capítulo 16

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acho que isso não vai ser como a maioria de vocês esperam...

  

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—–— one misstep, you're mine
and you better stay clever if you wanna survive
once you cross the line
you'll be wishing you would listen when you meet your demise








Thalassa novamente não pregou os olhos de noite, o que já era considerado rotina — mas dessa vez a insônia era devida a ansiedade —, fazia mais de um ano que não mergulhava em busca de algo que apenas ela sentia e a ideia de fazer aquilo novamente a deixava radiante. Da última vez que mergulhou as coisas foram terrivelmente ruins embora o que encontrou valesse a pena o risco de morte; levando aquilo em consideração ela tinha a certeza de que Trovard seria relutante em colaborar para o mergulho da Capitã e foi por isso que assim que ela viu que o macho já havia acordado saiu em busca dele nem se dando ao trabalho de tirar sua camisola; apenas jogando o robe de seda por cima.
Ao passar pela cozinha pode ver Serena ajudando Koko e Novus a colocarem a mesa, Novus sendo o velho ranzinza  não perdeu a chance de implicar com Thalassa.
— Vá colocar uma calça garota, ninguém é obrigado a ver suas pernas magras a essa hora da manhã — um empurrãozinho foi feito em seu ombro pelo marido.

Ignorando o comentário do mais velho pois sabia que era apenas implicância infantil, Makaela observou quando Serena apontou para o teto com um olhar que aparentava seriedade murmurando "ele está lá em cima". Sem mais delongas seguiu até o deque principal a procura do imediato; ao longe podia ouvir o Círculo Íntimo começando a despertar e a última coisa que queria era lidar com eles naquele dia porque mesmo que seu problema fosse com a atitude das Archeron's e a boca maldita de Azriel, ela sabia que eles possuíam o hábito de pegar a dor um do outro. Eles poderiam ter muitas qualidades mas certamente a proteção excessiva não era uma delas, não naquele momento ou ocasião. Mesmo com os desentendimentos com a Capitã, ela se sentia feliz ao ver que não havia conflitos entre sua tripulação e seus visitantes — exceto por Cassian que sempre demonstrava certo desconforto e receio perto de Darwin, mesmo que tentasse ao máximo ocultar tal coisa não passou despercebida pelos olhos aguçados da Capitã; seu padrinho e Aleksander  já sendo familiarizados com o Nostradamus dava um ar de normalidade a tudo.

Em seu peito aquele sentimento pulsante ainda gritava, chamando-a como o cantar do mais belos dos pássaros… mas algo estava diferente dessa vez. Sendo uma rastreador a foda para caralho, a Capitã do Nostradamus conseguia distinguir até mesmo a natureza de cada objeto; se ele havia sido criado com premissas ruins como maldições e feitiços malignos ou para objetivos bondosos como proteção e cura, ela sempre conseguia discernir. No entanto, naquela ocasião as coisas pareciam confusas, algo desordenado onde Thalassa não conseguia discriminar as raízes intrincadas de seja lá o que aquilo fosse — certamente havia algo bom ali, mas de repente uma perversidade desumana que beirava o ilógico circundava tudo que era bom.

Quando seus pés alcançaram o deque principal ela pode avistar Derwin olhando o horizonte — ela sabia que ele estava acordado há horas e às vezes até parecia que não sabia o que era dormir —, o macho de cabelos albinos virou para ela assim que sentiu a aproximação e abriu um sorriso malicioso que sempre dava impressão de que sabia mais que todo mundo ali. Ignorou o macho da Corte Invernal e olhando ao redor viu que Trovard estava na área do timão prestes a girá-lo. Merda, aquilo teria que ser mais rápido do que esperava.

— Ei, ei, ei, não há nada para mexer aí. Pode deixar do jeito que está. — Comentou assim que chegou nas escadas do leme.

— Mas a rota mudou e estamos indo a noroeste, iremos pegar algum atalho? — As sobrancelhas grossas se arquearam dando um ar ainda mais amedrontador ao macho.

Corte de Sombras e Marés Where stories live. Discover now