• Capítulo 14: Rosas e algumas dores •

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26.02

Me pergunto se meus pais seriam tão receptivos caso soubessem quem Elisa é. Se simplesmente soubessem que ela já esteve várias vezes em nossa casa e que tínhamos nos beijado mais de uma vez.

Olhei de relance para a garota ao lado, seu cabelo estava preso em um coque bem feito e seu corpo estava relaxado. Segurava uma caneta de tinta preta que balançava entre seus dedos, aparentava estar focada como sempre. Logo voltei a encarar a lousa que estava repleta de cálculos matemáticos, e de forma nada inesperada, não consegui compreender o que estava escrito. Nem poderia ser diferente, já que eu não havia prestado atenção na explicação e estávamos quase no final da segunda aula.

Ainda pensava sobre as mensagens que recebi e que me fizeram dormir sorrindo, mergulhando em pensamentos sobre o que teria acontecido caso tivesse aceitado aquele convite. Talvez tivéssemos nos aproximado muito antes das férias começarem, talvez fôssemos mais do que acho que somos hoje. Fiquei tão desestruturada com o que Elisa me contou, que eu não soube como responder e apenas mandei um gif de um personagem aleatório com uma expressão facial de surpresa, pois nada me definia tanto quanto aquilo. Maya tinha razão quando me disse que sou péssima em corresponder flertes, e ainda pior em não saber como reagir diante de uma pessoa tão direta quanto Elisa.

- Estudar matemática é tão chato assim, Bishop? - a professora perguntou, ao voltar seu olhar para mim e notar o tédio que me circundava.

Fiquei estatística por alguns segundos, minha mente tentava processar o que ouvi e meu corpo fez o possível para que eu não entrasse em absoluto desespero.

- Não... me desculpe, só não estou muito bem hoje - revelei, tentando parecer verossímil.

Alícia aparentava me analisar com cautela, como se desse para descobrir se alguém está bem ou mal apenas olhando o visível. Seu cabelo longo castanho chegava até sua cintura fina, na qual sua mão estava apoiada; seus olhos escuros e fundos me fitaram fixamente. Notei o olhar de Elisa voltado para mim e senti meu rosto queimar quando percebi que parte da turma me encarava em silêncio também. O que eles esperavam? Que eu dissesse que a matéria era terrível?

Até poderia dizer isso, não seria uma mentira. Mas adolescentes podem ter muitos problemas que vão além de assuntos escolares.

Hoje, Peter e Claire saíram bem cedo com a Dakota, aparentemente ela não teve aula e queria acompanhá-los ao Centro. Acordei com o barulho estridente do despertador, um bilhete em cima da cômoda e uma surpresa desanimadora chamada menstruação. Só essa visita inesperada já torna meus dias embaraçosos o suficiente. Durante esse período, eu costumo ou ficar extremamente incompetente e com vontade de exterminar qualquer pessoa que respire perto de mim; ou fico bastante produtiva e me sentindo capaz de construir sozinha um prédio de dez andares.
A única coisa decente que fiz desde que cheguei ao colégio, foi falar com Isadora sobre o trabalho de biologia. Encarecidamente entreguei a ela a responsabilidade de encontrar mais dois integrantes para nosso grupo. Também acompanhei Isaac e Elisa que desejavam ir até à biblioteca do colégio.

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