• Capítulo 18: O resto das estrelas •

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Eu dirigi sem pressa, com as mãos firmes no volante e o olhar fixo na estrada, apenas apreciando o começo alaranjado do pôr do sol e sentindo o vento fresco que entrava pelas janelas semiabertas

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Eu dirigi sem pressa, com as mãos firmes no volante e o olhar fixo na estrada, apenas apreciando o começo alaranjado do pôr do sol e sentindo o vento fresco que entrava pelas janelas semiabertas. Estávamos passando por uma avenida rente a um penhasco quando Elisa ligou o rádio e trocou várias vezes de estação, até parar em uma que tocava Full moon. Ela já havia desistido das músicas do meu celular.

Nós conseguíamos escutar o estrondo das ondas batendo contra os rochedos tão escuros quanto ébano. O aroma da água salgada se misturava com o da floresta de coníferas localizada ao lado direito, me fazendo querer nunca mais sair dali. Eu sempre amei esses cheiros, agora também amava como aquela música se encaixava bem naquele momento e como a vida parecia mais fácil. Nada de pensamentos fixos em minhas atividades escolares que parecem se multiplicar a cada tarefa feita, nenhuma pergunta vinda de Esme e referente a garotos, apenas nós duas cantarolando e nos divertindo. Vez ou outra ela colocava a cabeça para fora da janela para sentir a pressão do vento em seu rosto.  Ah, eu também gostava de como suas madeixas se moviam conforme este.

Descíamos a estrada e nos aproximávamos da área praiana deserta, que se escondia atrás dos tantos pinheiros, assim que obtive minha resposta sobre onde nos estabeleceríamos. Tive a ideia de ficarmos por lá, dirigi até alcançarmos um espaço plano apto para estacionar. As faixas de areia clara da praia são repletas de pequenas conchas coloridas e alguns coqueiros majestosos ornamentam a paisagem.

— Juro que se eu soubesse que pararíamos aqui, teria pedido para trazer alguma roupa adequada — comentei, enquanto pegava minha mochila no banco traseiro.

— Tudo bem, isso não é um problema.

Assim que fechei a porta e procurei localizá-la com meu olhar, avistei-a tirando apressadamente seus tênis e me encarando com uma expressão divertida.

— Vai ficar só olhando?

As mãos ágeis de Elisa logo passaram a retirar sua camisa e seguidamente o short que usava, deixando à mostra suas peças íntimas de cor vermelha e suas curvas marcadas, que acompanhavam um sorriso bobo. Apesar de ainda não saber como me identificar como me sinto, sabia que já era impossível confundir as sensações que eu experimentava só ao observá-la. Mesmo não tendo conhecimento de quando a mesma começou a nutrir esse tipo de sentimento por mim, confesso também não saber quando comecei a me encantar por ela.

Em questão de segundos, fiz o mesmo, e de modo desengonçado, corremos em direção à vastidão cristalina. Nossos corpos se chocaram contra a água fria e nos perdemos naquele mar gigantesco, nos distraindo entre mergulhos e brincadeiras, até o sol começar a se esconder no horizonte.

Sentir as ondas fracas me levando enquanto boiamos e admiramos o céu de cores oscilantes foi como relembrar a infância. E relembrá-la me causa uma sensação parecida com a que sinto no dia de Ação de Graças, ao comer os famosos cookies da vó Charlotte com uma generosa caneca de chocolate quente. Parecida com o que senti após aprender a andar de bicicleta aos treze anos, depois de finalmente ter deixado de lado o medo de cair.

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