• Capítulo 3: O píer e uma mancha •

13.2K 1.5K 954
                                    

17

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

17.02


Eu salvei o contato de Elisa assim que cheguei em casa. Não vou mentir e fingir que não fiquei encarando a tela do celular enquanto refletia se mandava mensagem, porque fiz exatamente isso. E após cerca de duas horas, minha conclusão foi: Nenhuma. Não soube o que fazer, o que falar, então fiz absolutamente nada. Meu programa noturno foi simplesmente assistir "As branquelas" e rir até chorar, às vezes isso é tudo que alguém precisa.

Logo durante a manhã, levei Dakota à escola e saí para passear pelo bairro com a Ninfadora. O passeio teria sido ótimo se eu não tivesse encontrado o Vicent, que ficou o caminho todo falando sobre si próprio e tentando conseguir um pouco de atenção. Minha irmã costuma dizer que ele tem interesse em mim, e por isso a mãe dele fica o empurrando para minha pessoa. Vez ou outra o garoto insiste que eu deveria chamá-lo para sair, já que claramente ele não consegue ter atitude. E eu sou extremamente grata por isso.

Como Dakota só é liberada do colégio às treze horas, eu tive bastante tempo livre. O dia estava com um clima agradável, o céu não estava muito nublado, possuía poucas nuvens e raios solares não tão amenos. Era perfeito para caminhar pela praia rumo ao píer, ficar por lá por um bom tempo e pintar algo. Desejei  que algo me inspirasse durante o trajeto.
Levei comigo uma tela pequena para pintura, algumas tintas, pincéis, e claro, um lanche para beliscar. Quando saí, contemplei o mar tão calmo e convidativo, que quase deixei para ir ao píer depois. Pelo caminho pude admirar alguns ipês amarelos que enfeitam as casas antigas do quarteirão, troncos de coqueiros curvados em direção à areia como se saudassem o oceano, alguns adolescentes que andavam de skate pela avenida, esta ganhava espaço conforme me distanciava da rua onde moro.

Alguns barcos de pescadores circulando pela água e algumas crianças correndo pela orla também adentraram meu campo de visão. Isso me indicou que eu já estava por perto, pois aos arredores do píer há mais movimentação do que na parte mais esquecida da praia, repleta de rochedos.

Enquanto me aproximava, mentalmente implorando para que o local estivesse com o mínimo de pessoas possível, um cachorro vira-lata me alcançou e parou em minha frente. Estava nitidamente ofegante, sua pelagem preta reluzia e seus olhos pretos brilhavam. Ele aparentou ter decidido fazer uma pausa e descansar com sua língua para fora bem no meio do meu percurso. E é óbvio que eu não desperdiçaria aquela oportunidade, prontamente me agachei, começando a afagar sua cabeça e grandes orelhas.

— O que esse meninão tá fazendo aqui sozinho? —  perguntei retoricamente, ainda acariciando-o. Tive como resposta uma sequência de latidos e uma lambida em meu antebraço direito.

— Sirius! Não corra para tão longe! — ouvi alguém dizer atrás de mim. — Me desculpe, ele te incomodou?

Assim que levantei e olhei para trás, dei de cara com Elisa, que olhou-me claramente espantada. Novamente. Não é possível que seja tudo coincidência, ou isso é uma conspiração do universo, que por sinal deve estar bem desocupado, ou estou sendo perseguida, ou talvez ela realmente tenha começado a gostar bastante daqui ao ponto de vir todos os dias.

Garotas também gostam de garotas | ⚢Onde as histórias ganham vida. Descobre agora