem humorada do bairro. Me atrevo até a sair usando bermudas, às vezes camisetas. A sensação proporcionada pelo impacto entre o ar frígido e o calor da estrela que já não está mais oculta no céu, é indescritível. E é o que me faz crer que estou de fato viva.

Amo a quentura amena, amo quando minha vista percorre pelas flores que parecem sorrir junto com o sol. Amo as paisagens coloridas que se tornam chamativas e agradáveis assim como devem ser.
Meu pai tinha o mesmo gosto, podendo passar horas sequenciais falando sem cansar, sobre como era encantador uma estação destinada para a floração e renovação de ciclos. Ele adorava nos levar para visitar os parques da cidade e olhar as plantas, antes acanhadas, renascendo com o início de uma nova fase. Flores desabrochando, o vento carregando pétalas para lá e pra cá, levando seus suaves aromas por todos os cantos.

Minha mãe dizia preferir a frieza invernal e os ambientes monocromáticos por causa da neve, mas ela parou de falar isso desde que ele se foi. E agora lá estava ela, observando a árvore e provavelmente pensando sobre como ele adoraria ter aquela visão.

Assim que o relógio em meu pulso marcou catorze horas, nós duas nos despedimos. Marisa precisava retornar ao trabalho, meu período já havia acabado. Não tem sido fácil conciliar emprego e colégio, algumas vezes mal consigo dormir por sete horas seguidas. Mas pelo menos a experiência está servindo como preparo para o próximo ano, e o salário me rende uma considerável reserva de dinheiro.

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