• Capítulo 7: Como a água flui •

12.5K 1.3K 1.2K
                                    

Elisa ficou em silêncio e com seus olhos fechados por um bom tempo depois de me ouvir

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Elisa ficou em silêncio e com seus olhos fechados por um bom tempo depois de me ouvir. Julguei que a mesma provavelmente tinha cochilado, então, não falei mais nada. Achei que seria legal dizer algo gentil e sincero para ela pelo menos uma vez na vida. E não havia problema algum nela saber daquilo. Eu acho. Afinal, não éramos mais tão desconhecidas uma para a outra.

Logo extensas nuvens cinzas foram surgindo e ocupando o céu, sinalizando que talvez chovesse e impedindo que a luz solar nos atingisse diretamente. Após isso, a garota saiu de seu transe e voltou seu olhar para mim. Não preciso nem citar o quanto eu estava ansiosa, expressar quaisquer resquícios sentimentais sempre foi algo muito difícil. E com ela, parecia ser mais ainda, era diferente.

Elisa sorriu após me encarar com seus olhos penetrantes.

— E eu me lembro de você sempre que aprecio o sol se pondo.

— Por que? — indaguei, curiosa para saber sua razão e também por não saber o que responder em relação aquilo.

— Quando os raios solares tocam seu cabelo, ele fica num tom alaranjado tão bonito quanto a cor do céu no fim do dia. E é por isso que me recordo de tu.

Ouvir aquilo mexeu um pouco comigo, sorri conforme a frase saía de sua boca e desviei meu olhar para cima, acompanhando a movimentação de algumas aves no céu. Passei também a mexer meus dedos sob a areia, sem saber o que dizer para quebrar a quietude entre nós.

A garota transparecia calma, ouvir minhas palavras e falar as dela pareceu ter sido bastante fácil. Ela tinha seus olhos novamente fechados.

— Eu gosto da sua companhia. — Ela ergueu-se e juntou suas pernas, abraçou-as e apoiou o rosto lateralmente sob seus joelhos, começando a me encarar.

Me senti desconfortável ao estar sendo observada completamente naquela posição e também me levantei. Fiquei olhando a paisagem a minha volta e dei um pequeno suspiro de frustração por não saber como agir. Eu nem deveria estar pensando nisso, sempre tentei ser do clube de pessoas que não se importam, embora nos últimos dias eu tenha falhado miseravelmente nisso.

— Acho que estou te deixando sem graça, não é? — falou, apoiando seu queixo no joelho direito.

— Só um pouquinho — revelei. — Mas eu também gosto muito da sua companhia, Elisa. — Por fim, falei. Foi como tirar um pequeno peso de minhas costas.

Mexi em meu cabelo e cocei algo invisível em minha nuca, tentando passar a imagem de alguém que não é nem um pouco paranoica e parecer relaxada.

— Fico feliz em saber disso — comentou, olhando em minha direção e dando uma piscadela. — Quer sair daqui e ir comigo até o supermercado onde minha mãe trabalha? Lá também tem um restaurante. Sempre como por lá.

Já passava do horário do almoço, e os roncos de minha barriga davam para ser escutados da minha casa, aposto.

— Isso é um convite para almoçar com você? — Sorri.

Garotas também gostam de garotas | ⚢Onde as histórias ganham vida. Descobre agora