capítulo 01

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——— you build me up like building blocks just so you can bring me down

if you dangle that diploma and I dead you, don't be surprised

A cabine da capitã do Nostradamus, Thalassa Makaela, estava uma bagunça, sua cama cheirava a álcool e sexo, a cabine que era espaçosa se encontrava abafada pela mistura de odores. Ainda haviam fileiras de raízes trituradas de Zotus¹ sobre sua mesa de estudos, seu tom de verde pastel brilhando na penumbra do quarto, o aroma doce das cigarrilhas de Oscire² ainda imoregnava os lençóis da cama da garota, mas não foi nada disso que a fez despertar. E sim os berros desafinados e as bruscas batidas na porta, o responsável era o fedelho raquítico que cuidava da organização dos quartos e cabines da embarcação. Com os seus 15 anos completos e todos seus 47 quilos de puro osso, o garoto sabia ser um pé no saco quando queria, Cyrus era filho de seu imediato, quem provavelmente foi resolver algo na cidade. Thalassa se sentia responsável pelo garoto assim como toda a tripulação por ele ser o mais novo, mesmo irritantemente barulhento a jovem não podia negar que o tinha em grande estima. 

— Capitã por favor levante, tem um servo do Grão-Senhor que deseja falar com a senhora. — O fedelho não parava com o toc toc inferdernal na porta dificultando sua função em ignorar tudo ao seu redor. Sabia que o Grão-Senhor em questão era Helion, podía deixá-lo esperando ao menos pelo tempo de um banho rápido, seu cheiro estava forte demais para ser ignorado por qualquer feérico com um olfato que funcione. 

Se levantou da cama enorme onde havia sido adorada por dois feéricos durante toda a noite e agora com o sol nascendo se encontrava vazia. No fim das contas nenhum deles estava disposto a amanhecer ao seu lado. 

O sorriso foi inevitável ao caminhar para o banheiro e sentir todo o corpo dolorido pelos tapas da enorme mão do macho na noite anterior, e se tornou ainda maior ao se recordar da pequena feérica de pele lilás com a habilidoso boca entre suas pernas. Decidiu ignorar toda noite anterior, a última coisa que seu padrinho precisava era sentir o cheiro de sua excitação e assim se enfiou na banheira grande o suficiente para dois que já estava aquecida. Os feitiços que Helion usou para melhorar seu navio ainda a encantavam, desde a água sempre aquecida das banheiras até as barreiras de proteção que rodeavam a embarcação em alto mar, todos mimos do Grão-Senhor. 

Após ficar na banheira cheia do seu sabonete favorito o suficiente para desinfetar o cheiro de sexo, a garota se vestiu da forma mais simples possível sem parecer desarrumada. Nada de espartilhos naquele dia, seu corpo doía demais para ter sua cintura comprimida. A blusa de flanela branca estava sob um colete vinho e enfiada dentro da calça verde musgo, fez um coque no cabelo para que ele coubesse dentro do tricórnio já que não havia tempo de trançá-lo. Calçando as botas que iam até os joelhos, ela colocou os anéis nos dedos e uma argola no nariz com uma corrente que se ligava a orelha. Não se esquecendo de prender sua machadinha no cinto e uma adaga a bota esquerda ela finalmente saiu da cabine. 

A primeira coisa que sentiu foi a do mar brisa que se impregnou em seu nariz, ela amava aquele vento em seu rosto. Respirando fundo o seu cheiro favorito ela recebeu os raios solares em seu rosto fazendo o máximo para aproveitar a primeira luz da manhã, antes que tivesse a chance um macho intrometido pigarreou. Ela sabia quem era. 

— Posso saber o motivo da sua presença no meu barco às... — olhou para o sol tentando se situar no horário — sete da manhã no meu dia de folga, Aslan? 

— O Grão-Senhor exige sua presença no Palácio imediatamente! Estou aqui para levá-la até ele. — Ela sabia que Helion não estava exigindo sua presença, ele nunca exigia quando o assunto era Thalassa, mas sua paciência não estava tão grande aquele dia para retrucar o macho estúpido. Já seguindo para a baía, a jovem não esperou o macho segui-la. 

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