• Capítulo 32: Coração cheio •

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10.06

Eu estou exausta e cada um dos meus neurônios está prestes a deixar de funcionar. Elisa, que anda ao meu lado, parece estar em uma situação pior que a minha. É terça-feira e apesar de terem nos liberado cedo da escola, isso não mudou nada para nós duas. Passamos mais da metade da manhã sendo bombardeadas com informações, discursos e reclamações dos professores. E mais uma vez eles nos lembraram da reunião que acontecerá amanhã e de como precisamos levar a sério nossos planos de carreira. Foram horas a fio explicando cada detalhe do plano e tirando dúvidas dos estudantes sobre chances de bolsas de estudo, rumores sobre as universidades, níveis de competitividade e como funcionam os exames de admissão.

Além desse amontoado de informações jogadas na minha mente, ainda tive que ouvir o orientador de química sugerindo que eu estudasse mais porque por pouquíssimo eu não fiquei devendo nota. Após eu me corroer por dentro por não ser capaz de compreender a matéria, e talvez ter desejado pular pela janela da sala, eu e Elisa nos separamos e fomos aos nossos devidos clubes, onde passamos mais cinco horas do nosso dia. Eu tenho treinado arduamente desde que voltei da viagem com minha namorada, e apesar da treinadora nos dar dias de descanso, estou um pouco desacostumada com rotinas de treino para uma competição. Ter Elisa me fazendo companhia após os treinos funciona como uma ótima motivação para concluí-los a tempo. Como ambas estamos treinando nos mesmos dias e quase sempre nos mesmos horários, temos saído juntas do colégio com frequência.

Desde que seu treinador a colocou na posição de oposto no time de voleibol, ela tem se dedicado de uma forma descomunal. Hoje está especialmente linda, linda e com o físico esgotado. Gostaria de poder retirar um pouco de seu cansaço com minhas mãos e jogá-lo fora, mas como isso é impossível, lhe sugeri que fôssemos para minha casa para que eu pudesse cuidar melhor dela.

— O que acha de um picolé ou sorvete? Algo gelado vai nos ajudar a relaxar — falei, ao indicar a sorveteria que estava logo à frente.

— É uma ideia maravilhosa, depois vamos direto para sua casa?

— Isso aí — segurei sua mão esquerda e entrelacei nossos dedos. — Podemos passar umas boas horas descansando, talvez não esteja tão silencioso porque Dakota disse que traria algumas amigas da escola para fazerem um trabalho, mas dentro do meu quarto não dá para ouvir muita coisa de fora.

Elisa sorriu e deu um beijo suave no meu ombro antes de entrarmos na sorveteria. Pegamos dois sorvetes de pistache com duas bolas cada e alguns picolés de baunilha e chocolate para as meninas. A tarde estava muito bonita e, apesar do cansaço, eu me sentia tão animada. As ruas estavam cheias de pessoas com suas sacolas de compras e animais de estimação, cada uma vivendo no seu próprio universo. Estávamos cercadas por dezenas de lojas que fervilhavam, com portas abrindo e fechando, com gente entrando e saindo o tempo todo. Pequenas árvores frutíferas decoram o ambiente já extremamente colorido pelas fachadas dos estabelecimentos, e eu conseguia sentir o aroma de pãezinhos de chocolate vindo da confeitaria francesa do outro lado. O céu estava aberto em um tom de azul que seria difícil de alcançar misturando tintas. Muitas nuvens se desmanchavam nele, enchendo os meus olhos, e a mão de Elisa encostada na minha enchia meu coração.

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