prólogo

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Thalassa Makaela era uma rastreadora de relíquias foda pra caralho. Isso era o que ela dizia a si mesma sempre que encontrava um novo artefato em suas aventuras marítimas. De objetos amaldiçoados à simples amuletos, a feérica era capaz de encontrar todos. Ninguém, nem mesmo ela, entendia como a jovem era capaz de encontrar tantos tesouros em suas viagens, alguns acreditavam que ela era uma antiga feiticeira outros tinham suas crenças em que a moça fez um pacto com forças malignas à muito extintas. Todos tolos. A garota apenas sentia, seguia seu instinto e simples assim conseguia encontrava raridades inimagináveis. Dessa vez não foi diferente.

Como capitã do Nostradamus, uma das melhores embarcações de toda Prythian, a jovem tem acesso a lugares remotos e esquecidos pela Mãe. Era fácil a vida no mar para quem não se apegava a origens, uma zona sem leis, sem Grãos-Senhores, literalmente a terra de ninguém.

Estava saindo de Nauril, um pequeno vilarejo portuário ao Sul da Corte Estival, para voltar a Corte Diurna quando sentiu as ondas ondualarem com intensidade questionável, ela sabia o que aquilo significava, olhando para o sul percebeu nuvens armadas prontas para despejar sua ira em forma de chuva sobre os burros que se arriscarião naquela direção. Bem, naquele momento Thalassa era um dos burros.

— Hey Trovard, mudança de planos, nós estamos indo para o sul, pegue o caminho da Tríplice das Nereides, diretamente para o olho da tempestade. — O olhar que recebeu de seu imediato não foi nem um pouco assustado, afinal toda tripulação estava acostumada as ideias mirabolantes da Capitã.

A descarga de adrenalina que apossou-se no corpo esbelto da jovem foi a mais intensa que já havia sentido, como se o que seja lá o que tivesse sob a tempestade à desafiasse a ir em frente e desvendar seus mistérios. Tudo isso só aumentou quando quando a enorme embarcação se encaminhou na direção da galinha dos ovos de ouro. De seu lugar no deque ela conseguia ver que o único ponto escuro no céu era aquele que a atraía, o resto estava brilhando em seu azul-céu típico do verão.

Helion provavelmente iria ficar irado com mais um atraso da garota, mas logo que ela entregasse uma caixa de seu licor favorito, o Sangue de Fursona, ele esqueceria mais esse contratempo e voltaria a falar o quanto sentiu falta dela nos dois meses que passou fora. Era sempre assim, ela se atrasava, ele tentava dar um sermão, ela o bajulava, ele esquecia tudo e começa a perguntar das peripécias da jovem pirata.

Quanto mais perto estava de seu destino mais escuro o céu se tornava mas nenhuma gota d'água caiu das pesadas nuvens, três dias de revezamento no leme depois o Nostradamus estava poucas milhas de distância do grande prêmio. Suas noites haviam sido agitadas na ansiedade de descobrir o que era aquilo que soava tão atraente a ganância da capitã. Makaela já estava vestida em seus trajes de mergulho, um macacão de mangas longas e luvas em delicado couro tiberiano que agia como uma segunda cama de pele com o adicional de sapatilhas feitas especialmente para nadar em grandes profundidades no mar, e isso sem contar do dispositivo que havia mandado fazer junto dos óculos de proteção para ter oxigênio extra embaixo do oceano.

Assim que sentiu a intensidade do puxão aumentar, a moçoila reparou que as nuvens obscuras estavam ficando para trás e o sol de verão se fazia presente novamente. Thalassa se deu conta que tudo era efeito colateral de algum tipo de feitiço de proteção, o que quer que fosse aquela coisa era poderosa o suficiente para afastar os curiosos.

— Eu vou parar por aqui, as águas a frente são profundas demais para ancorar sem riscos, você tem 40 minutos para encontrar seu tesouro antes do seu oxigênio acabar então sugiro que você se apresse fedelha, se sentir que seu ar estar acabando e que não vai conseguir subir a tempo você sabe que deve me contatar imediatamente e eu irei até você, se não me contatar nesse tempo eu irei do mesmo jeito — esse era o temperamento de Trovard, rápido e ríspido, mas isso não significava que o cara não prestasse, se opondo a isso, ele era um dos homens mais honrados  e confiáveis que Makaela já havia conhecido em sua breve existência.

Corte de Sombras e Marés Where stories live. Discover now