• Capítulo 12: Fenômeno transcendental •

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Samantha Bishop beijou uma garota mais de uma vez e não foi só por curiosidade. Talvez eu esteja surtando um pouquinho com tudo que tem acontecido? Talvez.

Ontem nós éramos duas adolescentes cem por cento despreocupadas e decididas. As emoções em excesso me fizeram ficar plena o restante do tempo em que estive com Elisa. Culpar a TPM pode ser um pouco de covardia da minha parte, mas hoje cedo a ficha caiu diretamente na minha cara e doeu, doeu bastante.
Estar se descobrindo tem lados positivos e negativos para a maioria das pessoas.

Se desconstruir de todo um peso que o mundo põe em nossas costas quando nascemos, um peso chamado heterossexualidade compulsória, é difícil. Crescer se autorrotulando com uma determinada sexualidade e de repente ver que tudo não passou de um apagamento da sua própria identidade, é como não se reconhecer ao olhar para trás.

E em parte, é assim que me sinto. Quase irreconhecível.

Além disso, não sei como contar aos meus pais. Como falar que estou descobrindo e explorando minha sexualidade, se não sei se eles irão surtar ou simplesmente compreenderem que orientação sexual é algo fluido, e qualquer uma é válida?

Eu sempre fui o tipo de filha aberta, que conta e divide tudo com eles, encarar o fato de que talvez eu não possa falar sobre como me sinto com Elisa, é devastador. Não consegui parar de pensar nisso nem por um minuto após ela ir embora ontem.

Assim que nos beijamos e tudo em mim pareceu oscilar, nos sentamos no chão do quarto, encostadas na cama e começamos a conversar sobre alguns acontecimentos engraçados ano passado. Sobre as rasas vezes em que falávamos uma com a outra.

Não quis arriscar que alguém chegasse de repente e nos pegasse juntas daquela forma, que algum vizinho nos visse e depois começasse a espalhar aos quatro ventos. Esse com certeza não seria o melhor jeito de Claire e Peter saberem.

Considerando que meus pais ficariam pelo menos cerca de uma hora fora de casa, tivemos tempo suficiente para nos distrairmos. Descobri que ela sempre quis cursar jornalismo, que sua comida favorita é torta de brócolis com quinoa, o que é bem diferente do comum, já que a maioria dos adolescentes endeusam fast-food.
Descobri que sua série favorita é Doctor Who e sua casa de Hogwarts é a Corvinal. Ela não se opôs após saber que estava interessada em uma sonserina. Eu perdi a noção do tempo com nossa conversa, podendo facilmente passar o resto dos meus dias falando com Elisa sobre filmes, livros, teorias esquisitas, lembranças e qualquer outro assunto que nos viesse em mente.

Nós nos despedimos poucos minutos antes de minha família voltar, e com eles, voltarem minhas paranoias. Nosso programa noturno foi baseado em muitas novelas e pipoca doce. Hoje cedo fui acordada aos berros de Dakota, que possivelmente podiam ser ouvidos do outro lado da cidade. Ninfadora a presenteou com duas baratas de café da manhã, e digamos que minha irmã não é fã desses insetos. Quem precisa de despertador quando seus parentes já possuem essa função? Também não demorou para que algumas notícias ruins caíssem como bombas bem em cima de minha cabeça, eles nunca perdem tempo.

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